quinta-feira, 26 de março de 2015

COMO SE AVALIA UMA VIDA?
Pelos anos vividos? Pelos êxitos e sobressaltos? Pelo exemplo dado? Pelo que dizemos que foi ou não foi? Todas as pessoas têm defeitos e qualidades, sofrem umas mais que outras, todas aspiram a vida digna e feliz. Muitas não têm acesso ás mesmas oportunidades que muitas outras. Independentemente de tudo, algumas pessoas vivem com extrema dignidade.
Hoje foi um dia triste. Muito triste. Ela tinha 58 anos. Faleceu ontem, hoje foi cremada. O seu tormento, iniciado em Novembro de 2013 chegou ao fim. A sua incrível força, a elevada dignidade no " viver " não foram bastantes. Acabou este ciclo de vida.
Conheci-a e aos irmãos e aos pais em virtude do meu casamento em 1970, tendo visto os pais nos finais de 1969 quando pela primeira vez fui á aldeia. Aldeia que ficou para sempre"minha".
A vida não se conta pelos anos. Se assim fosse, ela teria várias vezes 58. Embora fossem só 58 de bilhete de identidade. Chamava ao pai " Miau ", se a memória não atraiçoa. Entre 1970 e 1993 convivi muito com os pais, longas conversas com o pai, via-a e aos irmãos nas férias. A vida tem destas coisas, os meus filhos sempre foram muito acarinhados por eles todos, havendo uma especial ligação entre o meu filho mais novo e o irmão a seguir a ela, apesar da diferença de idades de cerca de 20 anos. Eu sempre os tive no coração, e as distâncias entre as terras não atenuaram os laços.
Ela tinha só 58 anos. Foi um dia muito triste. A vida de facto não se mede em número de anos.
António Cabral

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