1º de Dezembro, corria o ano de 1640: uns quantos, em Lisboa, correram com os espanhóis e seus funcionários e acólitos. Levou anos e anos até que as coisas ficassem definitivas, que a coroa espanhola cedesse finalmente.
Independentes desde aí, de novo.
Foi feriado. Recentemente e, estupidamente acho eu, deixou de ser feriado. Deverá voltar a ser, a breve trecho.
Independência nacional. Soberania.
Mas estas coisas, tão profundas, que têm a ver com a Nação, não se obtêm por decreto.
A sociedade portuguesa, passados que são as descobertas, o império, a entrada para as instituições europeias, devia já ter definido um rumo. E não conceitos estratégicos de páginas e páginas para gaúdio de uns supostos doutores.
Mas não, ora se impõem exames, ora se retiram, ora se tem um acordo ortográfico, ora se salta para outro de muito discutível génese e aplicação, ora se tem paixão pela educação, ora se pede o divórcio, ora se elevam como prioridades máximas nacionais os bichos, o fim das touradas, os homossexuais, ora se enviam agentes da polícia marítima para o estrangeiro certamente por existirem cá em excesso, ora se enviam GNR para o estrangeiro enquanto tropas especiais são impedidas de missões fora, etc.
Declara-se a todo o tempo, o novo tempo. Muda governo, mudam nomes de ministérios, criam-se uns, apagam-se outros, fortunas gastas nisto tudo. Para deleite das chamadas elites, que nunca são elas que pagam isto tudo.
As elites, sempre com a boca cheia de termos caros, mas que pouco ou nada sabem da nossa história.
As elites que deviam saber que o essencial para uma sociedade equilibrada, sadia, estável, moderna, democrática, é ter a noção clara de qual deve ser o rumo para poder coordenar e dirigir todos os recursos do País. Saber quais são esses recursos, e não andarem patetamente a dizer que Portugal é um País cheio de recursos. Nunca os identificam, obviamente.
Andam sempre com a boca cheia do superior interesse nacional mas, o que se vê, é a negociata indecorosa, o roubo, a fuga aos impostos, a corrupção activa e passiva.
As elites que deviam estar todas unidas em questões fundamentais como, a defesa (de que a militar é uma pequena parte), a política externa, a educação, a indústria, o ordenamento do território, o ambiente, a natalidade.
Veja-se o caso da Espanha, que começou a "medrar" depois dos anos 80 do século passado, exactamente quando vários temas da sociedade deixaram de ser jogados partidariamente.
Mas cá não, prossegue a vergonha conhecida, com demagógicas afirmações sobre os traumas das crianças com exames no 4º ano, ou o desejo de ser operada por cirurgião feliz e contente!
O poder nacional, as vulnerabilidades, os riscos e ameaças ao nosso País nos planos, económico, educacional, financeiro, industrial, etc, são coisas irrelevantes para esta gentinha (de todas as cores) que paulatinamente continua a destruir o País.
Na AR decreta-se de qualquer maneira.
Para nada se raciocina antes de decidir, em termos de adequabilidade (atinge os objectivos?), exequibilidade (é possível executar com os meios existentes?), aceitabilidade (custos são aceitáveis face aos objectivos desejados?). PRAFRENTEX, e pronto.
Bancarrotas, a próxima deve começar a ser desenhada a curto prazo, as gerações melhores do mundo, etc.
Ah, e geopolítica, que é coisa que de forma simples se poderá dizer como ciência da vinculação geográfica dos fenómenos políticos, isso não interessa nada (Sócrates dixit). Mas acham que Portugal em termos geopolíticos é um País poderosíssimo e influente.
Enfim, independentes mas pouco.
À minha maneira celebro o 1º de Dezembro.
A fotografia abaixo pretende retratar acontecimentos de 1640. Hoje não se devem resolver as questões desta maneira. Mas, confesso, ás vezes dá cá uma vontade!
AC
saltou da janela...........
Sem comentários:
Enviar um comentário