É conhecido que a quase totalidade dos anúncios e da publicidade é enganosa. Como enganosa e vigarista é a retórica da malandragem que diz virar páginas, ou que só fala nos direitos (que nos são devidos, que constitucionalmente estão e muito bem consignados mas que a prática aqui e acolá vai torpedeando) mas esquecendo sempre os deveres, como descarada intrujona e deplorável é a demagogia que diariamente regurgitam.
Houve em tempos um anúncio que dizia mais ou menos isto: um gato é um gato e isto é aquilo que os outros não são (não faço publicidade!).
Este anúncio tem um estilo muito copiado por muitos políticos, desde actrizes sem categoria, aos que ainda não acreditam que o muro caiu, aos que não querem aceitar que as pessoas fugiram para um lado que não o lado que eles elogiavam. Ah, também pelos vigaristas que disfarçam ou o pai que tiveram ou o tio fascista (dirá ele).
Qual é o estilo subjacente? O da desresponsabilização, o do "eu é que sou"!
O da desresponsabilização do que hoje acontece nomeadamente quanto aos falhanços económicos e sociais. O da desresponsabilização pela continuada não alteração do nosso tecido industrial comercial e económico. O da desresponsabilização pela não alteração das bases onde deve assentar o desenvolvimento da sociedade.
O da desresponsabilização por tudo o que acontece e lhes desagrada.
E desagrada porquê?
Porque não gostam que lhes apontem factos concretos, independentemente da ideologia. Porque lhes desagrada que se apontem as coisas positivas mas ao mesmo tempo as negativas e vice versa.
Adoptam sempre a retórica ortodoxa que envolvem com roupagens progressistas do politicamente correcto. Entretanto, na realidade, as famílias pioram a sua situação mas eles, estão sempre confortáveis no alto da sua pesporrente superioridade moral e no pecúlio que auferem quer por aulas nas "madrassas", quer nos OCS amigos, quer na mesa do OE.
Para esta gentinha de comportamentos desprezíveis que escreve a história à sua conveniente maneira, não é correcto dizer que Mário Soares e Cavaco Silva para apenas citar dois exemplos, quer como PM quer como PR, fizeram coisas muito positivas e outras muito negativas. Se eu apontar factos positivos dos dois surgirão provavelmente as virgens ofendidas dizendo logo que estou a branquear as bacoradas por que ambos foram responsáveis.
Se eu apontar coisas positivas a Passos Coelho se calhar atiram-me à cara que estou a branquear imensas coisas e situações desse tempo e da sua e do seu governo responsabilidade, situações sobre as quais neste meu blogue claramente em tempo útil manifestei discordância.
Não branqueio, a monarquia, a 1ª República, a ditadura militar, a 2ª República/ Estado Novo, a 3ª República. Não branqueio Afonso Costa, Carmona, Salazar, Tomás, Caetano, Spínola, Costa Gomes, Ramalho Eanes, Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes, Jorge Sampaio, José Sócrates, Passos Coelho, António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa. Não branqueio NINGUÉM.
E sei bem, muito bem, que a 2ª república foi desgraçadamente nociva para o meu país e para muitos dos meus concidadãos (desaparecidos já, muitos ainda vivos), mas também sei que nesse período várias coisas se concretizaram com resultados positivos.
E sei bem, muito bem, que a 3ª República rasgou, felizmente, novos e esperançosos horizontes aos portugueses.
E sei bem, muito bem, as oportunidades perdidas no 2º mandato de Cavaco Silva como PM.
E sei bem, muito bem, as oportunidades vergonhosamente perdidas por António Guterres que, entretanto, resolveu ir tratar da sua vidinha pessoal e preparar a sua carreira internacional. Ser demasiado superior para orientar os portugueses.
E sei bem, muito bem, o que fizeram Durão e Santana Lopes e os outros que se lhes seguiram até ao presente.
E sei bem, muito bem, quem nos últimos 27 anos mais tempo esteve a governar (???) Portugal.
Os resultados estão à vista.
Não escolho terreno de combate para oratória.
Quando olho para a situação económica e industrial do país, querem-me fazer crer que o desabafo recente de Elisa Ferreira (parece que nunca teve nada a ver com isto) ao apontar o atraso de Portugal quase na cauda da Europa, ela quereria apontar as culpas a Salazar? Ou a Caetano? A Mário Soares? A Cavaco Silva?
Quando ocorreram os períodos de maior pujança económica? E quando se desperdiçaram mais as oportunidades que os fundos abriam?
Finais dos anos 80 e todos os anos 90 do século passado, e os deste século, "ring a bell"?
Por exemplo, o estado lamentável da Defesa Nacional e das Forças Armadas, passadas que estão quase 5 décadas sobre o tempo Africano, também é sobretudo por causa de Salazar e Caetano?
E a nossa famosa convergência com a Europa?
Ortodoxos falsamente arrependidos e que têm ajudado a capturar a máquina do Estado, vão mas é dar banho ao cão.
Ainda por cima, vários deles, tiveram comportamentos durante o PREC e até um pouco depois desse horrível período de "se lhes tirar o chapéu". Como sabem mas assobiam para o lado, convencidos que as décadas passadas apagarão esses horrores. Há quem não se esqueça.
Como por outros dito, ter admiração pelo programa espacial da Rússia, isso quer dizer que aprecio o regime, que faz de mim um admirador de Putin e dos seus antecessores?
Não há paciência para aturar esta gentalha.
António Cabral (AC)
Sem comentários:
Enviar um comentário