O POPULISMO BACOCO e a REALIDADE
Alguns entendem, e no plano dos princípios isso é o correcto, que se não deve ser demasiado crispado publicamente em relação aos titulares de órgãos de soberania. Mas está a chegar-se ao ponto de se querer o respeitinho porque sim, como antigamente, independentemente de tudo o que acontece na sociedade, independentemente de se servirem em vez de exercerem o serviço à sociedade.
Eu concordo com este entendimento de princípio, e em determinada ocasião dei até a mão à palmatória por me ter excedido um pouco na linguagem. Embora eu tivesse razão. A ira não deverá ser, em princípio, justificação para linguagem mais crispada e violenta na adjectivação.
Mas o tempo vai passando e como já bem retratado - "ele sempre foi assim, muito simpático, inteligente, capaz de actuar bem em cada momento. Talvez já não capaz de actuar de uma forma persistente e continuada. Prosseguindo um objectivo, levando-o até ao fim".
E isto, a retórica constante e populista, muitas vezes quase oca, falando para os portugueses como se fossemos todos brutinhos ou tontinhos, não começa a cansar, senão mesmo a desesperar?
Pessoalmente estou já farto, cansado, desesperado por me falarem como persistem estes titulares de órgãos de soberania, Presidente, deputados, governantes, juizes, como se as realidades condissessem com o que diariamente nos bombardeiam através da retórica populista, mentirosa, desligada da realidade e dos problemas concretos das famílias.
E sempre à procura das acções de outros no passado para justificar a podridão que grassa genericamente, podridão em que vivem e alimentam, como se não governassem desde 2015 ou não presidisse desde 2016.
Clamam sempre pela transparência, pelo serviço e apoio ao cidadão mas, quando o cidadão quer perceber certas coisas, quando o cidadão se dirige aos serviços e instituições publicas, aí a realidade é bem o oposto do apregoado por suas Excelências.
Do passado, concretamente desde 1971, tenho um historial relevante de embates contra o Estado e instituições diversas, concretamente, o fisco (IMI, IRS, Sisa), banca nacional, seguradoras, GNR, PSP, EMEL, câmaras municipais, juntas de freguesia, farmácias, hospitais. No presente, devido à situação da minha (jovem de quase 96) mãe, mais que lúcida e a viver num lar há dois anos por sua decisão, ando há semanas a falar com o lar e em contactos com a Direcção Geral de Saúde (DGS), a Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo e a delegada de saúde da cidade onde vivo. Melhor, e mais bem dito, ando a formalmente solicitar a estas instituições esclarecimentos e recebo o silêncio tumular. O desprezo absoluto para com o cidadão comum.A verborreia populista imprudente e desprovida de conhecimento das coisas na realidade concreta, criou nas cabeças dos idosos com boa saúde mental uma ideia que em nada corresponde à realidade, sei-o bem pelo meu caso concreto, a minha mãe que, naturalmente, ficou e está furiosa porque no Lar nada se alterou. Continua a não haver saídas nem visitas como antes da pandemia. Isto passa-se numa esmagadora maioria de lares, como há poucos dias foi reconhecido e publicitado no "Público" pelas vozes dos dirigentes das IPSS. A realidade é que a orientação da DGS é formalmente do conhecimento do LAR mas a instituição entendeu pedir um parecer à delegação de saúde da zona. Um parecer! Na prática, a orientação da DGS não é cumprida através de artimanhas. Isto faz sentido?
Indo à legislação diversa no âmbito do Ministério da Saúde, o cidadão comum fica com uma ideia de hierarquias entre os diferentes departamentos e organismos. Mas a realidade é outra, parece que há muita autonomia, até porque quem está nas Administrações Regionais de Saúde (ARS) tem cartão político. Na realidade da vida concreta, ninguém responde ao cidadão, ninguém esclarece e já lá vão semanas, e a noção que tenho, agora até por contactos pessoais privilegiados, parece que na prática ARSLVT e delegações de saúde fazem o que querem ou pelo menos assim parece. Até ao presente tenho o ensurdecedor ruído do silêncio. Os poderzinhos funcionais no seu melhor. A orientação da DGS sobre a saída dos idosos por menos de 24 horas deve ter ido suprir a eventual falta de papel higiénico. Este é o Portugal real.
O Portugal apregoado por Marcelo na sua habitual retórica populista - os idosos já podem sair dos lares - é outro que não aquele contra o qual esbarramos.
E voltando à legislação diversa, e voltando a olhar para todos os organismos e departamentos e instituições, podem os meus caros concidadãos ficar cientes de que, ao procurar respostas em todos eles recebe-se um silêncio tumular. E se se atreverem a colocar as mesmas questões a outra instituição ligada à saúde, mas não integrando o Ministério de Marta Temido, a resposta obtida é igualmente a do silêncio absoluto. Tumular!
Alguns dirão, muda de lar, ou tira a tua mãe de lá. Não, ela quer viver num lar, e este tem inclusive muito boas condições. A questão é que os cidadãos nada podem contra o poder funcional de certa gente. Esta é a realidade das coisas deste pantanoso Portugal, onde o cidadão comum na maioria das vezes não é respeitado.
Um lar recebe uma orientação da DGS e pede um parecer a uma delegação de saúde sobre essa orientação? A delegação de saúde tem competência para discordar da orientação da DGS? E a ARSLVT? Se lhes pedem parecer, não o deviam dar com celeridade?
Isto faz algum sentido? Será que sou eu que estou doido?
No limite, cada delegação de saúde dentro da área geográfica duma dada Administração Regional de Saúde (ARS) pode emitir parecer diferente acerca da orientação da DGS? Isto faz sentido, poder haver entendimentos díspares dentro de uma mesma ARS?
Como alguém já me referiu, estaremos a um milímetro da história da velhinha que se foi queixar por ter sido mordida por um cão e acabou na prisão por incomodar as autoridades.
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