Hum..............
2ª Feira passada, faz hoje 8 dias, foi tempo de brilharete (!?!?) do jornalismo nacional na TVi!!! He....he.....he....hoje, está a dar-me para as graçolas ..............por acaso sem graça quase nenhuma!!!!!
Que questões a ponderar, nesta coisa de "médicos a mais ou a menos"?
Vi na TVi a fraquíssima actriz do BE à conversa com o sr Miguel Sousa Tavares, debitando verdadeiras pérolas.
Uma das bombásticas afirmações da criatura foi - “Portugal tem 19 000 médicos o que quer dizer 1.9 médicos por 100 000 habitantes “
Nem vale a pena olhar às questões matemáticas.
Salvo melhor opinião demagogia pura, como habitualmente. Qual o rigor dos números da actriz Catarina? Onde os foi buscar? Gente desta na política actual. Desgraçado país.
Não sou médico mas, como algumas vezes por aqui referi ao longo dos anos, quando casei e apenas do meu lado tinha dois médicos na família, primos direitos da minha mãe, um primo e uma prima. Ela andou toda a vida por centros de saúde, clínicas pequenas etc, nada de carreira hospitalar e nem consultório quis ter. Está a poucos dias de nonagenária.
Ele, falecido recentemente, fez carreira hospitalar e foi até director de um hospital no centro do país.
Ao casar, além deles, fiquei na família com muitos médicos, homens, a começar no meu sogro. O mais velho de todos, era o avô da minha mulher, falecido em Outubro de 1972 com 84 anos. Depois de reformado foi na aldeia durante anos um autêntico João semana. Um tio, marido da irmã mais velha da minha sogra, formou-se e nunca exerceu, viveu sempre da fortuna.
O irmão da minha sogra foi porventura um dos mais brilhantes como médico, trabalhou com muitos dos melhores em Lisboa.
A esmagadora maioria faleceu, As mais novas, agora, são as jovens médicas filhas do irmão da minha mulher, igualmente médico. Enfermeiras na família tenho duas.
Faço estas referências não para desvendar coisas familiares, menos ainda para maçar os meus estimados leitores e amigos. Faço-o para começar o meu ponto e que é este, sempre foi e creio que será difícil ter uma noção 100% exacta quanto a médicos que exercem, ou não exercem. Os tempos actuais são, obviamente, muito diferentes de 1970. E com alguns médicos na família, com médicos amigos no Porto, vou acompanhando vários aspectos relativos a saúde, ao SNS, aos privados.
Mas nesta coisa de médicos há muitos factores, muitas questões a ter em conta.
Há médicos em falta ou há médicos a mais?
Muitos começam por ir observar as famosas médias europeias.
Deixo isso a quem sabe, sei pouco, mas esse critério tem muito que se lhe diga.
Mas antes de continuar dou ainda mais um ou dois exemplos concretos. Que presumo não serão de desvalorizar.
1º caso - um jovem que se licenciou em medicina na República Checa; dizem-me que continua com problemas de colocação, confesso que me falham alguns detalhes e por isso fico por aqui.
2º caso - médicos dentistas brasileiros a querer exercer em Portugal. De momento desconheço como estão as coisas. Mas recordo esta premente questão, perfeitamente, pois conheço quem na altura tinha muita influência no caso quando ele começou, houve um batalha imensa nesta questão. Porquê? Curriculum? Tirar lugar a portugueses? Adiante.
3º caso - num hospital bem lá para baixo anos atrás abriram duas vagas para cardiologistas. O casal concorreu e ganhou, ninguém mai queria ir para lá. Obviamente que pelo menos um deles só integrou quadro depois de garantir que uma mês por semana viria a Lisboa para manter a "expertise" na colocação de "pacemakers"........
Que questões a ponderar, nesta coisa de "médicos a mais ou a menos"?
> Quadros em todos os hospitais, todos os centros de saúde, etc., quadros de médicos em tudo o que é SNS. Olhe-se por exemplo, entre outros casos, a inoperância do centro de saúde em Mangualde.
> Comparação, hospitais em Trás-os-Montes, Minho, Beiras, Alentejo
> Os licenciados, anualmente, têm todos lugar no SNS ou seja, face aos quadros actuais?
> Como se processam as questões relativas às definições/ vagas para especialidades?
> Quantos médicos estrangeiros legalmente a exercer em Portugal? Por exemplo, até há não muito tempo, um médico espanhol ia uma vez por semana dar consultas à unidade de saúde à aldeia que bem conheço. Quantas situações desta natureza existem ao longo da fronteira com Espanha?
> Qual o rigor dos números da ordem dos médicos?
Por exemplo, o meu cunhado reformou-se do hospital, mas continua a exercer em clínicas etc. A OM tem noção destas coisas em todo o país?
> Quantos médicos estão de facto a exercer? Mas sabem ao certo quantos por especialidade? Quantos estão nos vários hospitais privados?
> A ordem dos médicos sabe se existem casos de médicos que largaram carreira hospitalar e ainda muito abaixo dos 65 andam a exercer em vários lados?
> Quanto se paga a um médico no SNS, quando é apenas um interno, quando está a tirar a especialidade, quando faz bancos, quando é chefe de serviço, quando é intensivista? E comparado com os hospitais privados?
> A ordem dos médicos tem os dados actualizados quanto aos que fazem o que acima refiro, que morreram, que sairam do país? E dos médicos estrangeiros, incluindo casos na raia?
> Pode comparar-se o nosso SNS com o que se passa no Reino Unido, na Alemanha, na Holanda, na Dinamarca?
> E quanto a indicadores? Tanto quanto sei, o nosso indicador de mortalidade infantil continua a colocar-nos muitíssimo bem seja com quem for que nos comparemos.
E os restantes indicadores de saúde?
> Quando se fala de médicos a exercer, o que se deve considerar? Não se deve considerar a formação de cada médico? Voltamos à questão dos quadros e, creio, a questão dos quadros não pode ser encarada quanto a números totais, mas por especialidades. E não há casos inacreditáveis, em muito lado, hospitais sem várias especialidades?
> Será de encarar o desenho de um quadro de médicos, quantos e de que especialidades, da mesma forma quer se olhe para um hospital em Lisboa, em Braga, no Porto, em Castelo Branco, em Beja, ou em Bragança? E a população, estratos sociais e faixas etárias?
> Quando se querem atrair médicos por exemplo para o Algarve acenam com casa, mas não se esquecem do salário, dos problemas familiares, e sobretudo dos apoios para exercer clínica com recurso a modernos meios de diagnóstico?
> os cuidados de saúde dependem apenas de haver x médicos?
> e rotação, complementaridade, substituições?
> E o envelhecimento da população?
> Tal como sairam do país uns quantos enfermeiros, quantos médicos? Alguns regressaram?
> E, basicamente, não há é sobretudo uma péssima distribuição de médicos pelo Continente, para não falar de Açores e Madeira?
> Que equilíbrio entre especialidades?
Solução? Não sei.
Mas não é certamente anunciando hoje, e mesmo assim aldrabando realidades, o que deveria ter sido decidido muito tempo atrás.
Quanto à actriz Catarina, continuara demagógica e inconsequente, está-lhe na massa do sangue e, ainda por cima, coitada, o guru/ padreca não é melhor. Até porque quem sai aos seus "não é de genebra".
António Cabral (AC)
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