Operação Miríade. Afinal nunca houve pareceres. "O erro é meu", assume Marcelo. Presidente da República assumiu ter sido o autor da ideia de que existiriam pareceres jurídicos escritos sobre não ser necessário informar PR e PM sobre a investigação a militares suspeitos de tráfico. Mas também não considera tal assunto importante. (DN, sublinhados meus).
Um hábito que vem de muito longe. Quando os que se têm por muito importantes falam ao povo, referem "equívocos", "lapsos", "imprecisões", "diferenças de opinião", "irrelevâncias", "pequenos erros". E quando não querem ser mais incomodados pelos sempre venerandos e agradecidos jornalistas - "só estou a dizer que…", "isso não é importante", "está tudo esclarecido".
O povo, o cidadão comum, ouve e fica muitas vezes incrédulo. Mas a maioria acha engraçado vê-los aos pulinhos, ou a tomar banho e dar beijinhos e outras palhaçadas. A maioria não liga nenhuma a esta progressiva degradação da vida pública. E aqui no caso das Forças Armadas e da suspeita de crimes praticados por alguns militares e da suspeita acção do ministro da tutela, é vergonhoso o comportamento evidenciado por quem se devia dar ao respeito mas exibe publicamente uma sucessão de afirmações inacreditáveis sobre o assunto. Desconhece o que é continência verbal e prudência.
Mas o cidadão comum, digno, com coluna vertebral e que detesta ser desconsiderado pelos titulares de órgãos de soberania, não consegue conter eternamente a sua indignação perante estes sucessivos comportamentos destas vergonhosas elites. E se estas criaturas não se comportam com respeito pelas instituições, com respeito pelos cidadãos, se demonstram uma completa falta de elevação no seu comportamento de dirigentes, não merecem ser retratados de outra forma senão com os vocábulos ricos da língua portuguesa que bem retratam comportamentos indignos.
LAMENTÁVEL, esta progressiva degradação da vida pública. Se quem aqui em baixo lembra certo passado não merece também grande crédito, ainda assim vale a pena lembrar o episódio.
AC
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