quarta-feira, 9 de setembro de 2020

ASSASSIN  BULLET (bala assassina)

Esta simples expressão inglesa é, infelizmente, muito conhecida não só mas muito no historial de assassínios nos EUA.

Martin Luther King e John Kennedy são apenas dois dos milhares de exemplos trágicos que ensombram a história dos EUA.

Esta expressão - "Assassin Bullet" - ouvi-a em directo, em 1991, estava eu em serviço na Holanda, durante uma das últimas sessões/ audições transmitidas em directo pelas TV, audições durante o processo de indigitação de Clarence Thomas, que viria a conseguir passar no "exame" e ser como ainda é juiz no supremo tribunal dos EUA. Tomou posse em 23 de Outubro de 1991.

Thomas pronunciou a frase, já exausto, depois de sessões e sessões debatendo aquelas cenas dos "apalpões" e " assédios" que sempre aparecem nos EUA (muitos serão reais, outros inventados) em todas as eleições ou indigitações para altos cargos na máquina do Estado americano.

Thomas pronunciou a frase para sintetizar quão farto estava daquilo e quanto sofria pela injustiça inerente ao que lhe haviam montado, confessando preferir o assassínio do que continuar a sofrer aquilo.

Lembrei-me desta frase por razões pessoais. Não gostava de morrer cedo, naturalmente, tenho alguma esperança pensando que minha mãe está razoável para a idade (95), que minha avó materna faleceu com 98, sim não gostava de morrer cedo, de sofrer muito no fim da vida, e não gostava de ser assassinado.

Mas de facto, no presente, deste desgraçado País, com o que se está a passar, com o que se prevê e será porventura pior do que se imagina, ter de ouvir certas coisas é duro. Não, não estou melancólico, passado da cabeça, mas irado, e apetece mandar às malvas várias coisas.

Julgo perceber hoje ainda melhor Clarence Thomas, ainda que as circunstâncias, os tempos, tudo é diferente e nada comparável comigo e no meu caso não há questões de assédios e apalpões, tão só constatar a bovinidade geral e assustadora na sociedade portuguesa, tão só constatar como certas pessoas não se dão ao trabalho de raciocinar e ponderar antes de abrirem a boca.

Tão triste e, além do mais, muito injusto. E ter razão antes de tempo é tramado.

AC

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