domingo, 20 de outubro de 2024

HISTÓRIA e HISTORIADORES
Escreveu um dia José Mattoso que, outrora, "fazer história era contar os feitos gloriosos dos que exerciam poder".

Mais tarde, "foi contar o que de "importante" se havia passado num país ou numa época".
Aqui, o importante seria "o que provocara transformações, envolvido mais gente, ou as acções do poder".

Também se considerou "a história como mestra da vida".
Nesse sentido, "mostrar o mal praticado por uns e o bem realizado por outros; serviu para descobrir o espírito originário de povos e exaltar progressos da Liberdade, da Democracia, ou da Ciência".

Recentemente, "enveredou-se para a história dos grandes movimentos sociais e económicos, procurando aí a explicação mais profunda do dever humano ou a sua compreensão global".

Esta história "opôs-se àquela que só se preocupava com batalhas, os tratados internacionais, as realizações de poder".

Uma distinção, portanto, "entre o que se devia praticar e o que se devia evitar" e maior preocupação com "rigor e verdade e não com o efeito".

A história alargou muito os seus campos de observação.
Como disse Mattoso, "reconheceu-se a discutibilidade da noção de progresso. E acrescentou, "o pós-modernismo também invadiu o campo da história".

Como referiu Mattoso e com o que estou 100% de acordo, "as tendências terão a efemeridade resultante do seu próprio diletantismo".

E, acrescento eu, o mesmo se há-de verificar um dia com os Woke, e os politicamente correctos, e os da insuportável superioridade moral, e os que olham para os outros tendo-os por ignaros.

Lembrei-me disto esta manhã depois de me terem pedido para ir ver o Expresso da Meia-Noite de ontem e, particularmente, ouvir Isaltino de Morais.

Isaltino de Morais é humano como todos nós, com qualidades e defeitos e, contrariamente a outros que se arrastam por aí com recursos e recursos, pagou a sua dívida para com a sociedade depois de, como julgo que ficou provado, ter feito algumas coisas que não devia ter feito.

Mas Isaltino de Morais parece-me um homem frontal, certamente que como acontece com todos nós, podemos não estar de acordo com tudo o que defende. Eu não estive e não estou.

Mas Isaltino de Morais olha para as pessoas e para os problemas das pessoas e nomeadamente no concelho de Oeiras.
E mostra grande preocupação por problemas concretos, e a sua sugestão quanto ao como resolver o problema da habitação parece interessante e de fácil concretização. Assim as câmaras o façam.

Ignorante que sou, apesar disso sempre soube (pelas autarquias que conheço, Cascais, Setúbal, Montijo, Castelo Branco, Lisboa, Porto, Coimbra, Alcácer do Sal, Beja, Idanha-a-Nova) que no problema da habitação as autarquias têm uma grande parcela de responsabilidade.
Quantas querem não ganhar com a venda de terrenos?

Foram sobretudo as palavras de Isaltino de Morais sobre outros assuntos que me recordaram as questões genéricas sobre história.
Cada vez mais me repugnam os que mentem, os que escondem ou distorcem certos aspectos da nossa história recente.

Tenham um bom Domingo. Saúde.
AC

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