RECUPERADO
Recuperado da noitada de mais um casamento. 

Boda dentro de uma das muitas quintas na zona saloia.

A nossa mesa, grande, foi designada - Monsanto - e nela ficaram os mais relevantes (pela idade) com origens e ligações fortes à aldeia.

Um casamento é sempre ocasião para reencontros, para combinações sobre o futuro a curto prazo, para umas anedotas e brejeirices, para observar casais novos e, de entre esses, quem tem já filhos e/ ou está com outros "encomendados".

Num casamento acontecem as coisas mais diversas, por exemplo, passar às tantas da noite um dos meus homónimos a empurrar o carrinho de bebé com o 4º neto, de quatro meses, a berrar, e ele com ar cândido - não consigo desligar isto!

Num casamento tanto se pode, e deve, estar alegre e bem disposto como, de repente, se pode ficar abatido. 

Uma amiga da nossa melhor amiga recebeu um telefonema - a X acabou de falecer. 

A X era uma senhora com um cancro diagnosticado Janeiro passado, não durou 5 meses!

Num casamento pode, por exemplo, e neste foi possível, falar de assuntos ligados à autarquia de Lisboa.

Num casamento pode perguntar-se pelos muito idosos ainda vivos, desde quem tem quase 98 e está, felizmente, muito bem para a idade, até quem tem 88 e cegou ou, quem bastante mais novo, está às portas da morte.

Num casamento marca-se o início de nova etapa da vida, para quem casa, para tem os vê casar, e para quem se interroga - virei a ser avô/ avó?

Num casamento, por vezes, recorda-se muito do que já passou. 

Num casamento observa-se a vida, a passada, e a realidade actual. 

Observa-se, como se vestem alguns, como se comportam alguns, como outros fingem que nada aconteceu antes, que carros aparecem como dois deles num estado lamacento ainda deixando aparecer a cor azul escuro, quem fuma desalmadamente quase parecendo que quer fumar tudo o que fumaria em 5 anos se não estivesse certa legislação aí à porta.

É a vida, já dizia a pastosa criatura.

António Cabral