HABILIDADES NA COZINHA
Por razões várias mas, desde logo, porque a minha mãe me colocou a cozinhar aos 15 anos* (a poucas semanas de fazer 16 e para grande escândalo do meu avô materno, já antes escandalizado por fazermos nós a cama) e ao meu irmão como manhoso ajudante, desde cedo que me familiarizei com a cozinha, com os utensílios de cozinha, com receitas, com o preparar e confecionar refeições, pratos de peixe, de carne, entradas, doces, saladas variadas. E nas sopas não me saio nada mal mas é sector onde a minha mulher me bate sem sombra de dúvidas.
No resto e atrás referido, poucas são as coisas onde me superiorizo pois ela é uma excelente cozinheira. Mas em algumas ganho. Se já era batido até 1990, a partir daí e em boa parte em consequência da minha vida profissional, tornei-me bastante razoável como cozinheiro e pasteleiro.
Temos em casa excelentes livros de cozinha, alguns bem antigos e sobretudo muitas receitas muito antigas. Daquelas onde aparece - uma chávena disto, meia chávena daquilo - ou então e pior - um poucochinho de, mais um poucochinho de, etc.
Para além de há décadas o casal se ajeitar muito bem neste ambiente da casa, tivemos a felicidade de usufruir da experiência da velhinha Cecília que, infelizmente, há muito nos deixou.
E vem isto a propósito dela e de um utensílio de cozinha. A Cecília entre as inúmeras excelentes refeições que preparava, os seus pastéis de massa tenra recheados com carne variada eram das coisas mais fabulosas que comi na vida. E comi muitas vezes, e é receita a que periodicamente recorremos.
E aqui entra o tal utensílio, o rolo da massa. A Cecília usava em casa da minha sogra um muito antigo rolo de madeira. Nós também temos o clássico. Mas nos últimos anos tenho recorrido mais a este, pesadote, de boa marca, e muito prático e eficaz. Rolo da massa moderno, de que certamente a Cecília se riria e, provavelmente, se recusaria usar. Mas consigo estender a massa para os pasteis de forma fantástica, fica finíssima.
António Cabral (AC)
* Foi há muitas décadas que isso se passou. No tempo em que os vegetais e concretamente as ervilhas eram tenras, não precisavam de ser cozinhadas na panela de pressão como hoje fazemos.
E a refeição foi ervilhas guisadas, cozinhadas num velhinho fogão a gás, num tacho banal, com a cebolada e o alho e o azeite e o sal e os coentros e a salsa, como a mãe indicara, e depois de cozinhadas e provadas, dois ovos inteiros lá para dentro. E foi o que almoçámos, enquanto os pais sairam depois de verificado que tínhamos almoço de facto.
Mas muitos mais utensílios há cá por casa.
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