terça-feira, 6 de dezembro de 2022

DRONES,  DRONES  e  MAIS  DRONES

O "drone", to "UAV" (unmanned aerial vehicle), é um "brinquedo" curioso, e a maioria das pessoas estará já mais ou menos habituada a vê-los em certas lojas de fotografia e não só, e alguns simples até se encomendam pela Net. Nas cidades e até nas aldeias já se encontram muitos "drones" a passar por cima de nós, fotografando património edificado, fazendo parte de equipas de filmagens, ou simplesmente sendo indiscretos. Nesta fotografia, uma equipa de televisão na aldeia de Monsanto.


Há muitos brinquedos destes, que nós comandamos, andam lá por cima, e no nosso telemóvel temos as imagens captadas pelo olho do "drone". 

Há brinquedos destes dos mais diversos tipos, tamanhos, características e capacidades. Para uso civil e militar. No início de  Setembro passado um amigo meu esteve a inspecionar o telhado da casa de uma amiga comum, na aldeia de Monsanto, e encontrou a provável entrada de água quando chove.

Não muito divulgado, arrancou em 12 de Setembro passado um exercício (civil ou militar, ou civil-militar ?) nas zonas de Tróia e Sesimbra. Representantes nomeadamente das marinhas inglesa, americana e holandesa andaram juntos com pessoal da nossa Marinha a testar certo tipo de brinquedos destes. E houve gente nacional e internacional de empresas que a especialista do DN não detalhou. 
Ah, e para compor o cenário esteve lá a inefável ministra da tropa (gosto sempre de lembrar esta terminologia tão usada por certa gentalha).

O Almirante Gouveia e Melo (GM)(o crismado herói das vacinas), actual chefe  da Marinha nacional, designa-os carinhosamente por "piranhas", segundo vinha noticiado no DN em 24 de Setembro. O DN referiu que GM quer piranhas contra baleias! Ataques assimétricos. É obra! De acordo com o noticiado, foram testados diversos "brinquedos" durante os dias do exercício que o DN designou por gigantesco! 

Ciente de que cada cabeça sua sentença, a um ignorante como eu afigura-se pertinente que se equacione nos tempos contemporâneos como melhor vigiar a massa oceânica descomunal sob jurisdição nacional. 

Mais que pertinente, que se pondere o que presentemente se consegue fazer com os actuais e muito escassos meios da Marinha e da Força Aérea para tanto oceano, e o que se deverá fazer o mais rapidamente que for possível tendo em conta riscos e ameaças, e a gula de conhecidos países. Em suma, para defender os nossos interesses. 

Defesa dos interesses nacionais que, como se sabe, é coisa que está sempre no topo das prioridades deste actual PM e por isso é a preocupação maior deste (des)governo socialista, a intransigente defesa dos interesses nacionais, doa a quem doer!

A opção tecnológica de que GM vai a espaços falando em público  parece à primeira vista fazer algum sentido. Sonhar que a Marinha seja uma vanguarda tecnológica não parece desajustado. 
Mas que pensará disto a GNR, a sra Carreiras, o sr Carneiro, o sr Costa? E o comentador do reino? 

Mas como em tudo mais, uma coisa é sonhar e lutar por concretizar sonhos e ideias e outra coisa, bem diferente, é ter os pés bem assentes na terra para uma luta capaz de produzir frutos reais e não retórica para "épater les bourgeois" . 

A mim parece-me certo que Marcelo tem os pés pouco assentes em Belém, Costa os quer assentar em Bruxelas, e os restantes governantes assentam os pézinhos a tratar sobretudo da vidinha pessoal. Mas isto sou eu com o meu chato feitio, não é?

Voltemos aos "drones", a GM, ao PRR, ás prioridades dos órgãos de soberania.

Em qualquer instituição/ empresa, SÉRIA, definem objectivos, depois avaliam os meios disponíveis (os existentes e os realisticamente possíveis de adicionalmente obter) e depois dá-se forma à missão e trata-se de programar, planear e no fim executar. Executar, reavaliar, executar.

Ora vamos a caminho de 49 anos depois do 25ABR74 e perdido o império e concluída a descolonização, o poder político continua a não definir, com clareza, que Forças Armadas (FA) deve Portugal ter, um Portugal integrado na NATO/ OTAN e inserido na UE. Ou, até, se não deve ter FA e a segurança e defesa do país serem asseguradas por uma GNR ainda mais gorda.

Qualquer instituição/ empresa deverá ter uma organização adaptada aos tempos contemporâneos, deverá ter bem definida a sua missão ou seja a razão da sua existência. Disporá de meios humanos e materiais.

Ora no caso das FA e concretamente a Marinha, mesmo um brutamontes perceberá olhando para o mapa, que Portugal é um rectângulo, mais umas ilhas e sobretudo oceano até dizer chega. 
E esse brutamontes perceberá que um país com estas características geográficas não pode deixar de ter uma Força Aérea e uma Marinha adequadamente apetrechadas para defender os interesses do país dentro dessa massa brutal de água. E SEMPRE em colaboração com outras instituições, de segurança, policiais, da academia, etc.

Oceano sob o qual se escondem riquezas por explorar e que um dia haverá provavelmente capacidade tecnológica para permitir a exploração de pelo menos alguns dos recursos nas profundezas. Recursos que despertam a gula de vários países e é capaz de não ser por acaso que o pedido de Portugal de há mais de 13 anos para extensão da plataforma Continental continua a estar nas gavetas da ONU, a marcar passo.

Ora qualquer instituição / empresa que não esteja equilibrada, em organização interna, com os seus quadros de recursos humanos preenchidos e permanentemente actualizados, com as suas estruturas materiais operacionais e com planeamentos de médio e longo prazo para a sua substituição em tempo útil, a prazo acabará por colapsar. Isto dito, deve então o cidadão comum olhar à Marinha e à Força Aérea e interrogar-se!

Voltando aos Drones, existem brinquedos e brinquedos. 

Por cá, para lá do que acima recordei e relatado pelo DN, têm aparecido notícia dispersas, e até se fala que o PRR terá 500 milhões para concretizar um brinquedo naval que teria a bordo muitas "piranhas"! A tal história das piranhas para irem atrás de baleias. Não faço ideia se as Orcas/ baleias assassinas não chegarão para as piranhas! Adiante.

Uma coisa sei.
Há uns senhores que gostam de se ver enganados e não controlam o seu ego desmedido. 
Não perceberão o que é o sr Costa?
500 milhões?
É tão fácil fazer com que o tal estaleiro que há dias se dizia estaria em principio interessado no brinquedo naval não mexa um dedo. 
E o sonhador ficará a chupar no dedo. Será difícil de perceber?

Tenho um amigo que por razões de carreira teve a felicidade de um dia, uns meses antes do 11 de Setembro de 2001, lhe ter sido proporcionado acompanhar durante algum tempo um voo de treino de um drone americano. Não era bem uma piranha portuguesa, era um bicharoco que voaria várias horas até um sítio quentinho no Mediterrâneo e regressaria. O controlo do voo estava a ser feito num "sítio" do estado da Virginia, um dos vários de onde fazem essas coisas.

E cito isto para falar em custos de certos brinquedos. Este que cito é carote! Só o custo de uma hora de voo dará para provavelmente comprar 4 ou 5 piranhas mais tecnológicas!

Parece-me evidente que há que apostar nas tecnologias. 
Mas é importante abordar seriamente o assunto - defesa do interesse nacional no Oceano sob jurisdição nacional - e não com propaganda e demagogia. 

Aguardemos para ver o que se segue a uma recente apresentação de um porta piranhas que, se li bem o DN, não terá corrido assim tão bem como apregoado. Apresentação feita fora da Marinha.
Aguardarei com curiosidade para ver se vem à luz do dia alguma proposta de algum estaleiro. Em Portugal conheço só um com capacidade. 

Diz-me a experiência de vida e o conhecimento do que são os pantomineiros que por aí andam que nos tempos mais próximos o sonho não passará disso mesmo, um sonho. Dará azia a alguém?

António Cabral (AC)

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