terça-feira, 22 de agosto de 2023

GNR
A GNR é uma das forças de segurança do país.
GNR e Exército estão ligados, melhor dizendo, estão bem entranhados na nossa história; interessa-me particularmente a época desde o final do século XIX.

Se olharmos à nossa historia e sobretudo ao período 1900-1928, encontramos casos verdadeiramente peculiares (opinião pessoal naturalmente), refiro-me à turbulência política, refiro-me a que os movimentos políticos estavam bem entranhados nas Forças Armadas (FA) (então, Exército e Marinha). 
É da história nacional, bem estudada pelo saudoso Medeiros Ferreira, que alguns partidos de então e nomeadamente o Partido Democrático tinha algum receio do Exército.

Adicionalmente, a GNR que igualmente se imiscuía na política nacional, foi crescendo em poder militar. O período 1917 a 1922 viu um grande crescimento da GNR.

Subsequente ao derrube da monarquia, gradualmente a "força armada" impôs-se no país.

A política nacional dessa época teve imensos sobressaltos, nomeadamente, greves, frequentes incidentes bombistas, atentados políticos, etc.
Adicionalmente, inflação, especulação cambial, carestia de vida, etc.
Nesta situação política complexa, houve inclusive alturas em que foram chamados militares e até um chefe de estado-maior da GNR para formarem gabinete.

O que é certo é que a comparação de peso militar Exército-GNR a par de questões políticas que se vinham registando, levou a que o poder político em 13 de Maio de 1922, finalmente, tenha tido a coragem de suprimir na GNR, por decreto, as tropas de artilharia, as tropas de metralhadoras pesadas e reduziu bastante, ainda, os efectivos das tropas de cavalaria e infantaria. 
Dai em diante, o poder militar do Exército deixou de ter a GNR a fazer-lhe sombra.

Os anos passaram, I República esfumou-se ou auto-destruiu-se (como quiserem), entrou Salazar, depois Marcelo Caetano. 
Nestas décadas as FA, a instituição militar, teve comportamentos diferentes relativamente ao poder político. 

Depois, e caminhamos para 50 anos sobre essa data, as FA mas particularmente os oficiais mais jovens do Exército concretizaram com sucesso uma revolta militar, semente do regime em que felizmente vivemos. 
Territorialmente, Portugal passou a ser um país com uma área Continental e com dois grupos de ilhas no Atlântico Norte, as regiões autónomas dos Açores e Madeira.

Até 1982, a instituição militar teve grande peso político na vida nacional. Com a revisão Constitucional nessa data, começou o regresso aos quartéis, de facto. Ficou clara a democrática subordinação  da instituição militar ao poder político legitimamente eleito. Como deve ser.

A história é longa, desde esse 1982, cheia de peripécias e casos, para poder aqui ser abordada em detalhe.
Direi apenas que, sobretudo em 1991, o poder político começou a olhar para a instituição militar.
E se começou a redução de efectivos, se alguns meios chegaram a partir de 1991 para a Marinha e para a Força Aérea, muita coisa aconteceu que penso criticável, mas uma coisa não ocorreu.

Que coisa foi essa?
Tendo Portugal diminuído brutalmente em área geográfica terrestre, tendo Portugal responsabilidades nacionais e internacionais importantes face às colossais ZEE do Continente e das regiões autónomas, os poderes instituídos não fizeram o que teria feito um país normal/ organizado/ evoluído/ moderno.

Esse país, que Portugal não é, teria definido logo a partir de 1982 se deviam existir FA (eu defendo que sim), e existindo, que dimensão deviam ter, sendo óbvio para qualquer pessoa intelectualmente honesta que num país com as nossas características geográficas e com milhões de portugueses a viver fora do país, a Marinha e a Força Aérea deviam ter um peso específico.

Que fizeram os sucessivos governos, os sucessivos deputados, os sucessivos PR?
Trataram de trabalhar para que as FA do presente sejam a desgraça que está à vista. 

Podia dizer que é confrangedor ouvir, o professor Marcelo, o PM Costa, e outras criaturas como Carreiras, Cravinho, e tantos antecessores, e tantos deputados presidentes da comissão parlamentar de defesa, mas é muito mais que confrangedor, REPUGNA.

Quando o título do texto é GNR, vem tudo isto a propósito de quê?
Lembrei-me disto agora que, parece, finalmente, as principais chefias da GNR vão deixar de ser oficiais do quadro permanente do Exército.

Lembrei-me disto porque tem mãozinha do talentoso (??) Costa.

Lembrei-me disto porque certa tralha política prossegue inabalável na destruição da instituição militar nada a reformando, prossegue nada dizendo sobre que FA o país deve ter e como assegurar a soberania e a autoridade do Estado nas ZEE por exemplo, prossegue com o estrangulamento financeiro, prossegue com corrupção de há anos parecendo espantada e a fazer crer que só agora aconteceu nas ditas "indústrias de defesa(??).

Lembrei-me disto porque tenho bem presente a I República.

Claro que a culpa do caos se deve a Afonso Henriques porque bateu na mãe, ou ao corneteiro nesse tempo porque decepado de mãos não tocou a "fim de saque", e o saque prossegue até hoje. 

Ou a culpa de tudo isto será, de Putin, da pandemia, de Passos Coelho, de Cavaco Silva, de Bento XVI, de Trump, de Xi, dos tufões no golfo do México, da seca, etc.?
António Cabral (AC)

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