domingo, 28 de outubro de 2018

"ESTÓRIA" (mal contada.........)
Era uma vez um principado, pequenino, lindo de morrer, mas que já fora mais lindo, por exemplo o clima que é ameno mas já foi  melhor, com um interior lindo de montanhas e vales embora agora muito chamuscados, e com costas banhadas pelo Atlântico e com areais muito convidativos.
Quando o principado se formou despertou invejas imensas e tamanhas foram que bordoada houve durante uns tempos. Alguém chamou à atenção não apenas para a natureza, mas para as gentes do principado, para a maneira de ser das gentes, para a maneira das gentes encararem a vida, muitas vezes uma modorra, uns períodos de grande exaltação e voluntarismo.
Todos viviam em razoável harmonia. Mesmo quando alguns dissabores surgiam, nunca era culpa de ninguém do principado, e decididamente nunca culpa dos príncipes e aios e conselheiros.  
Culpa, a haver, sempre ou dos invejosos vizinhos ou dos pilantras dos súbditos.
Vizinhos, não só invejosos como arrogantes e gananciosos, chegando ao cumulo de não emprestarem "pro bono" o dinheirinho para o sustento do principado. Escusado será dizer, obviamente no principado muitos consideravam ser uma obrigação dos vizinhos, indeclinável, indiscutível.

O Principe qual autêntico Rei senão mesmo imperador, sempre muito muito falador e comunicativo, falando de tudo e de todos e de toda a vida do principado, mas nunca da vida dos vizinhos (ás vezes esquece-se) como por exemplo, acerca dos petiscos do almoço e do jantar, a temperatura da água na praia fluvial, a cor das batinas dos estudantes (que é sempre a mesma), a magia dos atletas e dos circenses, a chuva que há-de chegar, o aprumo dos bombeiros, ele é mais que Deus até porque Deus está em todo o lado e ele, já lá esteve
O príncipe tem vários aios e conselheiros, de quem ele nunca desconfia. Ás vezes fica com umas impressões, mas muito imprecisas, vagas, nebulosas!
O seu aio principal, é uma verdadeira tragédia em cima de duas pernas, no seu ar pesadão ao andar, uma voz esquisita de quem tem algo na boca enquanto fala tipo favas mal cozinhadas, e é um perdido pelo rei da selva, e não guarda segredos, diz mesmo um palavrão acerca dessas coisas.
O Aio principal, mole, confia do labor muito comedido dos seus fiéis conselheiros.
O aio nº 2 na hierarquia do principado, e que se considera ele sim um príncipe, é tido por espertalhaço, mas é mais de meia tigela, mas ainda assim consegue com a sua lábia momentaneamente sossegar o príncipe e os outros aios e aias e outros e outras importantes figuras do principado. Até porque os escribas do principado estão sempre do seu lado, vá lá perceber-se porquê, ainda que se suspeite muito do porquê. 
E vai ainda conseguindo que os súbditos, o chamado povão, não se revolte por o pão estar cada vez mais caro e ao mesmo tempo estar com menos gramas de peso.
O aio nº2, o tal muito engenhoso, confia na família e nos primos e primas e nos familiares destes, para assegurarem que só boas notícias chegam aos súbditos.
O príncipe tem, para controlar o castelo, uma guarda fandanga, guarda que, é certo e sabido, altas horas da noite adormece. E ás vezes acontecem coisas caricatas.

Além disso e muito importante, o regedor, o que conta as moedas e indica ao aio nº 2 como vai a "fazenda", sabe contar pelos dedos e faz sempre excelentes relatórios o que, por um lado, muita inveja causa aos vizinhos e, por outro, recebe grandes e constantes  encómios quer do príncipe quer dos aios principais, garantindo assim que mantém o seu estatuto.
O principado é invejado internacionalmente, de tal forma que, dezenas de milhares obtêm com facilidade a nacionalidade do principado sem se olhar a nada, e centenas de vizinhos muito distantes chegam periodicamente ainda que alguns desapareçam em poucos dias.
São as alegrias variadas deste encantador principado.
Que maiores ainda seriam não fossem as tragédias, no futebol, e na venda e compra de robalos.
Autentico património imaterial deste principado, talvez mesmo um dos melhores do mundo, é que príncipes, princesas, aios e aias, e conselheiros vários e regedor, bem como todos os seus familiares, andam sempre contentes e de consciência sempre tranquila.
AC

Sem comentários:

Enviar um comentário