segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A R T E
O meu falecido Pai tinha formação para entender, arte, arquitectura, escultura, pintura, fotografia. Escola António Arroio, e depois Belas Artes.
Um exemplo, dos vários que guardo.
 

Quando algum de nós, em casa, dizia mal de alguma coisa que via,  ele argumentava sempre - "não digas isso, diz só que não tens preparação e formação para entenderes".
Procuro não me esquecer do conselho.
Vem isto a propósito do sururu em Serralves.
Há dias ouvi António Lobo Xavier fornecer encómios elevadíssimos acerca de Ana Pinho. Reparei também no ar irritado de Pacheco Pereira. E registei as palavras do criador de - quem se mete com o PS leva - acerca de Isabel Pires de Lima o que, vindo de quem vem, é coisa sempre de imediatamente desconfiar, SEMPRE.
E tenho reparado em textos pró e contra as pilas e o sadomasoquismo colocado em fotografias na Fundação Serralves.
Pode dizer-se tudo e mais alguma coisa, mas fica-me a sensação de que, entre outras coisas e certamente algumas muito justamente apontadas, temos mais uma vez um caso talvez para disfarçar muito do resto. 
E vou notando os egocentrismos de várias "primas donas", desde autarca a comentadores, a jornalistas, à TSF passando já músicas de escolha do homem no centro da coisa.
Disfarçar o resto: o que é para mim o resto?
Por exemplo, jornais (o estado deles), o preocupante estado dos canais de TV, livrarias que desaparecem, o cinema e teatro em Portugal, as galerias de arte e quem as frequenta, o desaparecimento de salas de espectáculos, a diferença entre Lisboa e Porto de um lado e no outro muitas localidades do restante País.
A fotografia da experiência do meu Pai que acima mostro é sobre o corpo humano. Naturalmente, naquela época (antes de 1940), era o que faltava explicitar por exemplo orgãos genitais. 
Censura? Auto-censura? 
Aquele esboço tinha/ tem alguma coisa de artístico? Não sei. 
Mas gosto.
Uma coisa creio que é indesmentível, é que ao longo dos séculos a arte e muitas outras coisas tiveram a sua época, e foram sendo ou não reféns desses tempos, do passar dos anos.
Os artigos em jornais, e nas TV, anunciando exposições, alertando para isto aquilo, expondo críticas sobre livros e obras diversas, têm muito de modas? Não sei com rigor, mas tenho muitas dúvidas. 
Por exemplo, em fotografia, aquela com o Mário Soares dentro de um carro e um cidadão a apertar-lhe a bochecha, ou a de Salazar morto, ou uma das mais ridículas de Marcelo a trocar de fato de banho, têm alguma coisa de arte? 
De oportunidade e sagacidade do fotógrafo têm de certeza.
E se pensarmos em outros aspectos da nossa vida do dia a dia, nas nossas investidas por áreas da vida procurando enriquecer-nos a mente, tentando melhor compreender a envolvente, dando descanso à lufa-lufa, descansando prazenteiramente dentro do grande auditório do CCB?
E questões de censura?
E questões do financiamento de Serralves, e dos museus nacionais, e das ditas companhias de teatro saltitantes comparando com S.Carlos e com D.Maria II, ou com teatros de revista?
E se reparássemos em quem está instalado e há quanto tempo, por muitos dos sítios com ligação a arte em sentido lato?
E que incentivos e protecção partem da CMLisboa e da CMPorto e com que reais objectivos, que não os aparentes?
Há dinheiro para tudo? E mecenas?
Ou, não havendo, convém subsidiar certas elites e políticos ligados a essas elites?
E, já agora, no meio de tanto sururu em Serralves, que parte é verdade quanto ás tais fotografias, quanto ao mal-estar, quanto à censura, quanto ao - eu não sabia?
Não me comovo com as irritações de Pacheco, com os elogios do trauliteiro ou de Lobo Xavier, e tenho presente que ninguém tem 100% de razão ou de culpa. A começar por mim.
Este sururu a Norte deixa-me muitas interrogações.
Que gostava muito de ver esclarecidas na totalidade, em todos os seus contornos, artísticos, financeiros, de lazer, administrativos, de luta de poderes, de compadrios, de quadros de pessoal.
Mas como estou em Portugal tal não vai acontecer. APOSTO.
AC

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