Fui chamado há pouco para ir rever na RTP as declarações do presidente da câmara municipal de Mação a perguntas da jornalista Ana Lourenço.
E há momentos, deparei com um comentário num blogue em que alguém sugeria que se pensasse em Portugal mais como um sítio do que como País, pois assim haveria menos desconsolo com tudo o que se vem passando.
Talvez exista na sugestão algum exagero, mas a dúvida pode eventualmente instalar-se.
E por isso aqui vai, uma pequenina parte do que me vai na alma, e que vem de há muitos anos e sobretudo desde 1991, mas com especial enfoque a partir de 2001.
Não são teorias da conspiração, é apenas o que os meus olhos têm visto, ao longo dos anos, neste desgraçado País, onde é bom viver com dinheiro, algum, com alguns confortos, com espírito crítico que não o estúpido bota-abaixismo. E não sou de "achismos".
Basta querer ver, poder ir ver, ter para isso mapas e registos como abaixo e querer pensar, sobre o que evoluímos desde 74 mas também sobre os desequilíbrios e desigualdades, e os abandonos.
Quando observei há poucos dias consequências de incêndios como a foto abaixo mostra, de uma aldeia que, em permanência, já tem pouco mais de 70 residentes e salvo erro 3 crianças e o resto de 50 anos para cima, voltei a matutar no que é a realidade portuguesa.
Particularmente, e como tenho periodicamente feito ao rever mentalmente e nos meus apontamentos as dezenas e dezenas de aldeias e vilas por mim visitadas nos últimos anos com escassos habitantes (Juncal em 2013 tinha 3 permanentes) e o que lá não existe há anos e anos, interrogo-me sempre, que realidade:
> se a realidade que alguns blogues tentam descrever,
> se a realidade dos bem pensantes que gastaram o fígado por esse mundo,
> se a realidade dos que assinaram o memorando da Troika pelo lado do PS e dos que assistiram e concordaram pelo lado do PSD,
> se a realidade de tonalidades diferentes descrita nos jornais Expresso, DN, JN, JNegócios, Público, Correio da Manhã, Observador,
> se a realidade difundida por este e anteriores governos,
> se a realidade observada em zonas centrais de Lisboa, ou Cascais, Estoril, Porto, Coimbra, Quinta do Lago,
> se a realidade do bairro escondido atrás de um muro numa das entradas de Castelo Branco,
> se a realidade do que se observa da Avenida de Ceuta ou na Serafina,
> se a realidade observada andando pelas estradas nacionais e pelas municipais e parando nas aldeias,
> se a realidade observada pelo que vem dentro dos carrinhos em centros comerciais e supermercados,
> se a realidade dos concertos ao Largo, ou no CCB,
> se a realidade dos que já começam a meter 15,00€ de gasolina,
> se a realidade dos que têm um Fiat Punto em terceira mão, velho e cheio de mossas e que avaria frequentemente,
> se a realidade de alguns políticos e deputados do CDS, PSD, PS, BE, PCP, ou das franjas que só aparecem nas eleições.
Quantos conhecem: Paul, Amieira do Tejo, Alvega, Envendos, o gradual desaparecimento da capital de distrito Portalegre, Flor da Rosa, Segura, Rosmaninhal, Zebreira, Adingeiro, Escalos de Baixo, Louriçal do Campo, Foz do Cobrão, Fornos de Algodres, Évora-Monte, Noudar, Martinhal, Gondarém, Barranco Velho, Estói, Quelfes, S.Teotónio, Garvão, Poceirão, Reguengo, Couço, Brufe, Pitões das Júnias, Arcos, Pedras Salgadas, Soutelo de Aguiar, Remondes, Ucanha, Alcafache, Penedono, Ínsua, Vila da Ponte, Granjal, Piodão, Candal, Troviscal, ETC.
Quantos têm noção razoável sobre quem vive nas serras Algarvias (andem na N2 por exemplo), na Serra da Lousã, na Serra Amarela, na Serra da Lapa, Candeeiros, Gardunha?
E sobre cada aldeia e vila é pensar, que indústrias lá estão e sobretudo estiveram (há 60 anos, em 1980, em 1990, em 2000), que turismo, que escolas, que apoio médico, que agricultura, que campos abandonados, que postos de distribuição de combustíveis, que oficinas de reparação de alfaias e tractores e carros, e por aí fora?
É fazer basicamente 36 000,00 KM /ano, e depois conferir com o que dizem, comentadores, governantes todos, titulares de órgãos de soberania, OCS.
É o meu País, mas a inclinar-se para um sítio abandonado, 30 Km para dentro de linha a partir da costa.
Por exemplo, antes de 1974, aqui havia uma vinha boa.
Mas... oh, António, ...eles pagam tão bem para a arrancar.........
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