domingo, 17 de dezembro de 2023

AVIAÇÃO   em   PORTUGAL

Não, não vou falar da TAP
Não, não vou falar de António Costa, das suas posturas, da sua falta de vergonha e incoerência políticas. 
Não, não vou falar do insuportável Pedrinho.
Não, não vou falar das imaginações de alguns.

Lembrando-me dos políticos de hoje, muitos sem envergadura intelectual, em que muito poucos não viveram sempre à conta do orçamento do Estado, farei apenas uma pequena incursão num passado não muito longínquo. 
Vou em parte socorrer-me de uma fonte fidedigna sobre certos passados.

Algumas palavras basicamente sobre aviação militar, particularmente os primórdios da aviação no nosso país, a aviação no Exército e na Marinha, até à criação da Força Aérea de Portugal (FAP) que, nos anos 50 do século passado, se tornou o 3º ramo das Forças Armadas. 

Mas a propósito deste passado, salientar aquilo que no presente continua muito semelhante ao que sucedia na I República e também na Assembleia Nacional da II República / Estado Novo.
Refiro-me ao trabalho (!?!?!?!?) na actual Assembleia da República onde muitas vezes se encontra, a incompetência, a incoerência, a descarada ausência de vergonha na cara e a vergonhosa postura de vários dos eleitos felizmente não todos. 

Em síntese, referência ao fazer reformas a destempo, ou não as fazer de todo. 
Em síntese, também, referência aos que não percebem ou fingem não perceber a evolução das coisas, da tecnologia, das sociedades.

São sobejamente conhecidos os feitos de Gago Coutinho e Sacadura Cabral. 
Porventura menos conhecidos outros feitos de outros pilotos nacionais, como por exemplo de Sarmento de Beires.

Existem vários livros sobre a aviação em Portugal, e sobre feitos no passado realizados pelos nossos diversos aviadores, como existem reportagens jornalísticas e, quer no "sítio" da FAP quer na Wikipédia, estão referenciados muitos detalhes sobre o assunto. Vale a pena ler.

De uma forma muito resumida, em Portugal o "bichinho" da aviação terá começado em 1912. 

Em 14 de Maio de 1914 foi formalmente instituída uma Escola de Aviação Militar a qual foi inaugurada mais de dois anos depois, em 1 de Agosto de 1916.

Também em 1914 o Exército português criou o Serviço de Aeronáutica Militar. 
Antes do final da I GG a Marinha de Guerra portuguesa criou o Serviço de Aviação da Armada. Ao longo dos anos seguintes, Marinha e o Exército alteraram a designação desses serviços.

Na sequência da evolução nas estruturas militares verificada em diversos países designadamente Europeus e sobretudo na NATO/ OTAN, as aviações da Marinha de Guerra e do Exército acabaram por ser fundidas em 27 de Junho de 1952, passando a existir em 1 de Julho desse ano o novo ramo das Forças Armadas Portuguesas (FA), a FAP.

Esta reforma, a criação da FAP, não podia deixar de ter lugar.

Como sempre acontece em muitos países, e em Portugal é basicamente uma regra, surgem muitas resistências sempre que se pretende, uniformizar estruturas, encetar processos de reformas, tentar melhorar uma qualquer organização/ instituição.

Esse tipo de resistência esteve também na evolução da aviação em Portugal. Resistência por parte de militares portugueses à junção das aviações do Exército e da Marinha de Guerra fundindo-as no que se tornou a FAP. 

Mas a par de resistências, o que se pode parcialmente compreender, o que é sempre de lamentar são processos políticos tortuosos que acontecem pelo caminho, algumas vezes untados de corrupção.

Mas se são conhecidos vários episódios relativos a resistências a processos de reformas, seja em que área for, muitos mais episódios ficam desconhecidos do grande público. 

Como sempre acontece em Portugal (e não só), muitos processos e acontecimentos permanecem obscuros, envoltos em vários silêncios e narrativas, como é o caso do historial dos primeiros anos da nossa era democrática (1974-1982).

No caso da aviação, e concretamente no referente à aviação da Marinha de Guerra nesse passado já distante, houve episódios e movimentações de bastidores diversos. 

Na fase imediatamente anterior à decisão política de criação da FAP e inerente extinção da Aviação Naval, muitas sessões na Assembleia Nacional (AN) foram acompanhadas por vários dos pilotos dessa então componente militar. 

Existem alguns testemunhos, inclusive escritos, sobre a indignação que na altura cresceu no seio dos meios militares. Porquê?

Sobretudo por constatarem uma generalizada ignorância sobre o assunto, ignorância que sobressaia nos trabalhos na então Assembleia Nacional e, nomeadamente, por parte de alguns dos deputados que mais esgrimiam posições relativamente a estruturas militares. 

Mas indignação, também, por observarem estranhas alterações de posições de vários deputados pouco ou nada fundamentadas, mas sobretudo devidas ao que vulgarmente se designa por corrupção política passiva. Se preferirem, jogos por debaixo da mesa.

Por gentileza de um bom amigo, a quem mais uma vez agradeço o ter disponibilizado estes documentos, deixo alguns desses testemunhos, escritos, concretamente da autoria de seu pai.




Sugiro leitura mais atenta da 3ª folha, onde nela se relata um exemplo de como se podem fazer certas coisas nos jogos palacianos.

A história dos trabalhos da nossa democrática Assembleia da República deste 1976 está igualmente recheada de notáveis episódios e peripécias, para dizer o mínimo. Concretamente no campo militar.

Ao aproximar-me do fim deste breve apontamento, há dias pude ler um folheto da Câmara Municipal de Alverca, já com alguns anos, e intitulado - Alverca e a aviação, 1918-2018.

Nesse folheto se descreve que em 11 de Setembro de 1918 se iniciou a construção do Parque de Material Aeronáutico, não dizendo se era do Exército ou da Marinha de Guerra. Realço isto porque em 1918 não existia Força Aérea.

A 14 de Fevereiro de 1928 esse Parque de Material alterou a designação para Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA).

Em 2005 deu-se a privatização, passando as então OGMA a designar-se por OGMA-Indústria Aeronáutica de Portugal, SA, pertencente maioritariamente à Airholding SGPS, SA (EMBRAER e EADS).

A terminar, e no âmbito ainda do que são resistências e, pior, do que é não querer compreender algumas das inevitáveis alterações nas sociedades e nas instituições, não posso deixar de recordar episódios que o meu melhor amigo militar e que é almirante reformado me contou, acerca do que se passou no final dos anos 80 do século passado, em pleno governo de Cavaco Silva, quando alguém teimosamente persistia em defender a teoria - o que voa é para a FAP - e em que esse alguém foi finalmente "acalmado" pelo então MDN. Enfim.

António Cabral (AC)

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