terça-feira, 26 de abril de 2022

24 ABRIL 1974 . 25 ABRL 1974. 25 ABRIL 1975. 25 ABRIL 2022

É dos "livros". 
O que se verificou há dois dias na cerimónia de celebração do 25 de Abril de 1974 na Assembleia da República (AR) confirmou o que se sabe de há muito. 

LIVRE, PAN, BE, PCP, IL, CHEGA, PSD, PS, puxaram a brasa à sua sardinha, que o mesmo é dizer, falaram do que ideologicamente lhes convinha, e calaram o que ideologicamente não lhes convinha.

Praticamente todos, esquecendo muitas realidades concretas da sociedade portuguesa no presente, como por exemplo: 
> o que em diferentes sectores muito se avançou desde 25 de Abril de 1974, repito, o que muito se avançou,
> os vários problemas e situações que continuam a ser escamoteados, 
> o muito que há por fazer na estrutura do Estado, na lei eleitoral, no sistema de justiça, no desenvolvimento industrial, no ordenamento do território, no combate sério ás injustiças e desigualdades, no SNS, na educação, nos recursos hídricos, nos recursos energéticos, quanto à natalidade, quanto á exclusão e pobreza sociais, na integração de pessoas,
> a ultrapassagem sucessiva de Portugal por países da "ex - cortina de ferro", 
> o brutal e asfixiante montante da dívida do país.

Todos esquecendo que o 25 de Abril de 1974 não foi executado para aquilo que agora vários referem de positivo e de negativo e se queixam. 

O 25ABR74 foi concretizado porque existia a guerra colonial. 
Porque vários oficiais dos quadros permanentes das Forças Armadas (FA), por si próprios, se consciencializaram que a solução para a guerra em África tinha que ser política e não militar. 
É a minha opinião.
Para essa consciencialização foi importante a convivência com oficiais milicianos que também bateram com os costados em África. 

Penso que o livro de António de Spínola ajudou um pouco para essa  consciencialização. 
Nunca saberemos, mas é legítimo interrogarmo-nos se, sem esse livro, a revolta militar não demoraria mais um pouco a eclodir.

O que vários oficias das FA concretizaram no 25 de Abril de 1974 foi o decisivo abrir de horizontes para que a sociedade por si própria pudesse mudar de vida
Foi o abrir de portas e janelas.
Foi mudar de regime. Foi uma viragem histórica. 
Estava tudo por fazer a partir desse dia inteiro e limpo que Sophia referiu.

Com a revolta militar, em que a guerra em África foi questão fulcral, foram formalmente restituídos aos portugueses os direitos e as liberdades fundamentais, e foi assim estabelecida a base para assegurar dali em diante a vigência de um Estado de direito democrático, e assim  instaurar a democracia. A partir daí, em liberdade formal, era preciso trabalhar muito e com seriedade.

Voltando aos discursos na AR, o novo presidente da AR fez um laudatório à diáspora. Não creio deslocado, bem pelo contrário. Mas assim também evitou falar de outros temas.

Quanto ao Presidente da República (PR), centrou as coisas na Pátria e nas FA. 
Parece que falou e falou e falou, mas de uma certa perspectiva afinal nada falou. 
Não sei se por não saber sobre o estado das FA, se por saber mas não querer dizer, ou porque não lhe disseram, ou se por não saberem e assim não lhe puderam dizer.

Abordarei esse discurso/ tema em texto separado.
António Cabral (AC)

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