OS  REIS  MAGOS

Nesta época Natalícia, deve falar-se da família, do procurar a união entre os homens, celebrar a harmonia e a paz.

Para os Cristãos, Jesus Cristo era /é, obviamente, o melhor dos melhores, frase vomitada à exaustão por fervorosos do nosso tempo contemporâneo.
A maldita pandemia trouxe ansiedade às famílias e aos amigalhaços.

Transtornou tudo, desfez temporariamente projectos de vida, desfez economias, atrasou o fornecimento de tudo e mais alguma coisa.

No passado longínquo, os reis magos trouxeram ao "menino" Mirra, Ouro e Incenso.

A Mirra era um composto usado no embalsamamento, e fazia referência ao sacrifício de Cristo e a sua ressurreição. Já o Ouro representava a realeza de Jesus Cristo, ressaltando o fato que ele era o rei dos judeus. O Incenso era usado nos templos, era um presente exclusivo aos sacerdotes, reforçando, assim, a divindade de Cristo.

Mas a pandemia tudo estoirou. 

O Ouro está pela hora da morte e não há para pagar seja o que for, nem para a palha da vaca e do burro quanto mais os miseráveis salários de José e Maria.

O Incenso nem nas lojas dos chineses os reis magos conseguiram arranjar umas gramas. Quanto à Mirra, com que os reis magos queriam presentear o menino nem vê-la.

Assim, o melhor que arranjaram para ofertar ao menino em berço instalado na cabana em Belém foi:

> em vez de Ouro, prometem-lhe melhores dias a partir de 2030, garantindo que pelo menos ao burro não faltarão gramas de palha de dois em dois dias,

> em vez da Mirra um paninho melhor sem estar coçado para o adornar, paninho embelezado com estrelas da cauda da Ursa Menor, e ainda um óleo de girassol egípcio da zona da pirâmide de Gizé para bem o olear,

> e em vez de Incenso, umas gramas de "Canabis" das propriedades do engenheiro. 

Lamentavelmente, por razões das restrições impostas por causa da pandemia Covid, e por razões de segurança nos caminhos, este ano os passageiros reis magos só vão conseguir chegar à cabana em Belém no dia 27 de Dezembro.

AC