segunda-feira, 24 de maio de 2021

O     A L A R I D O
Nada me surpreendeu que alguns hipócritas tenham mimoseado de forma ordinária cidadãos militares e agentes da política nacional incluindo ex-titulares de orgãos de soberania que se "atreveram" (segundo esses hipócritas) a questionar o conjunto de alterações (não completamente conhecidas) a alguma da legislação de enquadramento da defesa nacional e das Forças Armadas. 
Como cidadão que procuro estar atento a tudo o que se passa na minha sociedade, no meu país, contrariamente aos que advogavam que tínhamos de nos preocupar apenas com a nossa redoma, tenho lido bastante, consultado arquivos, tenho procurado informar-me e procuro perceber as coisas. Não é fácil, sobretudo neste país da transparência e do lápis azul que devagarinho voltou.

Pessoalmente não concordo com alguns dos argumentos que por aí li, contra e a favor das ditas alterações. Quanto a alguns políticos, com variantes como agora à moda Covid, algumas coisas e alguns não me espantaram nada e, quanto a outros, faz-me uma certa pena observar que o deviam fazer mas não se recataram. Enfim. Mas, sobretudo pensando pela minha cabeça e muito apoiado no meu melhor amigo militar, eu não tenho dúvidas que também nesta área temos de olhar e seguir em frente. Mas…………..

Não estou preso ao passado, mas não convém nada desprezá-lo. Ignorar realidades várias inerentes ao nosso país é um erro crasso. Décadas de III República mostram, a meu ver, que a maioria dos portugueses não quer saber destes assuntos para nada e, por isso, os poderes públicos fazem sempre o que lhes apetece, e passam por cima de tudo sempre com a maior arrogância. Basta olhar aos factos.

A este propósito, do discurso do então Presidente da República por ocasião da sessão solene de abertura do ano académico 2002/ 2003 do Instituto Superior de Defesa Nacional, recordo estas frases - … .."temos de reconhecer que o cidadão comum continua a achar que as questões que envolvem a segurança, a defesa nacional ou as Forças Armadas são algo um pouco hermético que um conjunto de poucos - e raros - especialistas discute. Oposta a esta posição, está uma escola de pensamento que, no seu extremo de posições, afirma que tudo é segurança e defesa, provocando no comum dos mortais a sensação de desconfiança que normalmente se tem em confronto com uma mentalidade obsessiva”. 

O que mudou entretanto ?

Ao longo do tempo, quem de direito tem dito e escrito coisas interessantes e grandiloquentes, como por exemplo - “a necessidade de defesa nacional, os deveres dela decorrentes e as linhas gerais da política de defesa nacional serão objecto de informação pública, constante e actualizada” (Lei de Defesa Nacional de 1982); foram ? foram alguma vez ao longo dos anos ?
o conceito estratégico de defesa nacional só se torna nacional a partir do momento em que Portugal e os portugueses o assumam como seu (CEDN em vigor).

Os portugueses têm assumido a defesa nacional ? Têm ?
Que envolvimento dos cidadãos comuns? 

Olhando a, épocas passadas, a proclamações várias de muitos políticos e "tudólogos" de que há imensos registos, é interessante fazer um gráfico sobre a evolução quanto a defesa nacional e Forças Armadas depois do tempo Africano. É interessante de fazer, e pode levar-se o tempo que se quiser, para o gráfico assim se coadunar com o passo de caracol e os diferentes bloqueios sempre adiando soluções e decisões em matéria de defesa nacional, verificáveis desde 1982.
Aguardemos, que isto está curioso.
António Cabral (AC)

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