domingo, 19 de fevereiro de 2023

O  ALTAR  PALCO
É NECESSÁRIO ALTAR ? CLARO. 
MAS. . . . MAIS QUE UM ?
E . . . . QUEM DETERMINOU ?
MAS . . . . e  QUEM PAGA ?


(com a vénia devida ao autor)
Agora que, aparentemente, os assuntos versando a JMJ parecem estar a serenar um pouco ou melhor, como conseguiram uma diminuição do preço do altar-palco e, por outro lado, o burburinho com os professores, mais as questões de imigração, mais as de habitação, mais os abusos sexuais no âmbito da igreja católica portuguesa, mais o falatório sobre a Catarina e a Mortágua, é agora altura de umas palavrinhas da minha lavra, discutíveis naturalmente.
 
NOTA PRÉVIA
: sou católico, poucas vezes vou à missa.
Sei que o Estado é laico (Art 41º CRP…. igreja e outras comunidades religiosas separadas do
Estado) mas sei também quais as nossas origens, e não deve ser esquecido

Sendo o Estado laico, isso não deve impedir a participação dos titulares de órgãos de soberania em eventos como a JMJ agora tão falada.
JMJ que tanto contentamento deu no ano da confirmação da outorga a Portugal /Lisboa, contentamento no governo PS e designadamente ao sr Costa, ao presidente da CMLisboa o sr Medina, e ao PR o sr Dr Marcelo com aquelas declarações no mínimo patéticas.
E contentamento nas "selfies". 
Os patéticos contentamentos do costume, como em outros eventos, musicais, futebol, eclesiásticos, etc.
Fui seguindo as notícias na comunicação social e pela internet até que passaram para segundo plano e, mais uma vez, parece-me evidente que sobressaiu a falta de rigor, a isenção, o esclarecimento transparente. 
O costume, portanto.
E, até ao momento em que escrevo, sobressaiu e de que maneira a postura execrável de alguns. 
Por esse mundo fora os circos têm desaparecido ou minguado, designadamente à conta das questões relativas aos animais. 
Mas, por cá, cada vez temos mais palhaços e idiotas, mas sem graça nenhuma. 

Logo que saiu a primeira notícia sobre o custo astronómico e pornográfico (para mim, naturalmente) o galo comentador do reino grasnou - quero saber a “razão de ser” dos custos do altar-palco em que o Papa Francisco vai celebrar a missa final da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Depois, como é seu costume, no mesmo dia ou no dia a seguir, voltou a grasnar em sentido contrário, para mais adiante vir avisar que tudo devia ser como Francisco desejaria. As palavras não terão sido exactamente estas, mas trata-se do patetismo habitual. 
Ah, e justificou que o palco irá servir para muitas outras coisas, até disse - interessantes
Esqueceu-se de referir as modificações necessárias para essas outras utilizações, como retirar a cruz, paramentos, etc. E mais custos.

A par da gritaria sobre o palco e os seus milhões, tivemos o patético do costume que sempre se julgou rei de Lisboa, a comentar e a falar de outros projectos. Devia estar a pensar também em jardins!

Uma primeira pergunta: não se vai repetir o caos financeiro de muitos outros eventos ?
Dizia-se no início, mais de cinco milhões para o tal altar-palco, ás custas da CMLisboa. 
Um dos requisitos (requeridos por quem?) seria que o "bicho" aguentasse com 2000 almas. Consideraram que as almas pesariam pouco. 
Quando me apercebi disto fui às minhas fotografias de Fátima e olhei para o altar que lá está, sofisticado, branco, e que mostro.
Este altar, como se pode observar, tem a seus pés uma escadaria muito relevante e "lá em cima" não cabem de certeza mais do que umas muito poucas dezenas de almas, em que a maioria serão os diferentes participantes das cerimónias. 
Uma coisa assim em Lisboa não teria dignidade para o Papa Francisco?

Uma das questões óbvias a colocar é - quem paga, quem paga o quê, e porque paga.
Uma coisa é indesmentível, as Jornadas Mundiais da Juventude foram uma criação de um Papa, criação do Vaticano/ Santa Sé. Portanto . . .

E logo aqui, na questão de quem suporta os custos totais inerentes ao evento, se pode questionar que verba dos custos totais é suportada pelo Vaticano, pela Santa Sé. Pagará alguma parcela? 
Posso ter andado distraído, mas ninguém questionou isto. 

Tem-se questionado e por exemplo em comparação com o que antes ocorreu em Espanha, as despesas com uma Jornada Mundial de Juventude virem em Portugal a ser pagas em grande parte com dinheiro dos contribuintes, com dinheiro do OE. Se calhar de longe a maior fatia.

É conhecida a frase de António Costa de 27 de Janeiro de 2019 - “Conforme oportunamente transmitido ao Presidente da Câmara de Lisboa e ao Cardeal Patriarca D. Manuel Clemente, o Governo assegura todo o apoio que seja necessário para garantir o sucesso deste evento extraordinário para crentes e não crentes”. 

A JMJ 2023, foi encarada com júbilo compreensível, e até com excesso de exuberância e palhaçada típica de bimbos. 
Foi encarada e propagandeada como mais uma grande festa em país desenvolvido senão mesmo super-desenvolvido.

Trataram de começar o planeamento logo em Fevereiro de 2019?
Claro que sim, dirão os socialistas com Medina à cabeça. 
Mas, como de costume, nem Medina especifica concreta e detalhadamente o que enquanto edil fez e mandou fazer de facto, como o edil Moedas não explica detalhadamente o que estaria feito ou por fazer quando lá chegou. 
O costume, sempre declarações genéricas de todos, de todas as cores.

Depois, em início de 2020, a doida da pandemia estragou tudo e todo o planeamento parece ter ficado congelado até à entrada de Moedas na CMLisboa, uma entrada que foi uma enorme e desagradável surpresa para Medina e Costa. 
A realidade parece ser a de que está quase tudo atrasado menos o brilhantismo do coordenador Sá dos jardins.

O Papa é obviamente muito bem vindo a Portugal. 

Mas a realidade é que assim que vieram à luz do dia os custos estimados, quem em tempos tomou decisões com custos a pagar  querem fugir das suas responsabilidades políticas, até parecendo que em 2019 não foi nada com eles. 
Porque em Janeiro de 2019 estávamos muito longe da pandemia (a mais de um ano) e, provavelmente, nem governo de Costa nem Medina fizeram grande coisa, se alguma fizeram.

Não sei porque carga de água se disse - é uma “vitória de Portugal”, da língua portuguesa e da lusofonia, e uma abertura a África porque Portugal é uma plataforma giratória para todos os continentes mas sobretudo para África. Será mesmo assim?
É que portas giratórias há muitas cá dentro, efectivamente, mas com péssimos exemplos!

Voltando aos requisitos, que agora foram aligeirados para o palco-altar, quem os definiu:

Foi o patriarcado de Lisboa ?
Foi a Conferência Episcopal Portuguesa ?
Foi o Vaticano ?
Foi a Câmara Municipal de Lisboa ?
Foi o governo PS ?
Foi a equipa da eminência que há poucos dias se confessou "magoado" quando noticiado o custo do altar-palco?

Nunca saberemos com rigor, mas estou em crer que foi conversado entre vários. 
Entre várias eminências das tais que não se escusam de ser convidadas para faustosas festas de aniversário no estrangeiro!
Quando a bomba rebentou, foi aquilo a que se foi assistindo. Uma pouca vergonha de desnorte, descaramento, fingimento, virgens ofendidas!

Pela Constituição não compete ao Estado ou entidades públicas promover ou organizar cerimónias religiosas qualquer que seja a religião. Um mero detalhe.

Mas dado o que se passou em Janeiro de 2019 haveria que ter decência, coordenar, e definir que os custos deveriam pesar muitíssimo pouco aos contribuintes portugueses, e tratar que assim viesse a ser. Mas assim não entenderam.

Enfim, quase para terminar, centenas de milhares de jovens em Lisboa e arredores vai dar burburinho.
Quando se forem embora, como estarão as áreas circundantes aos Jerónimos, Parque Eduardo VII, e etc.?

Anda Pacheco, ou seja, um custosinho mais a pagar pela CMLisboa, coisa irrelevante, não é verdade?

Por último, Moedas e os seus émulos socialistas como o Sá e muitos outros, falam de um grande retorno financeiro para o país.
Olhando à história nacional recente, a história nega isto.

Ou será que Moedas e outros inarráveis estão a pensar que as centenas de jovens vão ocupar todos os hotéis de 4 e 5 estrelas do distrito de Lisboa?
Ou que vão tomar as refeições em restaurantes?
Ou que vão todos aos museus?
Ou que pelo menos metade deles vai gastar uma média diária de 100,00 euros em aquisições no comércio nacional?

Como alguém já disse, temos sempre grande retorno de certas coisas, mas a realidade é que continuamos como de costume.

O cantador/ comentador-mor em Belém, que fala sobre tudo e mais alguma coisa, calou-se depois das primeiras tiradas.

Parece não o incomodar mais que um governo assim esbanje dinheiro dos contribuintes como se perspectiva nesta festarola. 
Será isto?
Amén.
AC

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