domingo, 21 de maio de 2023

REPRODUZO COMO RECEBI
(sublinhados da minha responsabilidade)

Tenham um bom Domingo. Saúde.
António Cabral


"TAP"
(A MINHA MÃE NÃO É UMA PUTA)
Vinte anos durou a minha ligação à TAP como comissário de bordo. Iniciei o curso em Janeiro de 1973 e estive quase todo o tempo em longo curso.

Nesse ano era administrador da companhia o Eng.º Vaz Pinto, um senhor de competência, educação e trato com os funcionários. Amiúde visitava as secções, inteirava-se dos problemas, ouvia sugestões e no fim do ano…repartia lucros.

Claro que no ano seguinte, instalada a bandalheira e o caos provocado por gentalha menor, corja oportunista, ao serviço de interesses que nada tinham a ver com a aviação, não surpreendeu que a administração fosse toda corrida e substituída por conselhos de revolução, sucessivas comissões de trabalhadores, e lacaios partidários de todas as cores e feitios.

E começou a desgraça da TAP.
Da célebre ponta aérea entre o continente e as colónias ultramarinas afim de fazer regressar milhares e milhares de portugueses e da qual poucos já se lembram, foi possível ver o inexcedível brio e dedicação à causa de todos os sectores da companhia unidos na humanitária operação
Fiz muitos voos de ida e volta em condições apenas possíveis graças à boa vontade e solidariedade do pessoal da TAP, tanto no continente como nas províncias ultramarinas.
Aqui também os governos acharam que não tinham de ressarcir a TAP pelos prejuízos. Afinal a companhia era deles.

A TAP nessa altura possuía 4 Boeing 747 que vinham cheios até às costuras e que as ditas comissões de trabalhadores, (na prática quem mandava) com grande visão estratégica resolveram vender aos paquistaneses
Nunca se soube os contornos do negócio e os porquês, mas passados todos estes anos e depois de observar como a TAP tem sido administrada não é difícil adivinhar o destino do dinheiro.

Entretanto um psicopata qualquer e o governo de então, resolveram acabar com os Boeing e adquirir Lockheed L-1011
Além da transformação de hangares, ferramentas, gruas, pessoal qualificado e especializado na marca Boeing, a Lockheed fabricante de aviões comerciais, tinha os dias contados porque só iria produzir aparelhos para uso militar. No curto prazo ficaríamos a chuchar no dedo com falta de peças. E assim foi.

E o voo da TAP rumo à desgraça continuava.

Depois da agitação do PREC, as administrações eram escolhidas pela cor do partido do poder
Podia ser um comandante….da Marinha, (por duas vezes) um tio de Cascais que foi fazer a festa de aniversário a Nova York e lá vai um avião cheio de convidados, um outro labrego ao qual descobriram milhares de contos em caixas de sapatos debaixo da cama, até à chegada da comitiva brasileira com grande experiência em falências.

Depois a hipotética venda a “idóneos” colombianos, a seguir americanos que compraram a TAP com dinheiro da TAP, mais a firma de autocarros que nada percebia do negócio e pelo meio a Swissair que acabou por falir, tudo fruto da grande visão estratégica dos governos e por fim a nacionalização

Tanto andaram, que só no estrangeiro conseguiram “achar” alguém que se sujeitasse a ser pau mandado no sentido de acatar ordens, seja do primeiro-ministro, do ministro, ou de qualquer lacaio de serviço. Saiu-lhes na rifa uma pouco disponível francesa, que para o efeito se prepara, e bem, para esfolar mais uns milhões aos nossos bolsos.

Na minha provecta idade lembro a CUF, Lisnave, Cimpor, PT, Petrogal, a ANA, o Borges e Irmão, o banco Totta & Açores e muitas joias da coroa que por maldição e má governação foram parar a mãos estrangeiras. E nós portugueses cada vez mais pobres.

A sina da TAP está traçada na palma das mãos daqueles que durante anos a delapidaram e continuam a roubar.

Para os trabalhadores da empresa, fiéis e dedicados, a TAP foi uma mãe que nos deu colo e mundo, alimentou-nos, a nós, aos nossos filhos e em muitos casos, netos. 
Deu-nos a conhecer destinos de sonho, tratou-nos sempre com carinho e quando dela mais necessitávamos não se fazia rogada. 
Estava lá, nos apoios sociais, no infantário, nas actividades desportivas, nos patrocínios, nas férias, enfim, na nossa vida.

Como disse a TAP é para os milhares de pessoas que nela trabalham e dela dependem como uma mãe e não, mas definitivamente não, a puta que os chulos do governo, de todos os governos, pretendem que ela seja.
Mas do alto dos meus setenta e cinco anos sempre soube e afirmei que até as putas merecem respeito.

Jorge Moita Fazenda (20.4.2023)

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