(OBSERVADOR)
Percebe-se porquê. A Presidência da República ocupa um papel único e fundamental no sistema político português. O Presidente é um órgão de soberania e a sua independência não pode ser posta em causa. Sabe-se lá se, com um militar em Belém, conseguimos manter a seriedade dos últimos anos? Quem nos garante que Gouveia e Melo não tem um filho abusador que usa o cargo do pai para trocar favores com amigos? O almirante, habituado à rigidez hierárquica das Forças Armadas, terá a cultura democrática para evitar imiscuir-se no funcionamento do sistema político? Ou vai desatar a ameaçar que dissolve a Assembleia da República à mínima perturbação? É raríssimo um soldado ter uma arma à disposição e não a usar. Especialmente se for a bomba atómica.
Se elegermos Gouveia e Melo, arriscamo-nos a ouvi-lo fazer um discurso em que promete reparações às ex-colónias. Ou a exigir ao Primeiro-Ministro que demita um membro do Governo, só para ver o Primeiro-Ministro a não acatar a sugestão. Ou a intrometer-se nas negociações do Orçamento de Estado entre Governo e oposição. Ou a aconselhar os cidadãos portugueses a não adoecerem em Agosto. Ou a enviar comunicados às redações sobre os seus desarranjos intestinais. Ou a mandar piropos a meninas, provavelmente incluindo trocadilhos malandros com “subir o periscópio”.
AC
(sublinhados da minha responsabilidade)
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