quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

PROVOU…. GOSTOU…. EXPLICOU
Em catadupa, visitas, respostas aos jornalistas que o abordam há meses nos locais onde antecipadamente anunciado iria estar, entrevistas, discursos, conferências, mais entrevistas, distribuição das suas fotografias, recordações pessoais partilhadas. 
Uma campanha promocional, legítima, bem montada, há meses, confirmação de um estilo, pouco condizente com o habitual, em que os militares costumam ser mais reservados. Legítimo, repito. 

O Diário de Notícias (22DEZ) pela pena da especialista em assuntos militares (?) Valentina Marcelino, traz mais uma peça, enfatizando que o Governo quer Gouveia e Melo para revolucionar a Armada. 
Desta vez, finalmente, portanto, temos governo e temos homem para o leme. 
Agora sim, a Marinha vai por fim recuperar. A começar pela recuperação do destroçado Arsenal do Alfeite (AA). 
Ah,…. estão aqui a dizer-me que não será ele a poder fazer isso, a Marinha não manda no Arsenal,….. ok, "prontos"!

Mas, digo eu, se com Gouveia e Melo a Marinha vai ser uma das novas pérolas (tipo paixão, tão ao gosto socialista desde Guterres) do governo socialista "geringôncico" (que espero ganhe as próximas eleições, explicarei depois porque desejo isto), de certeza que o próximo governo Socrático perdão, o próximo governo de António Costa, reerguerá o AA. 
Sim, porque se Costa escolheu Gouveia e Melo para Chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA) é porque não quer que fique tudo na mesma naquele ramo das Forças Armadas (FA). 
A escolha não tem nada a ver com o perigo que seria para Costa e muitos outros, ter Gouveia e Melo à solta na vida pública. Certo?

Escreve a especialista (?) Valentina que o denominado herói das vacinas preconiza uma autêntica revolução na Marinha e, digo eu, quiçá no país! A especialista evoca o mar e refere que o herói preconiza que a Marinha seja uma espécie de catalisador para novas políticas de valorização do mar como ativo estratégico nacional. Eu concordo com a ideia.
A especialista acrescenta que é conhecida essa paixão de António Costa pelo mar (??) e, portanto, Gouveia e Melo encaixa na perfeição nos planos de Costa de o retirar da vida pública, perdão, de o colocar na Marinha. Até porque é sabido que António Costa é um apaixonado por "grandes causas e missões globais".

A especialista Valentina acrescenta o que se vai passar nesta 5ª F, 23 DEZ, o governo aprovará a coisa, e Valentina diz que, desta vez, não se esperam equívocos e sobressaltos, e amanhã 6ª F, Gouveia e Melo será entronizado perdão, será empossado pelo prof Marcelo Rebelo de Sousa (enquanto escrevo, parece que anunciaram isto agora na TV). Portanto, enquanto alguns profetizavam o pai Natal a chegar a 23, talvez chegue a 24 como habitualmente. Veremos. No entretanto, nada se sabe se Marcelo decidirá condecorar o actual chefe da Marinha. Por vontade de dois lá pelo Restelo seria degredado e não condecorado.

Mas a especialista Valentina debruça-se, também, sobre as promoções na Marinha, as promoções de oficiais generais e, diz ela como grande e conhecedora especialista (?), que é nesta altura (?) que são promovidos os oficiais generais da Armada (vice-almirantes, contra-almirantes e comodoros), sendo por isso necessário que essa escolha seja do novo CEMA, pois será a sua equipa dirigente. Notável! 

Diz o meu melhor amigo militar que se calhar a especialista não é bem especialista mas mais uma vendedora de certos recados porque, diz esse meu amigo, as promoções a posto superior devem ser feitas quando ocorrem vagas nos postos e não meses depois, ou quando a criatura a quem chamam ministro entende, seja por birra ou recomendação do seu grande assessor.

Não percebi a referência que esta especialista faz sobre os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, sobre completaram o "pacote". Deficiência minha, naturalmente.

Concordo em absoluto com Gouveia e Melo, que - "Portugal tem um ativo estratégico muito importante que é o mar. É talvez o último dos seus ativos estratégicos, que terá uma grande importância geoeconómica e geopolítica muito grande. Temos de ter cuidado, senão podemos ser espoliados devagarinho desse último ativo estratégico. Gostaria de desenvolver e de ajudar a desenvolver políticas que contribuam para que esse ativo estratégico não nos seja retirado", porque de facto há só "retórica e não ação", desde sempre. E dentro do campo da retórica se insere o prémio recente a Pitta e Cunha. Claro que a esmagadora maioria dos portugueses, 99,9999%, quer lá saber destas coisas. Mar é ir à praia!

Ainda voltando à especialista (?) Valentina, deve-lhe ter sido apontado os célebres Cadernos Navais em que o agora herói que não quer ser "Sebastião" se espraia/ espraiou como deve vir a ser a Marinha, a tal Marinha útil e verdadeiramente significativa. Faz-me lembrar a frase - de boas intenções está o inferno cheio
Uma Marinha que Gouveia e Melo pretende que mantenha "presença" a qual tem forçosamente de ser executada com navios, para "vigiar e fiscalizar" os espaços marítimos sob jurisdição nacional, que "dissuada", e que tenha capacidade de "projeção". 
Será que preferirá fazer tudo isto com "drones"?
Naturalmente, como Gouveia e Melo sabe, mas muitos outros antes dele sabiam/ sabem, estas teorias têm de estar apoiadas em comando, controlo, comunicações e informações. Portanto da teoria à prática estão os decisores políticos. Saberá disto? Espero que sim.

Mas a campanha promocional tem hoje no Expresso outra fase.
Gouveia e Melo mostra-se assertivo na entrevista, mas com aspectos que a mim me parecem de certa candura. No Expresso praticamente tudo de entrevistas anteriores é reafirmado. Mas mais explicado.

Quanto a jogos políticos, do que li, 
para este quase provável futuro CEMA, tudo o que ocorreu em Setembro passado envolvendo-o foi para ele de grande clareza e transparência. Apetece dizer, importa-se de repetir?

Em várias outras coisas concordo em absoluto com Gouveia e Melo, e concretamente com as suas afirmações/ ideias, que saliento a seguir e que partilho em absoluto há muito,
 
> há um pressuposto preconceituoso de que os militares após o fim da sua carreira estão inibidos de ser políticos…..e é isso é sinal de uma democracia coxa com medos do passado,

> muitos, ao longo do tempo, deviam ter ido embora e alguns até arranjaram mais tempo nos cargos, 

> porque é que estamos na cauda da Europa?, 

> Faltam-nos líderes com visão política, que é definir objetivos, definir estratégias e conseguir encontrar recursos para cumprir esses objetivos e essas estratégias,

> A ambição é que estamos nesta ambição de distribuir a riqueza inexistente, que não produzimos,

> Não sou contra a sociedade distributiva, sou é contra as pessoas que acham que a sociedade distributiva acontece sem criar riqueza. E temos de ter ambição em todos os sectores do Estado,

> Primeiro, é preciso produzir para depois distribuir,

> Os partidos são essenciais para a democracia, que não sobrevive sem partidos,

> Primeiro, perceber se devemos ou não investir no mar. Os investimentos e recursos são mesmo política,

> quando se investe nas Forças Armadas não se tira dinheiro à Saúde. Quando se desinveste nas Forças Armadas, está-se a desinvestir num futuro em que, de repente, pode acontecer uma coisa de tal maneira desestruturante que todos os investimentos que se fez desaparecem de um dia para o outro. Estamos a olhar para os pés e não para o horizonte: como está a olhar para os pés, julga que o caminho é seguro, não está a olhar para o precipício que está à frente.

A terminar este longo texto, será que Gouveia e Melo está bem ciente dos factos concretos que levaram à situação presente no país e nas FA em particular? 
Será que ele concorda com os arrogantes, de que nunca houve falta de dinheiro para as Forças Armadas, e que tem havido apenas má gestão?  
Por ser para ele, o herói da Covid, ao contrário do habitual, estará convencido que para ele não vai haver apenas grandes discursos de Marcelo e Costa e outros, mas depois nada mudará, ficando apenas no ouvido que ele é o melhor dos melhores?

É que concordo com ele, é preciso tornear as muralhas, as dificuldades, e arranjar soluções criativas, e puxar pelas pessoas, pelas equipas. 
Mas Gouveia e Melo tem reparado a sério no que se passa particularmente desde 1991? Eu sei que andou muitos anos debaixo de água!

Desejo-lhe, primeiro, felicidades, mas também, em segundo lugar, que não se esqueça do que agora diz e, terceiro, que não espere pelo fim dos três anos no cargo em que pelos vistos vai ser empossado, para atirar à cara dos poderes públicos a sua revolta perante a provável e apenas retórica habitual. 
Logo verá quantos programas de novos navios terá firmados, com assinatura e contrato, e quantos drones lhe entregarão. 
Logo verá promoções sem demora, logo que abram vagas. 
Logo verá os vencimentos serem equiparados pelo menos aos da GNR. Logo verá aumentados o apoio à saúde militar e o apoio à família militar. E fico por aqui.

Espero estar vivo para assistir. 
É que, voltando ao Mar e a Pitta e Cunha, estou bem ciente do que aconteceu em 2004 depois do relatório que Pitta e Cunha e outros elaboraram sobre o Mar e entregaram ao inarrável Durão Barroso. Relatório a que os que sucederam a Barroso, rosáceos, deram aquele destino fatal sempre que falta o papel higiénico!
António Cabral (AC)

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