sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O COSTUME
A fazer fé no que por aí se vê "online" o condutor do carro do Estado atribuído a Mário Soares bateu num carro pequeno de uma jurista da CMLisboa.
Ainda a fazer fé no que se lê, Mário Soares não deu tempo ao condutor para tratar da papelada habitual, como faz o comum cidadão, independentemente do grau de culpabilidade dos intervenientes. A senhora terá ficado um pouco abalada, o que é natural.
Nada disto espanta em Mário Soares, é congénito. É congénita a soberba, a pose de estar acima de todos os outros, a desconsideração para o comum dos mortais, apesar do que, com a boa imprensa, construiu ao longo destes 41 anos de democracia formal. Mas em círculos restritos sabe-se bem da aspereza de Mário Soares.
Lembro que o ex-PR ficou tristemente célebre por enxovalhar um militar da GNR que apenas cumpria o seu dever, dever para que tinha sido escalado.
Lembro também, salvo erro 1981, no Funchal, na piscina do Savoy, Mário Soares comandando as suas tropas ao entrar na piscina. Lembro a subserviência dos funcionários do hotel com as cadeiras e toalhas para todas as senhoras e senhores, lembro o ar discreto de um dos elementos da comitiva PS, destoando da soberba ostentada pelo CHEFE e por quase todos os acólitos.
Basta atentar como se deu a entrada do ex-PR em Belém no seu primeiro dia. Como se deu a passagem de "serviço".
Mas é claro que estas coisas sempre escaparam à dita boa imprensa, e as auras constroem-se com muitas mordomias, com muitos pequenos e grandes favores, com muitos almoços e jantares, com muitos croquetes. Com muitas e boas fugas de informação.
Não será de estranhar que vá ser o actual presidente da CML a encarregar-se directamente do caso, para discretamente implorar ao CHEFE que se reparem as coisas. Para que a sua jurista fique calada, mas ressarcida.
A bem da verdade, Mário Soares não tem o monopólio da soberba, da arrogância, do desprezo pelo comum cidadão. Vê-se isso em todas as cores partidárias, descobre-se isso em todos os sectores da sociedade. Mas Mário Soares, como outros, devia ter dado o exemplo. E não é por estar envelhecido que isto acontece. A espaços, lá se descobrem algumas cenas dos seus muitos capítulos escondidos.
É uma razão acrescida, para se perceber o Portugal doente. Uma pena, uma vergonha, um nojo.
Mas é a triste realidade.
António Cabral (AC)

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