quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

REI MARCELO I, o dos instrumentos todos
Declaração de interesses: sempre fui pouco ao teatro, porque, sobretudo depois do 25 de Abril, a par de (para mim) bons actores com boa dicção e sem berrar, apareceu muita gente com manhas de actor. Só estive uma vez na Cornucópia, vi no passado duas revistas, mais recentemente vi uma peça que achei sensacional com Miguel Guilherme e outros (O senhor Puntilla e o seu criado, belissimamente encenado/produzido por João Lourenço), lembro-me de ver bom teatro no início da TV, a preto e branco.
O Presidente da República, em quem votei, e sobre quem aqui já escrevi várias vezes, afirmando do que gostei, e do que vem desgostando, tem uma pedalada enorme. As assessorias em Belém devem andar esfalfadas.
O PR faz parte de uma "equipa", e que é o nosso regime, integra como actual titular os órgãos de soberania a saber, PR, AR, Governo, Tribunais, por outras palavras. Se um estica muito dá asneira. Como no passado periodicamente aconteceu, por razões muitos diversas e diferentes.
Vem isto a propósito da patética correria de Marcelo à Cornucópia.
É conhecido que o actual inquilino do Palácio de Belém vive em Cascais há anos, conhece inúmeras pessoas, preocupa-se com o estado de saúde dos seus semelhantes (a Maria João pode testemunhar isso), provavelmente viu peças de teatro lideradas por Luís Miguel Cintra, talvez até seja seu amigo.  Marcelo sobressaltou-se com o anúncio sobre o fecho da Cornucópia, saltou da cadeira e, qual homem aranha, daí a pouco estava em Cascais. Deve lá ter chegado antes da Casa Civil ter tido tempo de alertar alguém no governo e o ajudante de campo foi sempre a correr pela marginal pois não conseguiu apanhar o carro em andamento. O PR fez bem, fez mal?
No plano formal fez um disparate tremendo, monumental, e contradiz tudo o que publicamente já disse mais de uma vez e muito bem, que os recados e chamadas de atenção ao governo são olhos nos olhos com o PM sem vir a público. 
Interdependências e separação de poderes, coisa que um professor de direito deve saber de cor e salteado. Para mais sendo PR.
É o problema dos afectos em excesso? O Presidente da República teve um comportamento a roçar o saloio, e a meter uma cunha patética com divulgação pública. Criou um grave precedente. 
Acho que o que se passou é inaceitável, foi a meu ver uma primeira enorme borrada.
Que o governo, mansamente, vai devolver com luva de pelica branca, pois não deverá haver nenhuma excepção, e a Cornucópia irá mesmo ás urtigas. Aliás, segundo parece, os próprios donos da Cornucópia parece que não apreciaram uma tão má encenação.
Não "abia nexexidade, carago", como diria o outro.
AC

Sem comentários:

Enviar um comentário