É para matar o jornalismo de vez?
Este é o título de um artigo escrito há poucas semanas pelo jornalista Anselmo Crespo. Voltei a lê-lo, e apeteceu-me escrever umas linhas.
Não adivinhava o jornalista por exemplo esta "beleza"
O jornalista refere várias coisas, "o tiro ao jornalismo é hoje a modalidade mais transversal das sociedades modernas", ""Bater" nos jornalistas virou moda e é viral", "Se escreveu isto é porque está a defender o fulano contra o beltrano. Se pensa assim é porque é de direita ou é de esquerda. Se foi publicado neste jornal é porque algum interesse está por detrás. Se passou naquela televisão é porque se trata de uma campanha","As redes sociais há muito que deixaram de servir o propósito com que foram criadas: aproximar as pessoas e facilitar-lhes a comunicação. Elas são hoje um antro de notícias falsas, um palco para o discurso de ódio, um covil de cobardes e de gente mal resolvida que se agiganta numa caixa de comentários","Os jornalistas e os órgãos de comunicação social transformaram-se numa espécie de bobos da corte", "esmagadora maioria dos órgãos de comunicação social, claramente, não estavam preparados. Nem sensibilizados. Por falta de capital - a crise nos media já se arrasta há demasiados anos -, mas sobretudo por falta de conhecimento e de visão estratégica, "Ser acionista ou gestor de uma empresa de comunicação social já não é apenas sinónimo de poder, implica perceber que a realidade mudou", "Ser "patrão" de uma empresa onde o principal produto é o jornalismo implica compreender as novas dinâmicas, as novas formas de consumo. Não perceber isto - como muitas empresas de comunicação social em Portugal ainda não perceberam - é não perceber o presente. E o futuro, esse, chegará mais cedo do que imaginam", "há um outro fator de que as empresas de media, o poder político, o público e, naturalmente, os próprios jornalistas não se podem esquecer: não há jornalismo sem verdadeiros jornalistas", "No jornal, na rádio, na televisão, nos sites ou nas redes sociais, independentemente da plataforma, só há um jornalismo capaz de sobreviver: o que é independente, rigoroso, isento, justo, escrutinador e incómodo", "Se é para matar de vez o jornalismo, pois que o assumamos todos. Porque o caminho que estamos a percorrer é dúbio, perigoso e está a criar uma sociedade cada vez mais desinformada e em guerrilha permanente. Eu continuo a acreditar que, um dia, todos nós vamos voltar a precisar do jornalismo para podermos acreditar em alguém, em alguma coisa. Pode até ser uma visão romântica. Mas um dia falamos sobre isso".
Pois não faço ideia da verdadeira razão que levou o jornalista Anselmo Crespo a escrever o artigo. Presumo que não tenha sido pelo alvoroço que, creio, vai ou foi pela questão "chefia na TSF".
Afirma várias coisas com as quais concordo.
É para mim indiscutível de que não existe sociedade equilibrada sem OCS livres, assertivos, independentes. Como escrevi aqui no blogue múltiplas vezes. Jornalismo e informação são serviço público, indispensável a uma democracia madura e equilibrada.
Uma coisa me parece evidente, e de há muito, como recentemente dizia outro jornalista -..... jornalismo é uma indústria, por muito que aos jornalistas isso custe a admitir.
Esqueceu-se, julgo eu, de acrescentar que sendo uma indústria ou o produto é bom ou ninguém o compra. E isto não é propriamente um problema económico, é um problema do produto ser bom ou mau.
O resultado económico disso vem depois.
E os jornalistas em geral, creio, continuam a não interiorizar completamente a erosão decorrente do mundo de hoje, e a não perceber completamente que apesar da bovinidade portuguesa, vai havendo cada vez mais portugueses sem paciência para aturar a subserviência que se nota cada vez mais em certos canais de TV e em certos jornais. A que acresce, a superficialidade do que nos atiram para ler ou ouvir, e o esconder o que não "joga" com as suas agendazinhas.
Os jornalistas estiveram cerca de 19 anos sem se reunirem a sério, em congresso, e depois lá o conseguiram realizar, com Maria Flor Pedroso a ter papel importante. Será isso um bom exemplo, um sintoma do estado a que chegou o jornalismo Português?
Claro que existem bons e maus jornalistas, como em qualquer outra profissão.
E o recente comunicado de vários jornalistas em apoio de Maria Flor Pedroso não é um outro bom (mau) exemplo do estado de coisas do jornalismo Português ?
Que debates sérios, regulares, públicos, se fazem cá dentro acerca dos problemas do jornalismo nacional? Debates públicos que possibilitem a maioria dos cidadãos os ouvirem e lerem, e talvez assim os levarem a pensar na questão.
A questão do papel do Estado a pagar jornalismo é um tema que me parece muito delicado.
Desde já por observar a actividade da LUSA, sempre servida e cada vez mais por nomeações políticas, bastando olhar para o último exemplo.
Fala-se em taxas no telemóvel, subscrição de um jornal à escolha etc, tenho muitas dúvidas sobre esta questão do Estado a pagar.
Jornalistas, uma classe que, nunca, em 45 anos de democracia, se conseguiu unir a sério na defesa do que deve ser o jornalismo.
Há o sindicato dos jornalistas, com vários sindicatos/ cores lá dentro, há a coisa da atribuição da carteira, etc, uma amálgama sem eira nem beira. Opinião minha, naturalmente, mas os frutos que os jornalistas me apresentam há anos dão-me algum conforto no que escrevo.
Mas uma coisa, mesmo assim, quero enfatizar e bem alto: mesmo com a desgraça que muito lamento, repito, MUITO LAMENTO, o que é certo é que pelo esforço de alguns ainda vou sabendo alguma coisa da podridão que grassa no meu País. E isto deve sempre salientar-se.
Mas, infelizmente, lamento muito que em termos genéricos, o jornalismo nacional esteja tão débil. É péssimo para o regime.
Jornalistas em que alguns, creio, não cumprirão sempre
as regras mais básicas do código deontológico da profissão, e não vejo quem controle isto e puna se for o caso, e sem peso para discutirem decisões estruturais e, talvez por isso, fizesse falta uma ORDEM, a sério.
EGOS, vejo muitos, e o comunicado de apoio a Maria Flor Pedroso bem o evidenciou.
Uma coisa me parece certa, continuem com o servilismo e vão por mau caminho.
Exemplos há imensos, então o Público que eu comprava diariamente o que deixei de fazer há 6 anos, é um dos mais evidentes, desde o não noticiar certas coisas sobre Lula da Silva a muitas outras poucas vergonhas cá por dentro. Continuo sem perceber porque a SONAE insiste em ter prejuízos brutais com aquilo.
No Público, tem sido gritantes os exemplos de ausência de rigor, desde a Greta e os seus iates, ás questões no Reino Unido, às questões climáticas, às dos EUA, às da América do Sul. Ausência de rigor e de Ética. Depois admiram-se.
E o que propositadamente ocultam, e que se descobre nos OCS internacionais sobre dados, factos?
Não, os problemas, o definhar, não é devido apenas a factores económicos.
Optaram pelas suas agendas pessoais, pelo encostar-se a certas ideologias, pelo assumir-se activistas e pregadores da sua moral, esqueceram valores básicos e princípios. Depois admiram-se.
É muito preocupante o que se passa, pois mais uma vez o digo, democracia sem comunicação social independente, assertiva, de investigação, hum...........doença certa.
AC

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