A CULPA É DE QUEM ?
Não sei precisar no tempo mas é de há muitos anos que isto se passa na nossa sociedade, e a culpa não me parece que seja do aborto perdão, do acordo ortográfico (AO90).
De há muitos anos que é assim, que em sociedade somos tratados por - sr José - sr António - Sra. Fátima - etc.
Apelido, por exemplo, é coisa que desapareceu. Podem chamar-me conservador, por exemplo, mas não me refiro a exigências de tratamento como por Dr, Dra, Eng, Almirante, Sr Dr Juiz, etc., não é nada disso. Mas Antónios e Josés e Marias há aos milhares. Por que raio numa conversa simples por exemplo, numa loja, num telefonema da MEO, não hei-de ser sr António Cabral?
Para a consulta de hoje de manhã veio o alerta habitual, antecipado, a lembrar a consulta - Cara Maria, conheça a Linha Direta..... -
Cara Maria? FOGO!
Naturalmente, como sempre, admito estar a não observar por todas as perspectivas este pormenor em sociedade mas.............
Uma coisa me parece ser evidente: as última décadas demonstram a falência de certos aspectos da formação nas escolas e nas faculdades e muito também na educação em casa. Mas posso estar enganado.
Antes de terminar, e dentro do tema, conto em síntese um caso real, passado num restaurante muito simpático, na aldeia, onde fazem o favor de ter muita consideração pelos clientes (uma obrigação, aliás) e particularmente por mim. Há cerca de 8 ou 9 anos, convidei para lá almoçar um casal amigo, ele um insigne e reputado jurista no Porto e de alguma forma figura pública. A ementa já tinha sido por mim previamente combinada com o "chef", deixei ao meu ilustre amigo a escolha do vinho. O rapaz/ um dos funcionários (hoje em dia é chato dizer o criado?), uma das partes fracas do restaurante nessa época e felizmente depois corrigida, aproximou-se de nós - então os meninos que é que vão desejar?
Bom a coisa foi disfarçada pois eu rapidamente atalhei - o sr João Soares sabe e tem preparado quer os aperitivos quer a refeição e a sobremesa, traga-me apenas sff a lista dos vinhos.
E o almoço decorreu sem mais transtornos. Naturalmente, o rapaz, ouviu alguns trechos das nossas conversas, e apercebeu-se de nomes. Já no final do almoço, houve quase terramoto - então o menino Augusto não vai querer uma aguardente?
O Augusto, velho macaco de cu pelado das lides jurídicas, calmo e frio - agradeço a pergunta, mas não vou querer mais nada obrigado, e o meu nome é Augusto * *.
Claro que o rapaz não tinha grande formação e o dono do restaurante com o intuito de ajudar no plano do emprego num concelho com muitas dificuldades, não se tinha apercebido completamente das carências do jovem. Acontece. Mas a bem do restaurante aquele funcionário teve a seguir alguma formação complementar, mas não assimilou tudo. Não esteve lá muitos meses.
Mas actualmente estão a acumular-se coisas na sociedade que, pessoalmente, considero muito mais graves. Fica para "post" a seguir.
AC
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