O Bloco de cimento do PS
Desde 2015 que o Bloco de Esquerda, graças à abençoada mãozinha do dr. Costa, faz parte do "arco da governação". Não porque esteja no Governo. Mas porque os dois governos do PS jamais existiriam se o Bloco não os tivesse viabilizado, bem como aos seus orçamentos e à sua "ideologia".
No primeiro, o Bloco fez foguetes e ajudou a apanhar as canas. Com o segundo, o Bloco finge que não faz nem uma coisa nem a outra, embora continue a considerar-se a vanguarda moral e cultural da política do regime. Costa chefia o Governo de uma democracia liberal, europeia e que até preside circunstancialmente à União.
Na prática, força-se a aceitar coisas como a TAP, agora transformada em "companhia de bandeira", não portuguesa mas do Bloco, com os resultados à vista denunciados pelo Tribunal de Justiça Europeu. E aceita, promovendo-o, o domínio bloquista das redacções da comunicação social oficiosa - praticamente toda - onde, com a complacência do resto do Parlamento e do presidente da República, se pratica a "redacção única" - e, em breve, a nova censura da "era digital" -, mesmo quando travestida, sobretudo no audiovisual, de "diversa".
É o Bloco que fixa à Esquerda e à Direita qual é a Esquerda "boa" e qual é a Direita "má", poupando ao PS o trabalho sujo. Por isso, na "convenção" do Bloco, foi possível ouvir barbaridades do género "Portugal tem a certeza de que a Direita não voltará ao Governo". Louçã, sumo sacerdote da seita, não concebe o seu fanatismo doentio por menos. Se atentarmos, porém, a culpa não é apenas dele.
O PSD, que tem o triplo dos votos que o Bloco obteve em 2019, não pia. O PS, por natureza perversa, não só não pode piar como lhe convém apascentar o "vulto". E Louçã pôde passar de declarado inimigo do regime a seu filhinho pródigo. "Adoptaram-no" nas televisões e nos jornais do dr. Balsemão, no Banco de Portugal e no Conselho de Estado.
Quanto a Catarina, a "Olívia costureira" de Louçã e a "Olívia patroa" do Bloco, talvez por causa da carreira artística interrompida, não passa de uma hipócrita política, como se viu no caso de um seu deputado acusado de violência doméstica que nem sequer apareceu na "convenção". Os "nossos", dela, presumem-se sempre inocentes. Para os outros, cumpra-se a lei.
Enquanto o Bloco for a terceira força partidária representada no Parlamento, o país não vai a lado algum. A Direita - dividida, autofágica, hiperintelectualizada e afastada da "vida material" - quando perceberá isto? (João Gonçalves, JN)
AC
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