Ao longo do seu lamentável mandato, em diversas ocasiões o inarrável ex-ministro Cabrita se gabarolou da segurança do nosso país. Ele e o chefe dele.
Por esse mundo fora e também cá dentro, estão sempre a elaborar relatórios demonstrativos da dita segurança por esse mundo fora ou, da falta dela.
Todos temos direito a opinião, e todos temos uma percepção das coisas. Por vezes podemos errar e, falando por mim, quando erro e disso me apercebo ou quando me chamam á atenção, dou a mão à palmatória, sempre.
Sobre segurança registo, dados do Eurostat, da UE, índices globais, coisas da ONU, artigos e opiniões que ao longo dos anos vou lendo sobre esta temática, vasculho muito pela Internet. Tenho até alguma coisa arquivada sobre "discursatas" curiosas (!?) de certas tristemente famosas criaturas na Assembleia da República.
Portugal é um país inseguro? É seguro? Seguro quanto baste?
Não sei, não consigo afirmar com segurança absoluta.
Os governantes dos últimos anos, não apenas mas particularmente desde finais de 2015, tendem a afirmar constantemente que Portugal é um país muito seguro, e estará mesmo muito bem cotado no grupo dos primeiros dez considerados os mais seguros do mundo.
Mas neste âmbito, alguma coisa sei, de vida vivida, minha e dos meus, e dos meus amigos. Mas, antes de prosseguir com este assunto relativamente ao meus país, deixem-me contar uma história verídica passada comigo, nos EUA, no Verão de 1999.
Um ano depois de estar colocado nos EUA em serviço, uma das visitas que tive foi da minha filha mais velha e respectivo marido. Um dia, em NY, eles foram dar aquela conhecida e grande passeata de barco à volta da ilha de Manhattan, sem mim, pois já o tinha feito. Fiquei de os esperar no cais de desembarque á hora marcada para o regresso.
Enquanto fiz tempo com a minha Nikon F 801-S pendurada ao pescoço, sempre dentro da área "Times Square", percorri Km, mas nunca as laterais estreitas das grandes avenidas, apesar de me garantirem que "Times Square" era zona seguríssima, zona a que estavam votados cerca de 10000 polícias.
Se a memória não me falha entrei na 48ª a caminho do cais e a meio, mais coisa menos coisa, ao passar por uma daquelas esquadras típicas que se conhecem do cinema com os carros parados à porta e com alguns polícias cá fora, resolvi parar e dirigir-me a um polícia matulão a quem me identifiquei.
Percebeu quem eu era, porque estava nos EUA, fez-me continência. Deixo aqui pergunta minha e a resposta que obtive:
P - um amigo disse-me que é seguríssimo andar no Metro de NY
R - claro, ….bom,….não vá para o Metro com a máquina fotográfica ao pescoço…….ah, e não comece a tirar notas de 20 dólares da carteira,….bom, confesso que ás vezes quando começa a escurecer surgem desacatos…….mas é muito seguro…...
Voltando a Portugal.
Não vou falar dos comboios da linha de Sintra que nunca frequentei e não frequentarei.
Não vou falar dos comboios da linha Lisboa-Cascais, que não frequento vai talvez para 18 anos, mas que muito frequentei quando décadas atrás andei no Liceu de Oeiras.
Não vou falar dos idosos assaltados nas aldeias despovoadas do interior do país Continental.
Não vou falar dos idosos que vivem nos arrabaldes das grandes áreas metropolitanas e que inocentemente abrem a porta quando lhes tocam à campainha, e depois……..
Não vou falar nos contínuos assaltos a linhas de alta tensão e outras para roubarem cobre.
Não vou falar de roubos por esticão que nunca param.
Não vou falar dos roubos frequentes dentro de grandes centros comerciais ao ponto de por lá andarem vários agentes da PSP como ainda ontem observei em Lisboa num dos maiores.
Não vou falar dos assaltos periódicos a propriedades do interior despovoado, por exemplo Alentejo, Beiras.
Não vou falar dos assaltos a carros para roubarem os elementos dos tubos de escape.
Não vou falar dos assaltos a multibanco e certas lojas.
Não vou falar das facadas á porta de discotecas ou de bares.
Não vou falar dos desacatos constantes, rixas, agressões, ferimentos, nas zonas de Santos e Bairro Alto em Lisboa.
Não vou falar da quantidade de carros (!?!?) que por aí circulam com indícios claros de não serem verificados nem nos IPO nem mesmo quando passam nas barbas das forças de segurança a fumegar e etc., como por mais de uma vez assisti já.
Não vou falar de certas zonas dos concelhos de, Lisboa, Porto, Almada, Seixal, Setúbal, Gondomar, Campo Maior, etc.
Não vou falar dos inúmeros locais do nosso país onde nunca vão agentes das forças de segurança em simples missão rotineira pois, para lá se deslocarem, só com várias carrinhas cheias com aquele pessoal espadaúdo que, antigamente chamavam polícia de choque, hoje, democraticamente, são salvo erro unidades de intervenção, espero não me estar a enganar.
Naturalmente que não se deverá medir a segurança de um país porque violaram uma senhora num jardim, ou roubaram uma mala por esticão, etc. etc.
Naturalmente, a velhinha que ficou sem a mala gostaria que isso não tivesse acontecido, etc. Temos portanto realidades e, depois, questões de percepção. Coisas mais ou menos noticiadas, e reportadas.
Mas teremos também, neste âmbito, muita propaganda? (em muitas outras áreas e temas é um forrobodó de propaganda).
Acredito que sim.
Não estou a sugerir que Portugal não é seguro, ou que é pouco.
Estou apenas a ater-me a certas realidades. Conheço várias.
Começo por uma recente.
Um bandidote, bem ariano, em pleno tribunal foi quase melhor tratado/ considerado que o queixoso. Sancionado com multa de 5 Euros por dia durante 30 dias (150€). Não faço ideia se realmente pagou essa exorbitância. Entretanto deixou de ser visto.
Continuando com coisas pessoais.
Há anos que deixei de fazer:
> descer a pé a Av da Liberdade em Lisboa depois que a noite cai,
> ir a pé a zonas junto da Alfândega no Porto,
> ir pé para fotografar no casco velho de Setúbal,
> os meus netos mais novos não fazem o que a minha filha com 8 anos (há 42 portanto) fazia, ir a pé daqui de casa à Praça da República,
> há anos que não deixo o carro a dormir ao relento, meto-o sempre na garagem,
> ir de carro à Serafina mesmo de dia, local onde em 1975 foi encontrado o meu VW carocha de então, sem as 4 rodas,
> ir a pé ao fim do dia a certas zonas dos arredores de Castelo Branco,
> ir a pé de máquina fotográfica à Mouraria,
> ir a pé a partir do fim da tarde pela Av Almirante Reis de máquina fotográfica em punho,
> ir a pé de máquina fotográfica a Marvila ou Poço do Bispo em Lisboa,
> ir a muitos sítios por essas cidades fora, e vilas, como o fazia até ao início dos anos 90 do século passado.
Portugal é certamente um país seguro, e apenas porque certamente sou tolo, é que deixei de ir a muitos cantos do meu país.
Mal comparado, os tempos presentes fazem-me lembrar o domínio que tínhamos em Angola, Moçambique e Guiné ali por alturas de 1970 e daí em diante.
António Cabral (AC)
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