EXÉRCITO, 25 NOV 1975, BIRRAS, POLÍTICA de CHINELA
Ontem Domingo soalheiro, na minha primeira passagem pelos títulos via NET, já muito tarde para não cansar com a falta de qualidade, esbarrei no DN com uma notícia do especialista (????) em assuntos militares, "Freire". Salvo melhor opinião é mais uma notícia que evidencia a podridão que grassa em muitos sectores da vida nacional, e que se agrava de dia para dia.
Sectores civis e militares.
Podem retirar-se do artigo os seguintes tópicos:
"Associação de Comandos", o "25 de Novembro de 1975", o "Exército", o "actual Chefe do Exército", um "coronel recentemente exonerado", esta coisa para mim inacreditável de um inferior mostrar na véspera ao seu superior o discurso que vai proferir no dia seguinte, a "política de chinela cada vez mais em voga", o "titular da tutela militar", o "Presidente da República" (e os seus conselheiros?).
> Exército - O Exército é um dos Ramos das Forças Armadas (FA); a instituição militar é um pilar de Portugal, de sempre, e particularmente de 25 de Abril de 1974 até hoje.
Uma instituição como esta, fundamental, deve ser respeitada por todos, mas o respeito que lhe é devido também assenta, e MUITO, na actuação da sua liderança num dado momento temporal.
Quem eventualmente não der exemplo, quem não respeitar, quem não souber respeitar, muito contribuirá para o descrédito da instituição a que pertence.
> Associação de Comandos - Foi fundada há muitos anos. Victor Ribeiro fundou-a se bem percebo, ajudou a fundá-la. A marcha inexorável da vida levou-o do nosso convívio. Falo em nosso, ainda que eu e, muito provavelmente 99,9 % dos portugueses, desconheçam quem era. Do que se lê, contribuiu muito para o sucesso do 25 de Nov.
Diz o DN que, horas antes de falecer em Março passado, recebeu a visita do Presidente da República no hospital onde estava, enfermo. Daqui se conclui que o PR sabia perfeitamente quem era. Respeitosamente, tenho algumas dúvidas. O gesto pode, certamente, voluntária ou involuntariamente, ser olhado na perspectiva de pequena alfinetada para alguém.
> 25 Novembro - Para o sucesso das operações militares do 25 de Novembro foi muito importante o papel desempenhado pelos comandos. O 25NOV continua a ser uma espinha encravada nas esquerdas radicais e moderadas. Têm que ter paciência, miolo de pão pode ajudar a sensação incómoda na garganta!
Para as gentes ou certas gentes do CDS e talvez franjas do PSD, continua a ser uma coisa que gostam de atirar ás caras dos outros.Tudo nada salutar, no meu entendimento, naturalmente.
> General CEME - Se o que o DN relata acerca do general Rovisco Duarte corresponder à realidade, não são precisas mais palavras para melhor se perceberem certas coisas. Tenho experiência de vida mais que suficiente, e conhecimento directo de muitas situações (antes e depois do 25ABR74), para saber que muitas das coisas como as que o DN diz terem sido as reações do sr general, passaram-se com muita gente que se julgava acima dos outros e passam-se no presente. Disse-me quem sabe, que o ano passado por exemplo, durante os incêndios, também certos figurões desataram aos berros com colaboradores. Mas é vê-los hoje emproados, e bajuladores e venerandos, como sempre convém à carreirinha.
> Exonerações - Quer nos meios militares quer nos civis, e sempre foi assim, sempre, existem nomeações e exonerações que, por esta ou aquela razão, acabam por ser controversas. Algumas vêm à luz do dia, muitas não.
Não me admirará que a gestão de recursos humanos nos comandos tenha decorrido dentro de procedimentos discutíveis.
Mas o que pessoalmente me desgosta mais, é ficar com a sensação de cada vez mais a política estar a ser levada para dentro de"quartéis". Tenho cada vez mais essa sensação.
Como tenho a noção exacta de que a nomeação das chefias militares se politizou escandalosamente desde Fernando Nogueira. Nada salutar.
E ainda neste capítulo, há outra coisa que a mim me faz sempre sorrir, quer para a estrutura militar quer para a estrutura da administração pública e máquina do Estado. Quando há alguma situação que, com razão ou sem ela dá burburinho, aparece sempre uma "fonte" a dizer que fulano "é excelente e toda a gente o diz".
> MDN, tutela militar - O DN refere algumas coisas que assentam como uma luva naquilo que se conhece do MDN.
> Cerimónias militares e discursos - As cerimónias militares, tal como acontece na sociedade civil, são diversas, mais ou menos pomposas, mais ou menos exaltantes, celebrando ou não passados gloriosos, evocando pessoas, empossando chefias, etc. E como acontece no meio civil, em muitas é usual haver discursos. E, para algumas delas, conhecem-se regras precisas quanto a quem discursa numa determinada cerimónia. Em qualquer cerimónia há uma entidade, militar ou civil, que preside.
E, portanto, quem preside, seja civil ou militar, tem uma precedência protocolar superior a quem, ainda que tenha também uma certa precedência protocolar, dirige ou é responsável pela realização da cerimónia.
Na minha experiência de vida, sempre soube que antes do 25ABR74 muitos civis e militares davam prévio conhecimento dos seus discursos. Era a "carreirinha", e o "respeitinho".
Depois, na nossa história recente, conhecem-se casos em que o procedimento "vai fazendo o seu caminho". Pessoalmente nunca o fiz, era só o que faltava. Mas, ao mesmo tempo, também deixo bem claro, que quem tem, como eu também tive e por mais de uma vez, discordâncias com quem mais mandava, não o deve manifestar publicamente.
Para isso existem outros meios, formais, existe o direito administrativo e os estatutos das profissões, e também os pedidos de audiência e sobretudo as cartas pessoais registadas e com aviso de recepção, não ofensivas, duras, frontais.
Penso inadequado "picar" em público.
O peito ás balas dei-o em privado, directamente e continuo a defendê-lo como o adequado procedimento.
> Presidente da República - o Presidente da República visitou no hospital o sr Victor Ribeiro, e creio que o condecorou. Parece-me legítimo presumir que foi a casa militar que "estimulou" o Presidente. Nada a dizer.
Mas, como aliás o próprio Presidente muitas vezes já o indicou, os seus actos podem ser lidos por todos os cidadãos. Foi certamente merecida a visita do Presidente, como provavelmente tardia a condecoração. Mas, não posso também ver em tudo isso uma alfinetada para alguém?
> Política de chinela - Política de chinela é como muita coisa me vai parecendo. Como por exemplo certos votos de pesar na AR vindos de todas as bancadas porque, passando os meses, encontram-se por vezes mais casos que, por semelhantes, deviam ter direito a voto de pesar, mas NADA.
Na política de chinela caem também, por exemplo, certos figurões que, por dominaram bem a língua portuguesa e saberem bem quão sofrível são os que periodicamente os confrontam, recorrem a argumentação e comentários lastimáveis.
Enfim, é como estamos, e creio que não estamos nada bem.
António Cabral
Ps: SOALHEIRO - exposto ao Sol; quente; reunião de pessoas ociosas, geralmente sentadas ao Sol, para murmurar da vida alheia; má língua.
Olhando a isto, está bem de ver que, e presumindo verdadeiras as palavras que o DN cita como tendo saído da boca do ministro Azeredo Lopes, a intenção desse senhor foi manifestamente denegrir. Olhando ao seu passado, por exemplo na ERC, nada espanta.
Se tentaste fazer alguma coisa e falhaste, estás em bem melhor posição que aqueles que nada ou pouco tentam fazer e alterar e são bem sucedidos. O diálogo é a ponte que liga duas margens. Para o mal triunfar basta que a maioria se cale. E nada nem ninguém me fará abandonar o direito ao Pensamento e à Palavra. Nem ideias são delitos nem as opiniões são crimes. Obrigado por me visitar
segunda-feira, 13 de agosto de 2018
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