terça-feira, 26 de abril de 2022

MARCELO  e  as  CONDECORAÇÕES
É sabido que Marcelo morreria de repente se desconfiasse que não era amado. 

Pela-se por estar junto da plebe. 
"Corre" de Falcon para todo o lado, para poder estar em vários sítios do país num mesmo dia. Ou, como neste 25 de Abril, aí foi ele de Falcon ceús fora.

No sítio da Presidência distribui congratulações várias, e apresenta sentidas condolências a quase todas as famílias atingidas por infortúnios. 
QUASE.
Quase, pois sobre o desgraçado morto pelo carro oficial do então MAI Eduardo Cabrita, que eu me tenha apercebido, nem um pio.

Eu próprio tenho sérias reservas e por aqui as tenho manifestado, quanto a esta descomunal distribuição de medalhas, condecorações, comendas, beijinhos, selfies, etc. Não é, nem de longe nem de perto, o grande problema de Portugal. Mas é um sintoma.

Marcelo quase parece querer que no fim do seu segundo mandato presidencial o nº de condecorações por si atribuídas seja, pelo menos, igual ao somatório de todas as distribuídas por Eanes, Soares, Sampaio e Cavaco. E, já agora, salientar que Sampaio não condecorou certas pessoas que, agora, Marcelo parece tentado fazer.

Uma das últimas invectivas que li sobre este tema é de Miguel Sousa Tavares, que refere que o mal das condecorações a esmo vem de muito longe. E vem.
MST lembra, e bem, que foram condecorados quase todos os possíveis: antifascistas, exilados, irmãos da maçonaria, forças vivas da província, financiadores dos partidos e das campanhas presidenciais, desportistas, ministros cessantes, dinossauros autárquicos, magistrados jubilados, militares passados à reserva, diplomatas reformados, artistas vários e também de variedades, todos os cientistas disponíveis, os emigrantes ilustres, banqueiros e os empresários antes que caídos em desgraça, e mais todos aqueles e aquelas que entraram pela quota das inevitáveis ‘cunhas’ a que nem os Presidentes escapam.

Neste texto há mais do que o lá está. Encerra a questão do que penso roçar uma certa pouca vergonha.

Quanto aos valorosos militares que estiveram no cerne do 25 de Abril, na revolta militar por eles planeada e executada, é minha opinião que vários foram tardiamente homenageados e agraciados. É a minha opinião. 

Mas interrogo-me se Marcelo não se prepara para os colocar no mesmo pé de igualdade de muitos outros que tiveram escasso ou mesmo nenhum papel relevante na revolta militar. A concretizar-se, será justo?

Mas, estou agora a ponderar melhor a coisa. 
Se calhar, eu e outros estamos a ser muito injustos com Marcelo.
Marcelo vê longe.

Dou-me agora conta que, talvez, também nesta matéria Marcelo esteja a olhar ao longo prazo.

Será provável que Marcelo esteja, também, colateralmente, a pensar na contribuição que acabará por dar com esta (aparentemente pensada) profusão de centenas de medalhados para manter viva a Feira da Ladra onde, como se sabe, é comum encontrar medalhas, uniformes, bonés, espadas, sapatos, artigos militares vários, etc.? 

Será isto? Estarei, estaremos a ser injustos?
AC 

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