Se não estou enganado, a batalha de S. Mamede foi algures em 1128. A batalha de Ourique algures em 1139.
Depois disto D. Afonso Henriques é aclamado como o nosso primeiro rei.
Algures em 1143, o chamado tratado de Zamora (que de facto não foi tratado * teve lugar uma reunião de alto nível).
Finalmente, em 1179, o Papa de então reconheceu a independência de Portugal, com a bula "Manifestis Probatorum".
Já houve quem chamasse a 24 de Junho de 1128 "A Primeira Tarde Portuguesa", referindo-se à vitória de Afonso Henriques sobre a mãe e o "partido" galego dos Travas (batalha de São Mamede).
Algures em 1143, o chamado tratado de Zamora (que de facto não foi tratado * teve lugar uma reunião de alto nível).
Finalmente, em 1179, o Papa de então reconheceu a independência de Portugal, com a bula "Manifestis Probatorum".
Já houve quem chamasse a 24 de Junho de 1128 "A Primeira Tarde Portuguesa", referindo-se à vitória de Afonso Henriques sobre a mãe e o "partido" galego dos Travas (batalha de São Mamede).
De facto, não se poderá dizer que há um dia da "inauguração de Portugal".
Há / houve um processo longo.
"Um corte" político com a Galiza em 1128, e Afonso Henriques passou a governar o Condado Portucalense, e só em 1139-1140 se começou a intitular rei, exactamente no seguimento da vitória em Ourique.
Portanto, um auto-intitulado rei de Portugal, mas só seria reconhecido como tal em 1143 pelo rei de Leão Afonso VII (o Condado era parte do reino leonês) e, mais tarde, o papa, que era a autoridade religiosa, espiritual e diplomática suprema da cristandade ocidental, só reconheceu o título de rei a Afonso Henriques em 1179.
O actual Portugal não estava assim definido em 1179.
A reconquista portuguesa só terminaria em 1249, com a conquista das últimas praças Algarvias, já no reinado de Afonso III.
A fixação de fronteiras com Castela apenas ficou estabelecida em 1297, pelo tratado de Alcanizes, já com o rei D. Dinis.
D. Dinis substituiu o Latim como língua "oficial" da Chancelaria régia, por volta de 1295-96.
Podemos assim considerar que a partir de 1139 há um reino de Portugal como entidade política independente, mas que está e estaria ainda muito tempo em construção.
A questão da nacionalidade é ainda mais complexa, pois enquanto sentimento relativamente generalizado de pertença a uma comunidade própria, distinta de todas as outras, a sua estabilização será ainda mais prolongada no tempo.
Terá, no final da Idade Média, um ponto alto com a chamada crise ou revolução de 1383-1385, quando se recusa a integração em Castela e se "refunda" o reino com a nova dinastia de Avis.
Portanto, quase 900 anos, mas alguma complexidade na construção e na consolidação ou seja, 2020 - 1139 = 891.
AC
(*) Não houve um documento escrito e assinado, um verdadeiro tratado, documental, um Tratado de Zamora.
Há / houve um processo longo.
"Um corte" político com a Galiza em 1128, e Afonso Henriques passou a governar o Condado Portucalense, e só em 1139-1140 se começou a intitular rei, exactamente no seguimento da vitória em Ourique.
Portanto, um auto-intitulado rei de Portugal, mas só seria reconhecido como tal em 1143 pelo rei de Leão Afonso VII (o Condado era parte do reino leonês) e, mais tarde, o papa, que era a autoridade religiosa, espiritual e diplomática suprema da cristandade ocidental, só reconheceu o título de rei a Afonso Henriques em 1179.
O actual Portugal não estava assim definido em 1179.
A reconquista portuguesa só terminaria em 1249, com a conquista das últimas praças Algarvias, já no reinado de Afonso III.
A fixação de fronteiras com Castela apenas ficou estabelecida em 1297, pelo tratado de Alcanizes, já com o rei D. Dinis.
D. Dinis substituiu o Latim como língua "oficial" da Chancelaria régia, por volta de 1295-96.
Podemos assim considerar que a partir de 1139 há um reino de Portugal como entidade política independente, mas que está e estaria ainda muito tempo em construção.
A questão da nacionalidade é ainda mais complexa, pois enquanto sentimento relativamente generalizado de pertença a uma comunidade própria, distinta de todas as outras, a sua estabilização será ainda mais prolongada no tempo.
Terá, no final da Idade Média, um ponto alto com a chamada crise ou revolução de 1383-1385, quando se recusa a integração em Castela e se "refunda" o reino com a nova dinastia de Avis.
Portanto, quase 900 anos, mas alguma complexidade na construção e na consolidação ou seja, 2020 - 1139 = 891.
AC
Houve um encontro importante.
Terão estado presentes entre outros, um legado do Papa, o cardeal Guido de Vico, e o rei de Leão e Castela, Afonso VII, passou a reconhecer Afonso Henriques como Rei de Portugal.
Não existe nenhum "Tratado de Zamora" em que tal título seja atribuído ao Rei Português.
Há dois ou três documentos da chancelaria régia Leonesa dessa altura, que passam a designar o português como Rei de Portugal.
Como Afonso VII se intitulava Imperador, era, para ele, um factor de prestígio ter um Rei como seu vassalo.
Ao mesmo tempo, Afonso Henriques negociou com o representante da Santa Sé (e sem Afonso VII saber...) que só reconhecia "vassalidade" ao Papa.
Ao mesmo tempo, Afonso Henriques negociou com o representante da Santa Sé (e sem Afonso VII saber...) que só reconhecia "vassalidade" ao Papa.
Portanto, de Zamora, saíram todos contentes: Afonso Henriques porque era reconhecido como rei pelo primo Afonso VII e, em simultâneo, afirmava-se unicamente vassalo do Papa; Afonso VII também saía feliz porque ele, imperador, reconhecia um rei (seu inferior) que, como vassalo, era seu "subordinado".
Como disse um grande amigo meu - Ou de como a diplomacia "resolve" tudo a contento da respectiva parte...
Como disse um grande amigo meu - Ou de como a diplomacia "resolve" tudo a contento da respectiva parte...
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