Eleitores fantasma
por Henrique Pereira dos Santos, em 06.01.24
Há uns amigos meus, da situação, que passam o tempo a dizer que ninguém tem saudade da PAF ou de Passos Coelho.
Têm razão, ninguém tem saudades da PAF que ganhou as eleições em 2015, provavelmente com eleitores fantasma, os mesmos que costumam dar maiorias a Cavaco, sem que se encontre uma única pessoa que alguma vez tenha votado em Cavaco.
Só que ninguém vota por nostalgia, as pessoas votam pelo que acham que as vai beneficiar ou prejudicar no futuro (em rigor, votam no que acham que as vai prejudicar menos no futuro).
Sobre o que as pessoas pensam que a geringonça representa, ou representou, para o seu futuro, ninguém sabe, porque nunca ninguém votou na geringonça, como todos sabemos.
Suspeito que ninguém avisou Pedro Nuno Santos da existência destes eleitores fantasma, sejam os que fazem pessoas ganhar eleições sem ninguém votar nelas, sejam os que votaram em governos que não se apresentaram a eleições.
Creio entender HPS neste texto e concordo com ele praticamente em tudo o que expressa.
Esta frase - (em rigor, votam no que acham que as vai prejudicar menos no futuro) - no meu entendimento naturalmente, é porventura um excelente retrato do que julgo acontece desde sempre com a maioria dos meus concidadãos.
Acrescento, em relação aos meus concidadãos creio que há imensos que votam com uma elevada percentagem de seita, de facciosismo.
A maioria das pessoas a quem repugna o governo PAF/ Passos Coelho não cuida de distinguir várias coisas.
Pessoalmente, como o escrevi aqui ao longo dos anos, foi no mínimo indecente, repugnante e lastimável toda aquela retórica do imigrem, das questões geracionais e outras, que nada tinham a ver com contas, deficit, impostos, OE.
Outra coisa diferente, é não quererem recordar quem rebentou com o país e que foi o PS através dos governos Sócrates. É não quererem recordar quem chamou a ajuda estrangeira, e quem teve e historicamente tem a responsabilidade do desgraçado memorando que nos estrangulou.
Não deviam esquecer a origem.
Outra coisa ainda, é recordar a diferença de actuação do Tribunal Constitucional nessa altura que condicionou a busca de dinheiro e a consequente necessidade de mais carregar nos impostos. Embora creio que tenha sido importante olhar aos direitos das pessoas.
Outra coisa ainda é não querer recordar quem começou a cortar nas reformas. Lembro-me bem a fatia que no 2º governo Sócrates me foi tirada da minha reforma.
Enfim, sem ponderação racional, sem seita, sem facciosismo Portugal não tem concerto. Oxalá eu esteja redondamente enganado.
António Cabral (AC)
Sem comentários:
Enviar um comentário