sexta-feira, 10 de abril de 2015

A PROPÓSITO de PRESIDENCIAIS 2016.
Em crescendo, o folclore dos putativos candidatos a candidatos para disputar as presidenciais de 2016. "Proto-candidatos", alguns assim os designam. Outros, são mais pomposamente designados por "presidenciáveis". Existe já classificação de "indiscutível", ou de "péssimo candidato mas bom presidente"! Vários querem chamar "pesos pesados" da política nacional, como se a esmagadora maioria (eles e elas) não fosse co-responsável pelo estado lastimoso em que puseram o meu desgraçado país. O messias presidencial já se terá negado 3 vezes ao messias PM. Mas cheira-me que ele ou a consorte estão a reler a história e a ponderar aquela questão do passado - "duquesa toda a vida ou rainha por um dia". É assunto que me preocupa enquanto cidadão? Sim. Porquê?

Porque apesar dos desejos diferentes de muitos senhores e senhoras, e de partidos, e também de alguns dos putativos, a meu ver o futuro titular do órgão de soberania em causa devia pautar-se sobretudo por conduta decorrente da nossa ordem constitucional. Ter sempre presente a separação de poderes, não actuar como se governante fosse, não defender seja que partido for. Não se esquecer de nenhum dos seus poderes presidenciais, que ainda são alguns (CRP, Artº 133º a 140º). Mas o futuro titular pode ser muito diferente disto, e alguns por aí gostariam de lhe outorgar carta branca. Pequeninos democráticos Sidónios.

Há por aí quem o queira interventor, quase a governar ou, outra alternativas soprada, mais um corta-fitas sem incomodar o que quer que seja, ou quem quer que seja. E assiste-se também a um chorrilho de frases nitidamente dentro do politicamente correcto. Frases para impressionar, para cair bem em certos estratos da nossa sociedade. Por parte de putativos candidatos, por parte dos seus aparentes apoiantes. E apareceram os insultos a pessoas, concretamente e para já, a Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa. E como insultam do alto das suas cátedras pesporrentes, então, parece-me legitimo considerar esses senhores (sejam dirigentes do PS, jornalistas vaidosos ou outros), não merecedores de qualquer adjectivação, mesmo a mais baixa em que a língua portuguesa é rica.
Quando não aprecio, não insulto. Deve-se discutir, assertivamente, duramente, apresentar argumentos, não desqualificar ninguém de forma baixa e ordinária como se vem assistindo. Não me vejo a dar voto à maioria dos nomes que por aí circulam, alguns não me merecem senão discordância e mesmo repúdio pelo que fizeram e disseram, mas têm que ser respeitados enquanto meus concidadãos iguais a mim perante a lei.

Antes de continuar, permitam uma nota.
Não sendo advogado em causa própria, como todas as pessoas tenho defeitos e porventura características positivas. Assim sendo, e passadas quase cinco décadas de vida activa, parece-me compreensível que, no campo dos defeitos, várias vezes já não consiga conter a indignação pelo que se passa no meu País.
Não é uma questão de alinhar pelo que pode parecer uma certa moda, o recurso à indignação permanente, dizer mal de quase tudo e de quase todos. Não. Apesar de entender a indispensável existência de partidos, pelo que se vem passando venho batendo na classe política toda, de há muitos anos, nos presidentes e comandantes supremos, que de supremos têm sido uma suprema nulidade. Venho batendo neles e em gestores, e na malandragem vária que colocou o País na desgraça que se conhece. Culpas variadas, responsabilidades várias, ninguém bem na fotografia. Nunca avaliei pessoas senão pelos resultados, pelas acções concretas. Nunca me fiei nem fio nas promessas e loas parvas de vigaristas encartados, ou nas dos moles que andam pelo mundo e são cá considerados os novos salvadores.

Preocupa-me a questão "presidenciais", embora a minha preocupação imediata sejam as legislativas. Como me parece deveria ser. As legislativas de Outubro são, a meu ver, o tira teimas da nossa vida colectiva. Ou mudamos de cultura cidadã, de mentalidade, e de vida, ou continuaremos desastradamente como sempre temos sido desde depois de 1700.
É minha convicção que ninguém, nem partidos, devia "fazer barulho" agora sobre as presidenciais. Nem para tentar ganhar terreno, nem factos consumados, o que quer que seja.
Não quero dar razão a ninguém, mas as pessoas que entendem dever candidatar-se, deviam preparar-se, programar as suas acções, mas formalizar as coisas no dia imediato à noite eleitoral. Deviam manter a maior reserva até lá. Silêncio!
Mas isto acho eu, as personalidades (??!!) parecem considerar o contrário. As personalidades que se entendem dever candidatar, as personalidades que entendem dever apoiá-las, as personalidades que dizem Abril, ou Maio, ou Outubro, ou Outubro não, etc. Serei eu que estou a ver mal, ou as corporações, as lojinhas, os arranjinhos, estão em força na rua? As personalidades..........

Verifico nos OCS, nas redes sociais, que as presidenciais estão a assumir um papel fulcral na vida presente, o que me parece ser propositado para desviar as atenções das legislativas. Mas talvez também, e sobretudo, para desviar as atenções:
- da vacuidade de patéticas (quase certo) dezenas de medidas salvadoras por parte do PSD,
- das inexistentes medidas do PS,
- das confrangedoras oposições outras (actuais e para nascer),
- da pouca vergonha de um putativo primeiro-ministro que vai ao colo de uma série de jornalistas, (porque será?), e a quem mordem cada vez mais dentro do partido.

Vejo coisas curiosíssimas acerca das presidenciais. A começar pelo actual inquilino de Belém, a sugerir o perfil do próximo presidente. Na minha opinião, mais uma oportunidade perdida para estar quieto, e calado. Mas a continuar ainda em putativos candidatos a candidatos, em comentários ordinários dirigidos a quem se apresentou formalmente como candidato e a quem anunciou data de formalização da candidatura. Observam-se, também, comentários/ sugestões civilizadas e algumas vezes provocatórias num blogue que sigo sempre com muito interesse. Ouvem-se comentadores vários, alguns, eles próprios eventuais putativos candidatos a candidatos. Registo comentários de várias pessoas muito ligadas ao PS em jornais e blogues, alguns atirando à direita trauliteira esquecendo-se de evocar os trauliteiros da casa. É o caso dos que se gostam de levar a si próprios ás costas. Também de pessoas que indiciam inclinações outras. Que concluir de tudo isto?

A mim parece-me um frenesim, que quer esconder nada mais que as legislativas, e o que fazer para ganhá-las. Sobretudo o que nada fazem para merecer ganhar.
Quanto aos perfis de candidatos, não façam de mim parvo, não tomem as pessoas por parvinhas.
Uns querem um presidente da cor, que não incomode a governação. Estou á vontade, Cavaco Silva teve a meu ver um percurso muito mau, ainda que o governo Socrates tivesse sido um horror. O actual é o que se vê. Creio é que as coisas não devem ser dirimidas nas datas célebres (25Abr, 5Out, 1Jan), e devem ser tratadas com vigor e rigor nas audiências formais de trabalho. E várias mensagens formais e duras à AR, deviam ter acontecido, mensagens previstas na CRP. O que fizeram Soares, Sampaio, Cavaco?

Outros dizem de outra forma, não querem presidentes adversos! Outros querem ser presidentes para poderem andar constantemente a passear pelo estrangeiro e pelo País. Há por aí um nome lançado por outrem, que se os portugueses caíssem na estupidez de o eleger, estaria sempre lá fora a prestigiar (??) Portugal e a lutar pela economia!!!! Outros não querem um presidente sentado. Estes e outros mais pomposos, dizem que querem um presidente que prestigie o nome de Portugal. Era por exemplo interessante ter sabido, o que dizia Miterrand nas costas do viajante Soares. E claro que há quem queira ser candidato a candidato para ajudar na campanha das legislativas.
E para que fique claro, duvido muito que os pesos pesados da política que nos arrastaram até aqui sejam a salvação do meu País. Respeito todas as opiniões, mas tenho as maiores dúvidas que o Eng Guterres viesse a ser um excelente presidente. Depois espantam-se com o nível das abstenções.

Mas quem gostaria eu para presidente da República e comandante supremo das forças armadas?
- Uma pessoa de 65 anos ou menos. Homem ou mulher.
- Que tivesse estatura moral, ética, de carácter, e qualidade intelectual. Que não fosse utópico.
- Que na campanha confirmasse cingir-se aos seus poderes constitucionais enquanto presidente, e mostrasse vir a empenhar-se como garante da nossa ordem constitucional (apesar de eu discordar de muitos dos actuais preceitos).
- Que na campanha enunciasse uma visão para o País, em concreto, sem frases ditas para cair bem nem retórica tola.
- Que não tivesse passado a vida a receber favores, como por exemplo trocas esquisitas de terrenos, ou compra de acções não cotadas, ou negociatas arranjadas através dos contactos internacionais depois de estar anos no estrangeiro em representação do País, ou interceder para si ou para outrem abusando da sua condição social ou política.
- Que se comportasse na vida privada como apregoa na vida pública, seja nos gastos, seja nas heranças familiares.
- Que não desse audiências privadas escondidas a certas sumidades, para depois vir publicamente defender o contrário do que em privado entendera e com o que concordara.
- Que não se perturbasse com sondagens, que não se atrapalhasse com a opinião publicada bramando por sentido democrático e outras loas para enganar distraídos.
- Que não pautasse a sua conduta por sondagens periodicamente publicadas, sobre pessoas e partidos.
- Que não escrevesse disparates ou dissesse outros tantos como o actual PR, e como os seus antecessores em parte também fizeram.
- Que não levasse a sério os que defendem lisura de procedimentos se ela não tivesse correspondência na realidade.
- Que não se impressionasse com cabelos brancos, com senadores, com bajuladores.
- Que no seu mandato viajasse muito pelo País, mostrando o que de bom e bem se vai conseguindo e fazendo, mas visitando aldeias despovoadas, cidades do interior em dificuldades, etc.
- Que na campanha eleitoral falasse sem demagogia e sem ataques pessoais.
- Que na campanha dissesse que na sociedade todos devem ser iguais perante a lei, sem nenhuma excepção.
- Que na campanha nos desse a sua perspectiva, numa visão/ postura de preocupação e não de governação, acerca, da justiça, da corrupção, do sistema financeiro e fiscal e da fraude fiscal, da vergonhosa mistura das negociatas com a política, da necessidade de finanças públicas saudáveis explicando as consequências da situação contrária, da organização económica do País e do estado da economia e do desenvolvimento e do peso do estado na economia, da lei eleitoral e do número de deputados na AR, do problema da abstenção e do desencantamento dos portugueses pela vida pública e pelos políticos, da família, do poder autárquico, do despovoamento da maioria do território Continental, do SNS, da defesa nacional que tem muitas componentes para lá da militar, do mar, das forças armadas, do sistema de educação, da eventual revisão constitucional designadamente quanto à duração do mandato presidencial, que vincasse a necessidade dos partidos mas também apontasse as falhas do presente nomeadamente o facto de serem cada vez mais um viveiro de muitos oportunistas e muitos incompetentes, a segurança social.

Não existem salvadores messiânicos, Não há homens e mulheres perfeitos.
Mas continuo a acreditar que isto podia mudar muito. Há certamente quem o possa fazer.
Mas para já, por favor, as legislativas, de que vai depender muito a nossa vida próxima.
AC


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