terça-feira, 8 de novembro de 2022

A   PROPÓSITO  DE  AUTARCAS

Uma das maiores estrelas do momento parece ser o sr Alves por causa de, entre outras coisas, uns escassos 300 000,00 euros que alguns se atreveram a ver nisso qualquer coisa anómala. 

Como se anómalo fosse aquilo que o Expresso refere: 
- fazer um contracto com alguém que terá currículo falso ou duvidoso, 
- fazer contracto com empresa feita de repente para o dito contracto, 
- fazer contracto com empresa que é … de um homem só, 
- fazer contracto sem prévia e profunda investigação acerca da solidez de investidores bem como da sua idoneidade.

Por outro lado, as autoridades andam outra vez em "cima" de Isaltino de Morais o qual diz que é tudo sobre uma coisa de 2018 e, devemos nós deduzir?, "peanuts" ou, à Catroga, "pintelhos".

Por outro lado ainda, estão em sarilhos mais uns autarcas lá muito para cima, como em sarilhos andaram uns e andam outros de Juntas de Freguesias. 

Para já não falar de um ou dois ou três ou quatro que andam há anos a fugir, amparados sempre pelos mesmos de colarinho branco. Por exemplo ali pela Beira-Baixa!

Até já me aconteceu estar sossegado no meu restaurante favorito em Castelo Branco e ver entrar um muito conhecido figurão de voz melíflua e óculos e camisinha de colarinho branco! 

Em suma, se for bem investigado, há décadas que, por isto ou por aquilo, vários autarcas andam a dar péssima imagem do que é o poder autárquico. Muitos acabam por conseguir mais ou menos safar-se, ou não ser engavetados, mas alguns pagam. Poucos! 

Mas há muita porcaria.

Sim, o poder autárquico ou melhor, o poder local (Título VIII da CRP) foi, na minha opinião naturalmente, uma das boas "aquisições" do regime em que gosto e quero viver.

As autarquias locais têm património e finanças próprios (nº1, Art. 238º, CRP). Mas sobre as autarquias há tutela administrativa e que consiste designadamente em verificar o cumprimento da lei por parte dos órgãos autárquicos, e é exercido nos casos e segundo formas previstas em lei (nº1, Art. 242º, CRP).

Ora, para além da pouca vergonha inerente a muitas criaturas que se julgam deuses nas terras por onde foram eleitos, creio que ao longo de décadas não tem havido fiscalizações às autarquias, sérias, fortes, rigorosas, aleatórias. 

É aliás sintomático andar a ser noticiada a existência de várias câmaras  municipais encalacradas em dívidas muito para além do que as regras legais determinam /autorizam. É o regabofe à portuguesa. Como sempre.

Razões? Serão várias, mas uma das principais é a questão da alimentação dos partidos, o carreirismo, o nepotismo, o amiguismo. O caso do sr Alves é muito claro, pois por mais de uma vez foi ajudante de Costa. E ainda tem a lata de dizer na inacreditável entrevista que há perseguição porque é de Caminha, quando ele tem passado boa parte da vida em Lisboa. Enfim.

Como em tudo, há bons e maus autarcas, nas Câmaras, nas Juntas de Freguesia, nas Assembleias Municipais, nas Assembleias de Freguesia.

Mas, para lá do escabroso caso presentemente mais na berlinda, o que pensar de uma "encomenda" que atribuiu há poucos anos umas largas dezenas de milhares de euros a uma inarrável associação para organizar um Carnaval e agora quer ver se consegue quase triplicar essa verba para a mesma inarrável e caricata associação tratar de preparar o Carnaval 2023?

Eles julgam-se os donos das terras, reis e senhores, e que o dinheiro é deles.

Sim, poder local, mas com regras e fiscalização dura. 

Claro, se fizessem isso, ai coitadinhos dos partidos!

AC

Sem comentários:

Enviar um comentário