quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

A  PESSOAS  COMO  EU

Imensa gente chama-nos conservadores. Muitas vezes com ênfase acintosa, desprimorosa, mesmo com intuitos reprovadores e com a habitual e arrogante crítica dos doutrinadores do politicamente correcto, dos polícias das mentes, sendo nós os incorrectos. Para eles.

Eu, certamente como muitos mais, respeitamos as diferenças, procuramos argumentar. Mas continua a parecer-me e provavelmente a muito mais pessoas, que certas coisas não deviam acontecer como se observa.

Por exemplo, de figuras públicas a titulares de órgãos de soberania que também são figuras públicas alguns são mesmo uns figurões, por cá e lá por fora também, acontecem coisas e observam-se situações que me parecem deslocadas, de evitar, particularmente no que se refere a pessoas que, para lá da sua vida privada, com as suas acções arrastam as instituições onde temporariamente desempenham funções. 

Muitos advogam que é a vida moderna. Por exemplo, o recurso de titulares de órgãos de soberania a redes sociais para dar conta dos seus estados de alma e muitos vezes para comunicar assuntos, temas e decisões de natureza política. Que têm o seu lugar próprio, a sua norma institucional, as regras.

Por cá  muitos seguem o tipo de gestão de Trump, que despede e nomeia via Twitter. Haverá quem concorde, haverá quem lhe pareça que estas questões ligadas à vida institucional e máquina do Estado devem ser tratadas com alguma formalidade e pelos canais adequados.

Agora, também o sr Biden se mostrou a ser vacinado. Com mais recato, sem mamas à mostra. Respeito estas decisões e posturas mas parecem-me deslocadas, populismo serôdio. Qual é a fronteira? Porque não se deixam a filmar em casa a tomar o pequeno almoço, ou a vestir o pijama, para mostrarem que são como os restantes humanos? Porque não se deixam filmar na casa de banho, sentados na sanita?

Enfim, admito que possa não estar a ver as perspectivas todas mas, confesso, não descortino grande utilidade nestas "mostras". Não descortino utilidade alguma no informar a população de que vai jantar com X, almoçar depois com Y, cear com Z ou, afinal, nada disso mas apenas pequeno almoço. Que piroseira. Populismo? Talvez, mas é mesmo rasteirinho, ou  não?

Das raras coisas com que concordo com Cavaco Silva, é que a política não deve ser bem um circo, uma palhaçada. Mas atentem no que se passa. Gostam? Respeito. Eu não.

AC

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