domingo, 23 de junho de 2019

40  ANOS  de  SNS
Nota Prévia 
Não sou especialista nem em saúde, nem no SNS, nem na legislação pertinente.
Quando casei, se do meu lado havia dois médicos na família (primos direitos da minha mãe), pelo casamento, entre 1º e 2º graus passei a ter na família 18 médicos pois, do lado da minha mulher, concretamente os familiares ligados aos meus sogros, todos tinham filharada abundante e em que muitos se atiraram em Coimbra para o curso de medicina. Dantes não havia "números clausus" para medicina.

1. Não sou especialista como digo, mas nesta fase da vida e concretamente desde Dezembro de 2008, sei bem o que é, o Hospital de Cascais (actual e o antigo), Hospital de Sta Maria, Hospital dos Capuchos, Hospital de Castelo Branco, Hospital da Ordem Terceira, Hospital do Montijo (desaparecido) Hospital de S.José, Hospital de Setúbal, Hospital da Cuf (Infante Santo e Parque das Nações), Hospital da Luz, Hospital Lusíadas, e Centros de Saúde (apetece-me continuar a chamar assim) do Montijo, Alcochete, Parede, Idanha-a-Nova.
Através de experiências amargas de uma tia que vive em Faro, tenho uma certa percepção do que é o Hospital de Faro.
Tenho experiência (no passado já aqui elogiei por mais de uma vez) quanto ao INEM, e também quanto à linha de Saúde 24.
No presente, tenho duas sobrinhas em que uma é já médica e está a trabalhar há um ano na frequência da futura especialidade, e outra passou para o 6º ano.
Acresce, que tenho uma prima que é enfermeira na Beira-Alta, o marido é também enfermeiro, e uma cunhada enfermeira na zona de Setúbal muito ligada a assuntos/ exames na área de cardiologia. 
Por último, a juntar ao que está supra, entre os amigos mais chegados, amigos mesmo, tenho dois médicos, clínica sempre privada, e assim também por via deles, tenho uma imagem que penso razoável sobre o que se está a passar em Portugal, quanto a recursos humanos e financeiros, quanto a infra-estruturas, e quanto a burocracias instituídas.

2. Quando passam 4 décadas sobre a institucionalização do SNS em 1979, os histéricos e histéricas do costume gritam pelo fim da lei "fassista" (provavelmente a precisar de melhoramentos, sem ideologias à esquerda ou à direita) e feitura de uma nova "lei de bases da Saúde" que, se fosse aprovada agora pela esquerdas resolveria de imediato TUDO. Obviamente, e instantaneamente, não é verdade?
Desde as cirurgias em atraso, ás falhas e inexistências de recursos humanos, à continuada não substituição de equipamentos nos hospitais públicos, etc.
Acabando os resquícios "fassistas" que o setor privado representa, e quase eliminando o "social", tudo ficaria LINDO, ROSÁCEO, MARAVILHOSO, e os cidadãos comuns nunca mais teriam problemas sempre que se dirigissem a um hospital público, a uma unidade de saúde (ex - centro de saúde) etc.
Com esta desejada lei de saúde das esquerdas, nunca mais o SNS teria falta de capacidade de resposta, fosse a que problema fosse.

3. A pouca vergonha, a demagogia, a aldrabice e a desonestidade intelectual desta gentalha são enormes.
Todos os dias aparecem nos OCS novas questões, novas dificuldades, novas broncas, e a culpa de tudo é dos do costume, dos "fassistas".
Ou faltam anestesistas, ou obstetras, ou cardiologistas, ou enfermeiros especialistas. E, em cima disto tudo, temos o anterior ministro da saúde que não convenceu ninguém a ir para o Algarve ou para as Beiras, temos a actual e patética ministra, temos o impagável senhor da ordem dos médicos, temos os dirigentes das direções regionais e dizerem coisas a que os hospitais torcem as orelhas, e muitos etc.

4. O que é que nunca falta?
Nunca faltam os anúncios periódicos de contratação de centenas e centenas (ou milhares?) de recursos humanos para o SNS mas, porque será?, porque será que nenhum jornalista se dá ao trabalho de ler os DR durante os três ou quatro meses seguintes aos anúncios para verificarem quando e se, foram mesmo abertos concursos e nas quantidades anunciadas.
Nenhum jornalista se dá ao trabalho de verificar quantos médicos das diferentes especialidades são colocados no "mercado" ou seja saem das faculdades, e comparar isso com as vagas disponíveis nos quadros dos diferentes hospitais públicos, para assim poderem avaliar depois porque há escassez de meios humanos no SNS.
Nenhum jornalista se dá ao trabalho de verificar quantos médicos deixam anualmente de estar no SNS, seja por reforma, seja por partirem para os hospitais privados onde lhes pagam melhor e onde normalmente os equipamentos são mais periodicamente actualizados /substituídos.
Nenhum jornalista se dá ao trabalho de verificar, por hospital público, quantos médicos estão até às 1400 horas e quantos estão depois dessa hora.
Nenhum jornalista se dá ao trabalho de verificar, para cada um dos hospitais públicos, as especialidades que estão com os recursos humanos adequados e as que têm pessoal insuficiente ou mesmo nenhum.

Nenhum jornalista se dá ao trabalho de verificar, por hospital público, a idade dos computadores e dos sistemas operativos, a idade e eventual obsolescência de máquinas RX, se existem equipamentos para fazer ressonâncias magnéticas, e um muito etc etc.
Para tudo isto supra, a não abertura de vagas ou seja, a poupança de dinheiro, tem alguma coisa a ver com o que se vem passando? Hummmmm.......
Para tudo isto supra, a disparidade entre a actualização/ modernização/ substituição de equipamentos nos hospitais públicos e nos hospitais privados tem alguma coisa a ver com o que se vem passando? Hummmmm.....

5. Algum jornalista se dá ao trabalho para ir verificar e fazer a lista dos locais/ entidades onde, por exemplo, se fazem as análises na esmagadora maioria das áreas do Continente?
Ou se em algum hospital público se fazem exames específicos como "manometria"?
Algum jornalista se dá ao trabalho de ir verificar e fazer as contas a quanto custa uma radiografia, de facto, e comparar esses preços com o que pagam os funcionários públicos e utentes de muitos outros sub-sistemas de saúde?

6. O tio Jerónimo fala em bife por parte dos privados. O tio Jerónimo continua fofinho.
Pessoalmente estou muito convicto que os privados ganham mais do que deviam mas, se calhar, a razão maior para isso é da falta de controlo por parte dos sucessivos governos.
Não é o Estado, são os governos e a máquina que deviam controlar e coordenar e não o fazem.
E esta pouca vergonha de querer acabar com as taxas moderadoras é bem elucidativo da cambada de malandros que desgraça o País, estes e os anteriores, ministros e primeiros - ministros.
Se fossem intelectualmente honestos e não o são, e cada vez mais penso que não é só no plano intelectual que não são, diziam aos cidadãos e designadamente na AR, por hospital público e por concelho do País, todas as áreas médicas em que o SNS não dispõe de capacidade.
Aí se veria a realidade deste País, deste SNS, e se as boas intenções de Arnaut são de aplaudir, e sobretudo se deve ter presente que o SNS é uma das maiores conquistas do actual regime e que se deve manter, era bom que se reconhecesse que o SNS está cada vez mais coxo por falta de investimento muito avultado e que o SNS tem muitas carências. Isto custa muito dinheiro. Querem que a Merkel pague? Pois.

7. Mas a ordem dos médicos e os sucessivos governos passam a vida com merdas e a aldrabar-nos. E Centenos e quejandos cortando, cortando, cortando.
Depois admirem-se.
Só falta Marcelo vir perguntar porque raio o SNS está assim com estes problemas.
Ele diz que pensa ter entendido a patética historieta das maternidades. A historieta é patética como patético é o comentarista.
O engraçado disto (??) é ver que a actriz e outras criaturas que no passado quase degolaram Passos Coelho acerca da questão MAC estão agora mais ou menos caladinhas.
Ah, não, desculpem, chamaram com urgência a ministra à AR.
Pois.
Desgraçado País, desgraçados de nós com esta canalha toda perna.
AC

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