quinta-feira, 12 de maio de 2022

CULTURA
No passado dia 8 de Maio, Domingo, publiquei o texto em baixo. Foi a  propósito do último evento de natureza cultural acontecido na aldeia. Um Domingo muito preenchido.

PORTUGAL e ESPERANÇA

Alguns dos meus bons e genuínos amigos dizem-me às vezes que sou por vezes um pouco ácido quando escrevo certos desabafos, certos textos. O curioso é que depois, muitas vezes, quando conversamos sobre os assuntos acabam por me dizer - de facto tens razão. E não é por quererem ser simpáticos comigo, nem que eu tenha uma capacidade de argumentação especial.

Reconheço que algumas vezes poderei usar de menor dureza mas a realidade que observo, e continuamente verificar ter tido tantas vezes razão antes de tempo, irrita-me de sobremaneira. Um dos melhores exemplos é o de um dos meus melhores amigos militares com quem eu conversava diariamente (1998-2001, nos EUA, tempos de Guterres) me dizer que Portugal não teria quaisquer problemas por estarmos na UE e termos aderido ao Euro. Eu sempre discordei. Uns anos depois - António tinhas razão.

Outro exemplo, aquilo a que assisto hoje na organização que servi, com dignidade, orgulho e extrema dedicação. E recordo com verdadeira irritação muito do que se passou em determinadas épocas e COM QUEM, e está hoje à vista de todos o resultado.

Vem este arrazoado todo por este Domingo muito bem passado na aldeia e por isso a esperança que evoco.

Depois da habitual bica no café da aldeia e pequena caminhada, um notável momento musical de que falarei em texto separado, das 1100 ás 1200 horas, um excelente almoço e excepcional companhia, o momento de cultura popular/ tradicional a partir das 1400 horas que terminou no castelo cumprindo a lenda. De tudo falarei depois.

A esperança tem a ver com a apresentação do livro "O Amanhecer", cuja autora se chama Lurdes Rodrigues. Uma Senhora de 79 anos de idade, que teve vida dura como milhares e milhares nesta região como em outras partes do país. É Monsantina, tem uma história de vida notável. Todos os textos e os muitos poemas que integram o livro estavam escritos há 20 anos. Quando alguém soube disto, tratou de a começar a incentivar e passou-se muito tempo. Mas o livro aí está, a Astrolábio Edições convenceu-a a publicar. Decisão acertada, feliz.

Evoco a esperança, porque são pequenas coisas, pequenos acontecimentos, são as Lurdes Rodrigues (esta e não uma outra) que me fazem ter esperança no futuro desta tão maltratada sociedade portuguesa. Farei muitas referências a este livro. 

Deixo uma pequena amostra.

Diz o cravo para a rosa
- Eu gosto de ti
Eu também - diz a rosa
Por isso eu estou aqui.

Sabes, diz o cravo
Também já fui um botão
Hoje sou um cravo feito
Que tem alma e coração.

António Cabral (AC)

Tratou-se da apresentação deste livro e da Mulher que o escreveu.
Escrito, e guardado há 20 anos. Textos e poesias arrumados numa gaveta. Textos, poesias, uma história de vida. A história de uma vida, muito dura, como a de centenas e centenas de milhares senão mesmo de milhões de portugueses. E estou a referir-me apenas de 1900 para cá.

Na capa do livro, a autora acompanhada de sua avó. Autora que se vê sentada à mesa, ladeada pelo padre Adelino (à sua esquerda), pelo presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova (à sua direita).
Na parte esquerda da fotografia, de pé, a representante da "Astrolábio" e que incitou a autora a publicar o livro e, sentado, o secretário da Junta de Freguesia da aldeia de Monsanto.

Como sempre acontece, todos falaram. E a autora partilhou pedaços da sua vida, das suas agruras, das suas alegrias, da sua ida à escola onde só quis fazer a então 3ª classe da primária. 
E antes de terminar a sessão, para depois se passar à venda de exemplares do livro e conversa suplementar com a autora e assinaturas e dedicatórias, houve um breve momento cultual/ musical, com o rancho de Monsanto. Monsanto tem um rancho e tem as Adufeiras de Monsanto.
Deixo um cheirinho.


Antonio Cabral 
(AC)

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