terça-feira, 3 de abril de 2018

Como evitar novos Felicianos & companhia quase ilimitada
O jornalista Luís Rosa, não há muitos dias, escreveu um artigo com o título supra.

Pois eu considero que não se consegue evitar. Ou é quase uma impossibilidade.
Porquê?
Porque a postura que rapidamente foi montada a partir de 1980 está completamente entranhada no tecido nacional.
> Não existem pessoas intelectualmente honestas? 
Claro, e são muitas, quer civis quer militares das forças armadas.
> Não existem catedráticos e investigadores com muita qualidade?
Sim, e muitos. 
> Não existem políticos intelectualmente honestos?
Sim, vários.
Qual o problema então? 

"Porque dizes que não se consegue evitar novos Felicianos e companhia ilimitada?
Porque, exactamente como refere o jornalista, "a companhia é quase ilimitada". E como 
estamos como estamos. Muito mal, e cada vez piores. 
Sementes péssimas foram deitadas "à terra", por vários e particularmente por gente vingativa do antanho, por gente que começou logo a roubar, que decidiu que agora Portugal é meu!.
Vejamos.
Deu-se o 25 de Abril.
O que aconteceu a partir do final de 1976 ?

Parecia que ia haver uma vassourada sobre poucas vergonhas gerais, as do PREC, estruturais, administrativas, legislativas, económicas, financeiras, culturais, etc.
Mas não. 
Uns certos donos disto tudo, muito endeusados por vários (não deve ser esquecido o que de bom fizeram, mas também não esquecer que trataram logo de organizar a vidinha própria, e dos seus familiares e correligionários) lançaram as sementes da podridão que vem alastrando, há décadas. Será por isso que algumas manifestam hoje preocupação, se se continuar a investigar, a procurar a porcaria que por aí anda?

Alguns recordam e creio que com justiça, os vários "Felicianos", Sócrates,  Abílio Curto, Carlos Melancia, Relvas, Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima, os inqualificáveis «Jacintos Leitos Capelos Regos», os lutadores pelos submarinos (quer os que nos planos jurídico e comerciais ganharam, quer os que perderam), Orlando Figueira, Rui Rangel, Ricardo Espírito Santo e tropa associada, Zeinal Bava, Henrique Granadeiro (que basicamente começou em chefe da casa civil de Eanes), mas também muitos outros que são muito mais do que as mães (podem continuar com Ângelo Correia, Armando Vara, Santos Ferreira, Carlos César, Lacerda, etc).

Mas indo concretamente a Feliciano, vinha eu outro dia de viagem, estava a dar na TSF a entrevista a esse senhor na sequência da sua "resignação", que ouvi no rádio do carro, o melhor que consegui.
Talvez por vir a conduzir e estar com extrema atenção à estrada e ao piso muito molhado, posso ter-me abstraído algumas vezes, mas creio ter percebido que o senhor disse ter feito tudo direitinho, alterações de moradas no exacto tempo certo, indicação sempre da morada verdadeira, não recebeu nada a mais, Berkeley terá esclarecido que ele está cheio de razão e, portanto, ficou-me e ainda hoje persiste a seguinte dúvida global: porque pediu então esclarecimentos aos serviços da AR e ao seu presidente, porque diz que fará todos os acertos que houver a fazer quanto a ajudas, porque não quer dizer nada mais sobre a documentação de uma tal Dra lá de Berkeley, porque raio se demitiu então, se tudo foi sempre feito tão escrupulosamente direitinho? Foi tudo mas tudo feito!!

O jornalista da TSF, que tenho na conta de estar bem acima da mediocridade geral dos seus colegas, podia ter apertado mais com o homem. Por exemplo, lembrando-lhe o pormenor do cartão do cidadão e, obviamente, atirando-lhe com violência à cara que ele escolheu indicar uma dada morada para efectivamente receber certas ajudas. Mas a desfaçatez da criatura está há muito bem evidente. Tal como a categoria de certos júris. JÚRIS???


Claro que, provavelmente, Feliciano joga com a pouca vergonha generalizada existente na AR, quanto a ajudas, moradas, estado civil, financiamentos, etc, que se calhar existe até no seio da tal comissão de ética que andará a estudar a transparência na AR
Uma rematada ausência de vergonha na cara de quase todos os senhores deputados e deputadas e, por isso, há anos que ora foram as viagens fantasmas, ora depois questões de financiamentos........etc, etc..
Transparência, exposição pública, honradez, honestidade intelectual, coerência, tudo coisas que não existem nos dicionários em S.Bento.

E quanto a esta coisa dos títulos académicos, dos CV, dos mestrados, dos doutoramentos de imensa gentinha que por aí anda, tendo a jusante as equivalências discutíveis, os créditos à primeira vista mais do que inconcebíveis, tudo acontece há anos designadamente pela promiscuidade entre os que saltam da privada para o público e vice-versa, que saltam de cargos públicos para lugares a ganhar bom dinheiro e vice -versa, e porque os partidos nunca verdadeiramente se preocuparam em ter atenção nas escolhas. Convêm-lhes muito esta PORCARIA, este banditismo.
Mandam as lojas, as negociatas, o emprego para familiares e para os amigos (aos outros aplique-se a lei).
Quem quiser perceber bem estas coisas, tem de se esforçar um bocado mais, e tentar descobrir, por exemplo, também o rasto de muitos e muitas que se acoitaram na administração pública, no sistema educativo, que se especializaram em turbo professores, descobrir quem ajudou mais à multiplicação de certos estabelecimentos de ensino (???) e como não são fiscalizados, como foram parar ao MP certas criaturas, porque quase não se tocou na magistratura em 1974, etc. GPS, "ring a bell?"
Ah, e já fizeram contas a ver os que em certos locais dão créditos, equivalências, ou se constituem em júri de novos mestres e Drs?
Ou já contaram os "doutores" actuais que assim se tornaram de uma penada porque lhes caiu o 25 ABRIL em cima, e entre 74 e 77 foi um ver se te avias?? 
Pois, nada acontece por acaso. NADA.
AC

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