sábado, 15 de outubro de 2016

A PROPÓSITO DE ANTÓNIO GUTERRES
Faz 15 anos que o partido do então PM perdeu as eleições autárquicas, um estoiro com imenso fragor. Deixou nessa noite a política nacional. Foi tratar da vidinha.
A frase - ..."com inteira lucidez devo reconhecer que se nada fizesse o País cairia num pântano político" ficou célebre. A única particularidade, é que o País já estava há muito num pântano, não iria cair num.
Anda presentemente no ar e nos media um grande e generalizado contentamento pela nomeação de AG para SG da ONU.
Como português, fiquei satisfeito que o tivesse conseguido. Sinceramente. 
Não sou daqueles que só fica satisfeito se a criatura for da cor. 
Durão Barroso nunca me foi simpático, bem pelo contrário e, além disso, a sua indigitação para a Comissão da UE foi tudo menos clara. Terá sido apadrinhado, terá havido muita escuridão por trás da coisa. Mas um português esteve na comissão.
Não falo do papel que desempenhou em dez anos. Menos ainda do presente.
Voltando a AG, indiscutível para mim que é intelectualmente um homem brilhante. Além disso ele ganhou de forma escorreita e esmagadora o processo que se desenrolou para designação do próximo SG. 
Mas não há só isso. 
Eu sei que é costume nacional, e não só, em certas alturas da vida, varrer-se para debaixo do tapete a parte má.
Mas eu não esqueço.
Não esqueço o que ele fez e sobretudo o que fez mal e também o que não fez. Ele, como muitos outros de todos os partidos com assento na casa da democracia.
Alguns até têm agora a lata de dizer que ele - ....."nem abandonou vergonhosamente um cargo para que tinha sido, pouco antes, eleito pelos portugueses"!
Ah pois não, pirou-se para tratar da vidinha, considerando que isto estava um pré-pântano. Para o qual nada contribuiu, claro!
É que, se quem provocou quem criou o monstro que nos consome foi de facto o eleitorado, a realidade é que houve muitos e que agora continuam nessa senda, que mentiram e desbarataram, e enganaram. E esconderam. AG foi nisso muito hábil.
1995 é uma data chave. PR, AR, PM, tudo na mão socialista.
Esconderam e prosseguiram, o que no fim de 1995 já era evidente.
António Guterres mostrou bem o que é, também, para lá de um homem brilhante no plano intelectual.
Sempre tratou da vidinha, entre conspirações de sótão, punhaladas nas costas de camaradas de partidos, ou a ministros que souberam que o não seriam mais quase à moda de Salazar. 
Ah, internacional socialista.  
AC

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