sábado, 21 de agosto de 2021

O CADA VEZ MAIS SERÔDIO RESPEITINHO

"UMA VACINA LONGE DEMAIS
Os argumentos que foram e continuam a ser utilizados publicamente acerca das vacinas em geral, e agora muito concretamente acerca da vacinação de jovens e crianças, são argumentos irracionais, emotivos e políticos.
Cada ciência tem a suas leis, as suas regras, o seu modo de fazer as coisas. As decisões decorrentes delas devem seguir as regras da ciência, impondo decisões lógicas e transparentes. Quando se trata de construir uma ponte, por exemplo, os detalhes técnicos não se debatem nos jornais, na televisão ou nas redes sociais. Não ouvimos “especialistas” de economia, ou de matemática, ou de sociologia, a defenderem que o betão do primeiro arco pode ou deve secar uma semana em vez das duas habituais. Não importa a urgência, a necessidade ou a bondade da obra: há normas de procedimento, há regras de segurança, há ciência. Fossem quais fossem as pressões, nenhum engenheiro aceitaria diminuir os prazos correndo o risco de que a ponte caia — eventualmente com carros e pessoas a atravessá-la.
Certamente, poderíamos dizer que a Engenharia é uma ciência bastante exacta — e a Medicina não o é. A Medicina é uma ciência aplicada, com graus de risco e de falibilidade que não são em geral bem compreendidos por quem raciocina sob o prisma das ciências exactas. A Medicina não é uma dessas ciências, mas tem igualmente as suas normas de procedimento, as suas regras de segurança. E não é a aparente urgência de tratamentos, exigidos diariamente pela loucura mediática e pelo pânico geral, que deve permitir ultrapassar as regras. No caso das vacinas em geral, antecipadas mais do que a segurança que sempre foi seguida impunha, e muito particularmente no caso da sua aplicação a crianças e jovens, não é isso que está a acontecer: a ciência médica está a ser ignorada, as regras estão a ser quebradas. Os argumentos que foram e continuam a ser utilizados publicamente acerca das vacinas em geral, e agora muito concretamente acerca da vacinação de jovens e crianças, são argumentos irracionais, emotivos e políticos. Isso é o pior que se poderia desejar para uma ciência que se pretende devotada a curar mas também, e antes de tudo, a não causar danos.
Os apelos recentes do Presidente da República e do responsável da vacinação (ambos excedendo de forma escandalosa e irresponsável as suas competências) são emotivos e políticos — dando de barato que possam ser “bem intencionados”. O vice-almirante, melhor do que ninguém, deveria saber o que pode acontecer quando se ignora a ciência militar e quando, pressionado por razões ou interesses de ordem política, se ordena uma ponte longa demais. A História lembra-nos como isso pode ser meio caminho andado para a tragédia; e, quer essa tragédia aconteça que não, esse tipo de decisão não deixa de ser uma irresponsabilidade. Colocar em risco a vida dos soldados, ou mesmo achar normal a existência de eventuais baixas e de vítimas colaterais, pode ser uma ideia com que as chefias militares convivam tranquilamente. Mas não são aceitáveis. E, convém lembrar, nós não somos soldados; e convém também frisar que recorrer a crianças como soldados não é tolerável.
Pelos mesmos motivos, a posição do Presidente da República nessa matéria é absolutamente escandalosa, parecendo baseada em conhecimentos débeis do assunto, em hipóteses duvidosas, em desvario emocional, ou em possíveis interesses. É pena constatar que ele não é actualmente o defensor dos portugueses, tendo-se progressivamente transformado num risco para os portugueses. E a posição de António Costa, congratulando-se com uma decisão final que ele próprio e as autoridades que ele tutela manobraram de forma palaciana, seria lamentável se não fosse apenas o seu registo habitual, cínico e falso.
Repito, os argumentos usados pelos (ir)responsáveis e pelos especialistas (alguns deles médicos) são emotivos e não-científicos. Deixemos a ciência ser ciência, sem pânicos, emoções ou estados de alma. Ou seja, paremos de fazer o que andamos a fazer há um ano e meio. Vacinar jovens e crianças com a motivação emotiva de que temos de salvar o resto da sociedade é um argumento revoltante. Insistir nessa ideia quando já percebemos que a eficácia das vacinas é muito relativa é uma atitude puramente disparatada. Não podemos usar os nossos filhos como escudo para a pretensa defesa da saúde dos adultos; e justificar a administração de uma vacina insuficientemente testada para o bem da saúde mental dos adolescentes é, em si mesma, uma ideia que remete para o questionar da saúde mental de quem a defende.
Pessoalmente, na covid como em qualquer outra doença, tomarei todas as precauções possíveis e farei todos os tratamentos adequados. Mas há limites, e a segurança dos meus filhos é uma deles. Se eu tiver que morrer por causa desse princípio, morrerei tranquilo; mas não submeterei os meus filhos a experiências terapêuticas e a riscos para me salvar. Sobretudo quando tudo indica que essa “solução” seja mais um fracasso e mais uma mentira a somar às anteriores. Sobretudo quando essas experiências se aproveitam do pânico de uma população desinformada e manipulada. Sobretudo quando essas experiências são exigidas e decididas por especialistas cobardes, por médicos cobardes, por políticos cobardes, por militares cobardes. Sim, porque só pode ser cobardia tentar usar crianças como um escudo humano. Deixem-nas crescer. E cresçam.
"

(os sublinhados são da minha responsabilidade)

Este artigo foi publicado no jornal Público e, depois, eventualmente após algum telefonema de um ou mais dos palácios, foi apagado.
Eu não escreveria este artigo, e não apenas por desconhecimento científico mas, sobretudo, porque alguns dos termos usados (cobardes i.e.) são no meu entender inadequados. Não subscrevo o autor nem as suas palavras. E estou à vontade ao escrever isto, pois considero que perante o que se passa no país as palavras fortes são para ser usadas. Como tenho feito.

Mas há umas questões que relevam disto, no meu entendimento naturalmente.
Parecendo-me que não há questões de cobardia, tenho as maiores dúvidas quanto aos consensos defendidos tanto pelo jornal como por vários dos titulares de órgãos de soberania cujo comportamento e coerência deixam cada vez mais a desejar.

As personalidades da vida pública e nomeadamente os diferentes titulares dos órgãos de soberania devem respeitar os cidadãos comuns e dar-se ao respeito. Sentido de Estado. A vida nacional está cada vez mais recheada de tristes exemplos que negam o que atrás refiro.

Concretamente, e este é o meu ponto essencial, quer os titulares de órgãos de soberania quer órgãos de comunicação social como o jornal Público persistem em tratar os cidadãos comuns como lorpas e patetas e incapazes de raciocinar e ter opinião.
Para muitos dos políticos e muitos órgãos de comunicação social ou seja, grande parte dos jornalistas, conta apenas a verdade deles, as suas opiniões ou os seus juízos. Tudo o que for diferente parece cada vez mais inaceitável para esta gentinha.

Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa nem precisam de seguranças, basta-lhes o que se vai vendo. Para alguma coisa serviram os 15 milhões! Depois admiram-se do surgimento de populismos e extremismos, elementos mais que perniciosos e perigosos para a democracia.

Mas se não concordo com grande parte do artigo censurado pelo Público, por outro lado, tem elementos que fazem voltar a pensar na postura de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa quanto à pressão intolerável que fizeram sobre a DGS. Mas percebe-se tudo, basta ir ver a carreira de certas pessoas, percebe-se bem as sucessivas cedências.

O respeitinho é muito bonitinho, ........mas se as instituições devem ser respeitadas como respeitados devem ser os eleitos / titulares de órgãos de soberania, não respeito ninguém que não se dê ao respeito, que não tenha elevada postura de Estado, e que nas suas posturas decisões não me respeite enquanto cidadão comum. A censura hoje está quase como no passado. A diferença - mas é democrática. 

Atento, venerando e obrigado nunca fui na minha vida, e menos ainda na carreira. E cheguei muito longe da carreira. Pelo caminho, dois,.... não,..... foram três os que me quiseram derrubar e acabar cedo comigo. O terceiro na fase final da carreira. Mas enganou-se julgando que me fazia mal. Não fez contas!

Respeitinho serôdio, quase como antigamente. Deplorável. Tanto mais deplorável quando querem agora esse respeitinho outra vez, mas não têm pejo em dizer e escrever as maiores alarvidades e insultos sobre todos os que não perfilham as suas ideias. Tenham essas pessoas também tido ou não responsabilidades políticas como os actuais que tanto veneram. Uns democratas, ungidos de ética Republicana!

António Cabral (AC)

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