segunda-feira, 2 de maio de 2022

A PROPÓSITO DA GUERRA NA EUROPA

MANIPULAÇÃO MEDIÁTICA. GUERRA DE INFORMAÇÃO.

A guerra na Europa, a guerra iniciada com a agressão militar da Rússia invadindo a Ucrânia, tem contornos vários, consequências diversas, não se sabe como isto acabará, quando acabará, e o que virá a seguir.

Mas existem, convicção minha naturalmente, algumas certezas.

Desde logo, a definição de anjos e puros e virgens ofendidas por parte dos do costume, e o ressurgimento de inflamados militaristas, nacionais (militares, civis, actuais e ex-titulares de órgãos de soberania), e estrangeiros mas, todos, mais ao estilo agarrem-me senão vou-me a ele!

Esta guerra na Europa tem muito que se lhe diga, e tendo sempre presente quem invadiu (Rússia) e quem está invadido, a história não começou em 24 de Fevereiro passado.

Mas o meu foco neste texto é sobre "guerra de informação".

Atrevo-me a dizer, que nesta guerra está claramente em cima da mesa a utilização da "Informação" e do "Conhecimento" (intelligence), com aplicação no conflito, com aplicação nas actividades militares em curso, e não só. Temos já exemplos múltiplos, ocorrências diversas bem demonstrativas.

Nesta guerra que, bem antes de 24 Fevereiro 2022, era de há muito uma guerra surda e na sombra entre os EUA e a Rússia quer neste palco Europeu como em outras áreas, parece-me evidente que a informação tem sido fornecida aos Ucranianos na altura exacta. E creio que bem aplicada.

Antes de prosseguir, e tendo presente a série de criaturas que por aí andam sempre a fiscalizar as mentes e a impingir a verdade única (a deles), estou a borrifar-me para os protectores/ defensores dos ofendidos e das virgens, e mais ainda a borrifar-me para os adeptos da intervenção militar especial (os tais que vão ao dicionário e na definição de intervenção não encontram a palavra guerra).

Estou interessado, como sempre estive, em analisar as coisas do ponto de vista histórico, do ponto de vista técnico dentro do tema que abordo, do ponto de visto de estudioso destas coisas. Quanto aos culpados, deixo isso a outros e ás instituições internacionais que deveriam olhar para o horror que se está a desenrolar por lá. 

Não tenho bola de cristal. Conheço as minhas limitações. Mas por razões profissionais e também por interesse pessoal, alguma coisa sei sobre o assunto. "Poucochinho", como diria o outro! Mas qualquer coisa.

Do lado Russo e do lado Ucraniano há teórica e obviamente comando bem definido. Há certamente de ambas as partes um sistema de informações. 
Do lado Ucraniano, obviamente fornecido pelos EUA. 
De um e outro lado, em apoio táctico e operacional senão mesmo estratégico. 
É minha convicção que, do lado Russo, parece estar a haver muita incompetência. Tal como me fica a sensação da relevante superioridade tecnológica do lado Americano. O que até agora se passou parece indicar isto.

Já agora, e não sabendo o que na realidade se passou e que talvez um dia se saiba, enquanto uns cantam contentes que os Russos tiveram uma derrota estrondosa na zona de Kiev e por isso retiraram, pessoalmente parece-me que se passou tudo um pouco de forma diferente. 

Por mim, o ataque em várias zonas e depois irem logo para a zona de Kiev, creio que com isso os Russos quiseram foi fixar por ali importantes quantidades de tropas Ucranianas, e assim impedir que pudessem logo acorrer ao Leste e ao Sul. 

Mas também me parece, que os Russos não contavam com a resistência que encontraram. E também me parece que estariam muito mal informados. 
A troca constante de generais parece apontar nessa direcção. E sabemos lá quantos em Moscovo não foram "despachados" dado o que que tem acontecido no terreno.

Portanto, para mim, os Russos têm claudicado muito no que a guerra de informação respeita. Quanto à guerra mediática, perderam-na desde o início. 

A meu ver, no que respeita a computadores, informações/ intelligence, comunicações, guerra electrónica, comando e controlo, ciberespaço, geolocalização, os Russos têm demonstrado grande fraqueza. E arrisco isto porque, as operações para alcançar os objectivos específicos que me parecem poder ser os dos Russos estão a correr bastante mal para as cores Putinescas. Posso naturalmente estar enganado.

Interrogo-me, que operações de decepção se terão desenvolvido? Que operações psicológicas estarão no terreno? Que disfunções têm acontecido? Muito disto tudo um dia se saberá, pelo menos em parte.

Parece-me evidente que do lado Ocidental e com consequente vantagem para os Ucranianos, a manipulação da informação tem sido brilhante. 

De algumas coisas estou convicto. 
Esta guerra está com ingredientes que me causam crescente apreensão. 
Depois das declarações de há dias, bem explícitas, por parte do secretário da defesa Americano (equivalente a ministro da defesa nos países Europeus), confirma-se em mim a noção que já tinha de que, a política mundial é uma política de poder e de interesses, e a última forma de poder é o poder militar.

Sendo a prudência a virtude suprema da acção política, parece-me evidente que o execrável Putin e os seus conselheiros não tiveram isto em conta. Mas preocupa-me também se do lado Americano lêem Morgenthau e outros. Parece-me que não. Aguardemos.
António Cabral (AC)

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