Portugal é um pequeno país, com uma faixa no extremo Oeste da Península Ibérica e umas quantas ilhas no Atlântico Norte, agrupadas em duas regiões autónomas.
Portugal tem uma área oceânica imensa sob a sua jurisdição.
Séculos distantes, os portugueses lançaram-se ao mar, sabe-se a história.
Para os desatentos, para os ignorantes, para os das emoções e comoções, para os que preenchem a vida com futebol telenovelas e coisas fracturantes, para os muitos que detestam tudo o que é militar, para todos eles é óbvio que Portugal não necessita ter uma Marinha nem uma Força Aérea. O Atlântico serve-lhes como praia e se algum político entender que o largo oceano sob nossa formal jurisdição tem que ser patrulhado, peçam a alguém para fazer isso por nós, como a Islândia.
E isto também tem a ver com Oceanos.
Segunda - feira 27 de Junho começou uma festa em Portugal, o início da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Oceanos, evento a decorrer em Lisboa e que se encerra a 1 de Julho.
Será que Marcelo dirá que nos Oceanos há um problema antigo e estrutural?
Tal como tem acontecido com todas essas criaturas e muitas mais a que aludo no 2º parágrafo, além de se entreterem como gostam, entendem que o dinheiro cai do céu e que, a economia, a indústria, as finanças, os transportes, a saúde, a cultura, as pescas, a agricultura etc., a construção e reparação naval, entrarão no bom caminho por decreto, por decreto Portugal se desenvolverá, por decreto passaremos para o pelotão da frente dos 27.
Na conferência dos Oceanos a terminar, e como é costume, muitos debates, muitos grupos de trabalho, muitas discussões, muitos discursos, haverá até aqui e ali algum melodrama, serão majestaticamente formuladas muitas promessas e muitos avisos.
Em síntese e como sempre acontece, muitas palavras.
Em síntese e como sempre acontece, muitas palavras.
Mas palavras serão também proferidas por gente série e intelectualmente honesta como considero ser o caso de Tiago Pita e Cunha mas, de muitas bocas sairão aqui e ali as tontices do costume e, designadamente, de gente que se julga muito importante, e que fazem avisos.
Há anos e anos que muitos dizem e agora irão repetir - é preciso passar das palavras aos actos.
Com a realização desta conferência em Lisboa, desde o rei em Belém ao ditador em S.Bento e a outros, ouviremos quase de certeza coisas do género - vêem, isto só mostra quão Portugal está virado para os oceanos.
Haverá até quem venha atrever-se a dizer que Portugal é uma potência marítima!
Haverá encorajamentos a mobilizarem-se mais recursos, mais parcerias, mais ciência, mais inovação, tudo azul.
Entretanto, aguardemos, aguardemos pelas loas que certamente muitos produzirão e, designadamente, as debitadas pelos residentes em Belém e S. Bento.
Haverá encorajamentos a mobilizarem-se mais recursos, mais parcerias, mais ciência, mais inovação, tudo azul.
Entretanto, aguardemos, aguardemos pelas loas que certamente muitos produzirão e, designadamente, as debitadas pelos residentes em Belém e S. Bento.
A este texto, e ainda no âmbito dos Oceanos, irei depois acrescentar outros, menos acres, menos mordazes, e algo retrospectivos. Sim, porque tenho memória e arquivos.
Até porque, como bem diz um bom amigo, Oceanos é assunto sério.
Os sucessivos governos portugueses têm olhado para o assunto com seriedade?
E, já agora, lembrar que a seguir ao 25 de Abril foi o abandono absoluto de tudo o que tinha a ver com mar. Foi só Europa.
Asneira grossa, opinião pessoal, naturalmente.
António Cabral (AC)
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