Albuquerque deixou a garantia: “estou disponível para tudo aquilo, independentemente dos meus interesses, que seja do interesse da Região Autónoma da Madeira”. Para o chefe do executivo demissionário, é determinante analisar os “interesses fundamentais da região”, para além da conjuntura e das questões política e mediática.
“Eu estive 30 anos de serviço à Madeira, ao desenvolvimento da Madeira, e neste momento tenho de continuar, aliás como fiz ao longo da minha vida, a olhar para os interesses primaciais, são as famílias, são as empresas”, disse, para logo acrescentar: “Nós não podemos ter aqui uma situação de instabilidade económica e social que traga regressão para o desenvolvimento da região. A minha disponibilidade, o meu desprendimento é total. Quero dizer, neste momento, que não estou agarrado de maneira nenhuma ao cargo”, afirmou Albuquerque.
Os interesses. Afirma-se um desprendimento total. Importam os interesses da Madeira, das famílias, das empresas.
Tudo isto que se passa agora na Madeira recorda-me os anos de 1969, 1975, 1980 e 2003.
1969 - a primeira vez que fui à Madeira.
Recordo-me do ambiente, de uma certa e visível pobreza, de zonas da ilha (i.e. Curral das Freiras) onde a degradação e a indigência eram notórias e o acesso rodoviário era assustador.
Recordo como era o trajecto do aeroporto até ao Funchal, a sinuosidade das estreitas vias, as voltas, a demora.
1975 - Regressei à Madeira, estive lá quase dois meses. Poucas diferenças encontrei.
Também visitei Porto Santo, uma praia estupenda, mas uma desolação.
1980 - Várias diferenças, mas nada do fui encontrar anos mais tarde.
2003 - Estive apenas na Madeira. Irreconhecível, olhando para as minhas memórias. Hotéis, turismo, ambiente, infra-estruturas….. Do aeroporto ao Funchal um instante, túneis, vias largas, rapidíssimo.
Por razões profissionais estive na celebérrima Quinta da Vigia, ao fim de uma tarde.
Tive/ tivemos direito a um briefing sobre a região e nomeadamente na vertente da economia, do desenvolvimento da região.
O "anfitrião", bonacheirão, um sabidão, recebeu-nos principescamente, e tivemos uma excelente apresentação. Nada de "powerpoint".
Um quadro branco, preenchido com inúmeros tópicos e apontamentos escritos com canetas de cores várias, e o anfitrião agarrado a um típico ponteiro de madeira.
Recordo como se fosse hoje.
Vivia-se no país um tempo de apertos financeiros, com a ministra das finanças a ser protagonista de imposições diversas para controlar endividamentos da República, das Regiões, e das autarquias.
A dada altura, no âmbito do financiamento de projectos, obras, infra-estruturas, etc., o nosso anfitrião disparou mais ou menos isto - oh meus senhores, a senhora ministra decidiu . . . . mas oh meus senhores, e os interesses da Madeira?
E explicou, de forma clara, com o maior dos à vontades como contornou todas as decisões ministeriais!
Quem visita a Madeira e o Porto Santo só pode ficar impressionado, positivamente.
Desde que Alberto João Jardim tomou as rédeas do poder na região, salvo erro logo em 1976, a região levou uma brutal (no bom sentido) reviravolta.
As estradas, as auto-estradas, as diversas infra-estruturas, assistência social, apoios no âmbito da saúde, o bem-estar geral da população, são uma evidência.
Uma região que, tal como outras nos Açores, tinha zonas e pessoas ainda piores do que em 1974 havia em Trás-os-Montes ou Alentejo, ou Beiras, ou serra Algarvia, mudou completamente.
Transformação drástica.
Como em tudo na vida há sempre reversos das medalhas.
Como é que a comunicação social sobretudo a local mas também a nacional, escrutinou os negócios e o desenvolvimento na Madeira?
Será que a comunicação social Madeirense foi sempre coagida pelos sucessivos governos regionais?
Como olharam os governos nacionais e os sucessivos Presidentes da República para a Madeira, para o Jardinismo, e para o seu sucessor?
E quanto à Câmara Municipal do Funchal, alguma coisa de essencial mudou quando a gestão não foi PSD?
Respostas certamente interessantes. Fico por aqui.
AC
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