OCEANOS, MAR (1)
Sobre a temática "OCEANOS", "MAR", já recentemente despendi umas quantas palavras, que pretendi introdutórias para textos que tenciono escrever. Aquele a que me refiro e tem poucos dias, reconheço, contém alguma mordacidade.
Como me comprometi, retomo o assunto agora e começando por recordar da nossa história recente muitas palavras, para ver em que se concretizaram loas, proclamações, discursos inflamados, essas sempre grandiloquentes tiradas.
Ou seja, para começar, recordar algum do muito palavreado desde pouco depois de 25 de Abril de 1974, e tentar lembrar-me quanto desse palavreado terá sido convertido em coisas concretas.
Porque, como recentemente dito por outrem, continuo a crer que a realidade - "a dureza da realidade, não encontra conforto em retóricas de oportunidade". Muitas retóricas de muitos.......vejam bem, não é que ia a escrever…….. estadistas?
Se fosse aqui recordar tudo aquilo que sei de declarações e discursos e atoardas várias (e de muitas não tenho registo) escreveria meia Bíblia.
Mas começo por recordar dois discursos, longos, ambos proferidos no Instituto de Defesa Nacional, um a 9 de Maio de 1996 por António Vitorino - "Política de Defesa Nacional" e outro a 10 de Maio do mesmo ano por António Guterres - "Política Geral do Governo".
Em nenhum deles encontrei ênfase ao Mar, aos Oceanos, a esse pequeno detalhe que respeita a Portugal, um país pequenino de área na Península Ibérica e com mais umas ilhas no Atlântico Norte.
Uma insignificância, um detalhe sem importância que se pode medir, por exemplo, pela "pequenina" ZEE que temos, pela "pequenina" extensão da plataforma Continental cujo pedido está nas Nações Unidas (na Comissão de Limites da Plataforma Continental), uma mesquinha coisa que (se aprovada a extensão) dará a Portugal jurisdição sobre quase quatro milhões de quilómetros quadrados de fundos marinhos ou seja, mais de 42 vezes a área do território nacional emerso. Ninharias!
Há muitas décadas, não encontro a data rigorosa mas terá sido porventura em 1990 ou 1991, foi recordado ao então PR numa cerimónia pública, pelo que peço a atenção dos meus estimados leitores para a parte sublinhada a amarelo.
Há imensos textos a apontar para a óbvia necessidade de os titulares de órgãos de soberania (PR, deputados, governos) terem a obrigação de olhar para o que está à vista: Mar, Oceano, um país rodeado de água.
Curiosamente, num discurso em 1990, o então ministro da defesa Nacional Fernando Nogueira dizia a dada altura na parte já final do discurso - …."que os Estados devem ser cautelosos, que o destino dos povos não pode estar sujeito aos caprichos da volubilidade política da moda ou ir a reboque da primeira ideia interessante que surja em qualquer esquina do percurso histórico".
Qualquer cidadão comum, simplório, pode facilmente verificar que, quanto a Mar/ Oceano e apesar de alguma evolução continuamos essencialmente com - "a dureza da realidade, não encontra conforto em retóricas de oportunidade".
António Cabral (AC)
(continua)
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