sábado, 5 de agosto de 2017

QUEM LIMPA?  QUANTO CUSTA?  CAPACIDADE?

Mais um ano que está a ser trágico. 
Dizem-me - ah, o Sul de Espanha França e Itália estão com problemas idênticos. Pois!!!
Não sou especialista, não sou bombeiro, não integro a estrutura da ANPC, menos ainda as estruturas partidárias, ou ONG's dedicadas à agriculta florestas agro-pecuária e afins.
Não sou de "achismos", mas muita coisa me faz espécie, e há muito anos. 
Procuro pensar, mas uma coisa tenho a certeza, este é um dos maiores problemas da sociedade portuguesa e sendo-o, e arrastando-se há décadas, acho muito estranho que não o ataquem a sério.
Ou se calhar não é nada estranho.
O que conheço neste âmbito?
Muito bem a Beira-Baixa, razoavelmente a Beira-Alta, o Minho, o Alentejo, algumas regiões dos Douros's, o Algarve, o Ribatejo. 
Isto para dizer que tenho uma noção exacta e muito concreta das enormes diferenças de regime de propriedade no Portugal Continental. 
Acrescento que tenho uma noção muito exacta das transformações graduais e, na minha perspectiva trágicas, no plano sócio-económico e inerente despovoamento do território. Noção muito concreta desde 1969.

Andam por aí uns farsantes sem nenhuma vergonha na cara que se vangloriam de apagarem mais de 80% dos incêndios em menos de hora e meia. Dizem por aí que 1% garante 90% dos grandes problemas, mas eles andam e continuam ufanos e contentes.
Dizem-me que em Mação foi há algum tempo colocada no terreno uma logística piloto aparentemente com resultados positivos. Mas este ano Mação ardeu violentamente, outra vez.
Ouço dizer aos governantes que as ajudas estão já no terreno. Ouço autarcas das zonas afectadas a dizer que não é bem assim.
A legislação  determina limpezas de matas e florestas, 50 mts à volta de casas, 10 mts à volta de estradas. Vê-se por todo o País que nada disto ocorre. 
À boa maneira da demagogia da patética actriz, devem faltar fiscais!!!!

As fotografias supra são de Julho passado, mostrando uma pequeníssima parte daquilo que em 1969 era uma pujante quinta, bem explorada, dando lucro, muita fruta, vinho, aguardente, etc.
Dizia-me em 2007 a velhota vizinha na aldeia - "o avô da sua senhora não era dos piores patrões". Senti um ligeiro arrepio na espinha. Sim, sei bem que as condições laborais eram más.
A realidade da vida ditou a herança desta e outras por vários, o abandono, o desaparecimento de quem lá trabalhava por morte e mudança de ares. Mas a terra está lá, agora com um a tentar diminuir o matagal, que não vos mostro.
Os pomposos, como Costa, Capoulas, Cristas, palram muito, mas não me encantam.

Neste âmbito existem múltiplos factores e problemas conhecidos mesmo para um leigo em agricultura, agro-pecuária, floresta.
Regime de propriedade muito variado, a questão das espécies arbóreas (pinheiro, eucalipto, carvalho, castanheiro, sobreiro, cerejeira, azinheiro, etc), o tema cadastral das propriedades, a prevenção que devia ser executada do fim do Outono ao início da Primavera, a reforma da floresta, a gestão da paisagem, a actividade de produção florestal e inerente rentabilidade, biomassa e necessárias centrais de tratamento, gestão de matos, indústria da celulose/ do papel, logística de combate aos incêndios, etc.
Também não é preciso ser licenciado para perceber que combater um incêndio numa cidade não é o mesmo que no campo e é certamente diferente nos processos nos meios nas técnicas e na formação. 
E sobretudo, deve haver ou não continuação de respeito pela propriedade privada? E não urge estabelecer regras para o País em que se ponderem os minifúndios e etc, mas em que os beneficiários venham a suportar os custos dos benefícios que resultarem do ordenamento a definir?  

Porque arde tanto?
Não sei bem. Mas não sendo especialista, e usando a sabedoria popular inerente a qualquer cidadão simples, é fácil concluir que 99,99% dos incêndios não começam por causa de trovoadas secas, downbursts, reflexos de janelas.
Certamente que a esmagadora maioria dos incêndios é provocado por mão humana, fogo posto. Sim, uma pequena percentagem por maluquinhos mesmo, maluquinhos que acham piada ás chamas e  filhos da **** que são pagos para tal.
Ah, prove isso que está a dizer.
Bem, eu não posso nem me compete provar nada mas, de acordo com o que é noticiado há anos, cada ano prendem dezenas e dezenas de pessoas. O que lhes aconteceu? Molduras penais? Juízes a mandar para casa e a dar sempre outra oportunidade?

Eu não estou a insinuar nada mas vamos lá a ver:
> Como está a legislação? não é pornograficamente branda?
> É só garantias, e todos os anos derretemos milhões dos nossos impostos a engordar.........QUEM?
> E todos os anos a destruir património?
> Não se devia olhar para isto a sério?
> Das dezenas e dezenas pirómanos apanhados ao longo dos anos, nenhum foi com a boca na botija? O que lhes aconteceu? Não existe aí nada para ponderar, alterar?
> Será que não há também uns problemas à volta de terrenos de caça? Invejas? 
> E a venda da madeira queimada?
> Não se devia investigar a sério esta história dos negócios e contratos das aeronaves?
> Não se devia investigar quem está por trás dos fornecedores de material para combater incêndios incluindo tudo o necessário para equipar homens?
> Não seria de passar a pente fino, digamos desde há 30 anos, os concursos e toda a gentinha que se reclama de nunca estar a ferir o código deontológico profissional?
> Quem beneficia do quê?
> E que tal olhar para certas revistas ligadas ao sector?
> E a questão da Força Aérea?
> Tanta estrutura, tantos "boys" e "girls" na ANPC, tanta PJ, tanta proteção civil local, regional, nacional, tantos bombeiros e associações e ligas dos mesmos, tanto helicópterozinho pequenino a combater chamas, tanto SIRESP, tanto dinheiro a escorrer para tanto lado e NADA, continua-se a NADA SE FAZER?

"Ah, na AR estão a resolver agora, finalmente, o problema".
DESGRAÇADO PAÍS,  desgraçados de NÓS.

Eu sei que, infelizmente, entre muitas outras coisas faltam cabras para ajudar na limpeza de pastos.
Mas cheira-me que há  é  ****ões a mais.
Como dizia o outro - Portugal é um País demasiado pequeno para se roubar tanto.

António Cabral (AC)

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