A culinária e o "género".
(Volto a colocar um texto já bem antigo)
Sou dos que me interrogo sobre muitas das coisas fracturantes que por aí colocam como quase os problemas mais importantes na nossa sociedade. Mas é para mim evidente que muitas coisas precisam de ser de facto alteradas. Mas repugnam-me as esganiçadas e os esganiçados.
Quem me começou a ler já deve estar a pensar - "mas então, isto é sobre culinária?"
É mesmo de culinária que desejo falar.
A introdução apenas para dizer que me faz muita impressão continuar a ver/ encontrar tantos homens que nem um ovo estrelado conseguem fazer, nem botão na camisa coser. Mas também existem muitas mulheres que para a cozinha vou ali e já venho......
E passar a ferro? Eu sei, confesso que as camisas são um bom pincel!!
Bem, o que quero partilhar é sobre culinária.
Para começar, que não sou dos mais ajuizados no que respeita a higiene alimentar mas sempre tive algum cuidado comigo. Apanhei uma bebedeira salvo erro perto dos 16 anos, com cálices de vinho do Porto. Fiquei de rastos. Nunca mais fiz tristes figuras por causa do álcool.
Sou um bocado guloso. Por razões familiares/ privadas, a minha mãe pôs-me num fim de semana a cozinhar ervilhas com ovos. Ervilhas que nessa altura não precisavam de panela de pressão (nem havia).
Foi a minha primeira aventura culinária. Não estaria certamente uma maravilha, mas recordo que eu e o meu único e saudoso irmão (mais novo) comemos bem, e nada ficou. Eu tinha quase 16 anos, já lá vão, portanto, muitaaassssss décadas!!
Daí para cá, por razões em parte profissionais e também sobretudo porque sempre ajudei e ajudo a minha mulher, a realidade é que não cozinho muito mal. E depois de reformado tenho aprimorado os meus dotes!!!! É o que dizem os outros, que comem as refeições que preparo. Sendo guloso, quero entrar na recta final deste texto com um doce. Antes, esclareço que tenho vários livros de receitas, alguns dos quais bem antigos, herdados.
Uma das minhas especialidades doceiras (sigo sempre as receitas, e improviso quando é possível mas poucas vezes) é um bolo de laranja, uma das mais simples receitas aqui deixo.
Para o que preciso de 3 ovos inteiros, sumo e raspa de uma laranja, 1 colher de chá de fermento Royal, margarina magra a gosto, e o mesmo para o açúcar e a farinha. O que quero dizer quanto a estes 3 últimos ingredientes, é que têm de ter o mesmo peso. Portanto, o bolo ficará um pouco maior se assim o quisermos. Depende da vontade e da forma.
Derreto a margarina, em lume o mais baixo possível mexendo para não queimar/ fritar, e junto o liquido ao açúcar.
Pessoalmente, uso a batedeira simples de varetas, e tenho uma espátula para ajudar a apanhar a parte de baixo, envolvendo. Vou mexendo sempre, com a batedeira na menor rotação possível, e junto um ovo inteiro de cada vez, mexendo sempre.
Na fase inicial de preparação tenho o fermento bem misturado com a farinha, e o sumo de laranja pronto bem como as raspas da casca. O que costumo fazer é ter sumo a mais e a raspa estar o mais pequenina possível, usando ás vezes a faca de cozinheiro para a triturar mais.
Voltando ao preparado, quando me parece que açúcar margarina e ovos estão bem misturados, começo a deitar a pouco e pouco a farinha. Mexo sempre, e inicio a junção do sumo. É com o sumo que controlo a textura da massa. Pessoalmente, bato tudo muito bem, para ficar com muitas bolhas de ar e deixo a massa menos espessa comparativamente a certos bolos.
No fim misturo a raspa. É raro não aumentar a quantidade de sumo e raspa.
Forno com ele, dentro de uma forma que untei previamente com Becel liquida e depois coberta com farinha.
Tempo de cozedura? Eu limito-se a ver crescer o bolo, a 180º, e observar/ controlar a cor. Assim que está entre o loiro e o castanho claro tiro. E, naturalmente, como p**a velha quer dizer, como cozinheiro velho e batido, só o tiro depois de usar um palito comprido para ir avaliando a cozedura a partir dos 20/ 25 minutos. Gosto dele fofinho. Só desenformo depois de bem arrefecido. Bom apetite.
AC
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