segunda-feira, 7 de outubro de 2019

NÃO FOI COMO ATÉ AQUI
Depois de sofrer com a revisão do carro e umas horas de caminhadas, umas palavras sobre as eleições.
Regra geral, até não há muito tempo, ficava a sensação aliás mais que a sensação depois de os ouvir a todos, que perante os resultados eleitorais quase ninguém tinha perdido. Quase todos tinham tido a sua vitóriazinha, foi assim mais ou menos até à noite de ontem.
Claramente, vários disseram ontem à noite, preto no branco, que perderam. Registe-se.
Assunção Cristas tratou de despachar a coisa em 60 minutos. 
O tio Jerónimo concedeu a derrota mas mascarou-a com campanhas; aliás há até um líder do PCP que escreveu eloquentemente sobre as mentes dos portugueses! Enfim.
O sr Marinho Pinto mais o seu Pardal ficaram na gaiola.
Rui Rio perdeu e ganhou, ganhou e perdeu. Enfim!

Não sou sociólogo, sou um cidadão comum que se deu ao trabalho de ir em tempo útil vasculhar os programas dos partidos que agora tem entrada na AR, e procuro o rigor, tento, e quando me engano ou faço asneiras dou a mão à palmatória.
Se percebo o que vi já nem sei onde, resultados finais, oficiais, só os teremos a meio de Outubro ou um pouco depois.
Isto dito, e sendo os elementos disponíveis passíveis de arriscar com alguma segurança, registei:

> António Costa ganhou, mas fica-me a sensação que o seu rosto sorridente durante a proclamação não conseguiu esconder 100% a sua irritação por falhar a maioria absoluta. Coisa que o seu amigo do peito Sócrates alcançou em 2005.
> Saberemos a meio de Outubro se votaram mais ou menos pessoas  comparando com dez ou vinte anos atrás; parece-me um elemento muito interessante a avaliar.
> Os cadernos eleitorais continuam uma salganhada; o caderno de encargos da actriz do BE não creio que se preocupe com estas coisas.
> Aliás, muita gente não quer que se mexa nisto, como por exemplo os partidos e os presidentes de câmara; aliás, a questão freguesias, em que algumas são bastante maiores que algumas cidades, é uma daquelas reformas que está atrasada mas assim continuará; comparem a freguesia mais populosa do Continente com a cidade de Portalegre - dará para rir ou chorar.
> A abstenção parece que voltou a subir, mas devia apurar-se isto com rigor tendo em conta cadernos eleitorais, limpeza dos ditos, mais pessoas lá de fora inscritas; e devia tratar-se desta pouca vergonha de envelopes com votos lá de fora não chegarem a Portugal.
> Outro elemento que me parece muito importante ponderar logo que se disponham dos nº oficiais finais, é ver o nº de votantes que os cinco maiores (até agora) partidos perderam; por exemplo o PSD parece ter perdido muito, o BE terá deixado voar cerca de 60 milhares, o PCP  e CDS coitados e o próprio PS vitorioso parece estar num plano inclinado.  
> Um elemento para mim importante é esta pulverização da AR. Pessoalmente, como em tudo na vida, considero que terá aspectos positivos e aspectos nada positivos. De todos os que entram, a postura a linguagem e os propósitos do comentador da CM TV enojam-me.
> Mas isto dito, enoja-me igualmente verificar aparecimentos de posturas de racismo ao contrário.
O Chega é, para mim, execrável. Mas lembro sempre Melo Antunes, ao considerar que o PCP fazia parte integrante da sociedade Portuguesa.
> O Chega tem de ser combatido com ideias.
E as ideias não são necessariamente mais válidas por virem da representante do Livre. 
As ideias do BE, do PCP, do IL, do PSD, do PS, do CDS, PEV, são igualmente válidas, discutíveis todas elas, mas a respeitar, e a combater democraticamente. 
As ideias do Chega têm de ser combatidas democraticamente, arrasadas politicamente, mas democraticamente, na AR. 
E nunca lhes dar trunfos para populismos, coisa que receio muito virá a acontecer.

Uma coisa é para mim clara.
A sociedade portuguesa continua com febre. 
A esquerda continua com a mania da superioridade.
O espectáculo triste e que fala bem pela qualidade das pessoas que o fazem, ficou eloquentemente ilustrado ontem quando, na sala do PS, se referiu a derrota da direita.
Posso ter estado distraído, mas na sala do PSD quando referiram o PS creio que ninguém apupou ou assobiou.
Se calhar isto quer dizer alguma coisa, quanto a postura democrática e cívica, porque quanto a educação estamos conversados há muito.
AC

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