sábado, 24 de junho de 2023

CRP, a minha Constituição Confere-me mas . . .
Qual a realidade?

A CRP define-me deveres (é infelizmente parca neste aspecto) e muitos direitos. Pessoalmente e como referi em outras ocasiões, por mim está bem quanto aos direitos, mas devia haver uma clara enunciação de deveres dos cidadãos para com o Estado, País, sociedade (por exemplo os cidadãos têm o dever de cuidar o mais possível da sua saúde e segurança).

No plano dos direitos a CRP no seu Artigo 60º tem normativos explicitando que eu tenho direito, à qualidade dos bens e serviços consumidos (boa ou má qualidade?), à protecção da saúde . . . . . e refere que a publicidade é disciplinada por lei (teoricamente será, na prática verifica-se um escândalo diário), sendo proibidas todas as formas de publicidade oculta, indirecta ou dolosa.

Vem isto a propósito do supra sublinhado, da publicidade, e da maçada que os poderes públicos permitem que seja infligida aos cidadãos comuns. Vem isto a propósito designadamente das operadoras de telecomunicações.

Eu vivo em Portugal, e a experiência de vida diz-me que entre, operadoras de telecomunicações, bancos, fornecedores de combustíveis, etc., se aplica sem qualquer margem para dúvidas a frase conhecida sobre as moscas, mas com a particularidade de que, normalmente, nem as moscas mudam.

Vem isto a propósito da tolerância e da possibilidade dada a empresas e instituições diversas pelos sucessivos governos para contactar os cidadãos anunciando o melhor dos mundos na sua área de "competências" e "ofertas generosas de benefícios".

E fazem isto através dos telemóveis e /ou dos telefones fixos com a particularidade de não se darem a conhecer antecipadamente. Usam a malandrice (suponho que legalizada) -  "Sem ID de chamada, desconhecido". É isto que aparece nos visores dos telefones.

Comigo têm azar, eu nunca atendo chamada em que não aparece um número de telefone. Esta cena não é de agora, tem anos, periodicamente os telefones tocam entre 4 a 15 vezes (como na 5ª Feira, 8 para o meu telemóvel, 7 para o telefone fixo), a cena demora 3 a 5 dias e depois pára, voltando um ou dois ou três meses mais tarde.

Mas desta vez irritei-me. Estava a preparar-me para guardar o carro na garagem, depois de jantar, e o telemóvel tocou, um número a começar em 21, para mim desconhecido, e claro que atendi. Era uma fulana, sotaque brasileiro, a querer dar-me conhecimento de inúmeras vantagens e que eu tinha sido selecionado……fui rápido - minha senhora, desculpe interromper, não estou interessado, boa noite vou desligar e desliguei. Nunca poderei provar, mas aposto que foi alguém que não conseguindo contacto por "Sem ID de Chamada" resolveu ceder e usar o processo normal a horas tardias. Era da parte de uma instituição bem conhecida na prestação de apoios/ serviços na área da saúde.

Irritado fiquei como já referi, e esse número foi logo bloqueado no telemóvel. Aliás o meu tlm está cheio de todos os bloqueios tecnicamente possíveis. Mas não é possível bloquear numero desconhecido.

Se irritado estava, não guardei o carro e ao fim destes anos desta maçadora e periódica situação fui cerca das 2145 ao centro comercial, à loja da minha operadora de há décadas (não vale a pena maçar-me burocraticamente a mudar, as moscas são as mesmas) e apresentei queixa - "estou farto destes anos a maçarem-me com - Sem ID de Chamada". A senhora que me atendeu, quase arregalou os olhos, fiquei ciente que muito poucos portugueses já fizeram o mesmo que eu. A funcionária, rápida, com indícios de boa profissional, batalhou no teclado e entregou-se depois o comprovativo da minha reclamação - dentro de dias o senhor será contactado. E eu - muito obrigado minha senhora pelas suas disponibilidade e gentileza, tenha um bom resto de noite, bom regresso a casa.

Vou aguardar, ciente quanto a moscas e varejeiras, e é óbvio que a pouca vergonha dos "Sem ID de Chamada" vai continuar.

AC

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