quarta-feira, 26 de março de 2025

ESTRATÉGIA, GRANDE ESTRATÉGIA, PAROLOS

Nos primeiro anos da democracia, nomeadamente uns tempos depois do PREC derrubado, CRP aprovada e em vigor, órgãos de soberania a funcionar, regime a estabilizar, normalidade democrática a andar, foi curioso ver tantos e algumas a acorrer aos cursos no Instituto de Defesa Nacional. Formaram-se vagas de auditores no IDN. 

Uns trutas que durante alguns anos andaram pela AR, pela política, pelos governos mas, a pouco e pouco foram para os negócios, para as sinecuras, fundações, etc.!

Os tempos correram e, opinião pessoal naturalmente, o tipo de auditores mudou muito.

Como se verifica de há muito, há na Tugolândia uma proliferação enorme em aplicar o termo estratégia a tudo e mais qualquer coisa.

O governo AD, por exemplo, e pelo que se lê por aí, antes de cair na AR, andou a mudar de "estratégia" (?!?!?) para ver se se safava.

Estratégia não é sinónimo de importante.

De cada vez que ouço e ouvia certas personagens como Costa falar de estratégia para isto e para aquilo, até me doíam os ouvidos.

Séculos e séculos antes, o "estratego" liderava a condução geral da guerra, mas não era forçosamente militar.

Creio que Carl von Clausewitz pode ser considerado como o primeiro grande e consistente estudioso no plano estratégico, sem ofensa para Sun Tsu. 

Há a sua famosa diferenciação entre os diferentes níveis de condução de uma guerra.

A estratégia vai muito para lá de capacidades e objectivos militares. 
A grande estratégia, a estratégia superior.

E recordando Adriano Moreira que (opinião pessoal naturalmente) sempre pugnou para que houvesse um CONCEITO ESTRATÉGICO NACIONAL alternativo/superior ao super prolixo Conceito Estratégico de Defesa Nacional (CEDN), sempre louvado por muitos e por certos sectores, e onde só falta referir as horas a que os titulares dos órgãos de soberania se devem deitar (como se vê não é necessário), a realidade é que os "senhores e senhoras" continuam a fingir que Portugal não é pequenino na dimensão geográfica, mas com mar imenso sob sua jurisdição, com recursos relativamente escassos, e muito dependente em recursos e níveis vários.

Como sempre aconteceu no nosso passado, verifica-se que no presente muitos continuam a não perceber as mudanças globais e a não antecipar as consequências para nós. 
E, portanto, nada se prepara, nada preparam.

Incompetência, complacência, corrupção, ausência de rumo, ingredientes na política nacional.

Prioridades na acção do Estado? Isso é que era bom!

Mas, claro, e como sempre, admito estar completamente enganado!

Aguardemos os próximos capítulos.

AC

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